27/01/2009

Indígenas da Amazônia exigem mais respeito nas fronteiras

Lideranças pretendem se reunir com os presidentes de cinco países durante o Fórum Social Mundial, em Belém (PA)

AGÊNCIA AMAZÔNIA*

BELÉM, PA — Indígenas presentes no Fórum Social Mundial devem se reunir ainda estava com os presidentes do Brasil, Venezuela, Bolívia, Equador e Paraguai. Durante o encontro, ainda sem data marcada, as lideranças vão pedir aos dirigentes dos cinco países que proíbam a entrega das terras indígenas às mineradoras e às petrolíferas. Cinco lideranças já foram escolhidas para o encontro com os presidentes, informa o líder indígena peruano Wilwer Zilca, representante da Coordenação Andina de Organizações Indígenas (Caoi).

Barco da Polícia Civil ancorado no Rio Guamar, próximo ao cais da UFPA, um dos locais do Fórum Social Mundial /FÁBIO RODRIGUES POZZEBOM-ABr Segundo a organização do fórum, ainda não está previsto um encontro dos representantes dos movimentos sociais com todos os presidentes. Até o momento, existe apenas uma reunião agendada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 29, às 19h.

Os indígenas já indicaram como representante Blanca Chancosa, coordenadora da Escola de Mulheres Dolores Cacuondo. De acordo com Wilwer Zilca, os índios pedirão respeito aos presidentes. “Queremos nos reunir para dizer que os presidentes não podem continuar entregando nossas terras para mineradoras e petroleiras e nossos bosques para o cultivo de agrocombustíveis. Quando os Estados retiram nossas terras, somos obrigados a nos colocar contra [eles] e, quando nos defendemos, os Estados começam a nos criminalizar, nos chamar de terroristas. Não vamos aceitar isso”, disse Wilwer.

Cerca de mil indígenas — do Brasil e de países da Pan-Amazônica — estão em Belém para participar do Fórum Social Mundial, que começa na terça-feira (27). Eles estão alojados em cinco escolas da Universidade Federal Rural do Pará. No primeiro dia do fórum, eles vão fazer um ato no campo de futebol da universidade no qual pretendem formar uma “faixa humana” com a inscrição “Salve a Amazônia”.

De acordo com a líder indígena ticuna do Alto Solimões, Josiane Otaviano Guilherme, a manifestação tem a finalidade de chamar a atenção do mundo para o direito indígena, principalmente sobre o direito a terra, como forma de preservação da Amazônia. “Nós somos os verdadeiros guardiões da Amazônia e precisamos ser respeitados”, considerou.

Do Brasil, são esperados no encontro, cerca de três mil indígenas e das comunidades internacionais, devem participar cerca de 270 lideranças.

* AGÊNCIA AMAZÔNIA, 25/01/2009, com informações dos repórteres Juliana Cézar e Lourival Macedo, da Rádio Nacional Amazônia.

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