Assessor dos povos índigenas homenageia governador Binho Marques (Foto: Sérgio Vale)
Governador foi presenteado com vestimentas indígenas do povo Ashaninka
por Samuel Bryan, Agência de Notícias do Acre, 21/12/2010
O Assessor dos Povos Indígenas Francisco Pianko, prestou uma homenagem especial ao governador Binho Marques na noite de segunda-feira (20), no gabinete do governo. No encontro, Francisco Pianko passou para as mãos do governador um traje indígena do povo Ashaninka, um cocar, um lenço e um livro sobre as tradições indígenas.
O traje passado para as mãos do governador Binho Marques foi o mesmo com que Pianko passou todo o governo. “É como se você carregasse todo o povo Ashaninka junto com você”, explica Pianko sobre a simbologia do traje, que é feito de algodão plantado na própria aldeia Ashaninka, com os fios produzidos pelas mulheres e que demora em média dois anos para ser confeccionado.
O Assessor também aproveitou para agradecer o projeto do governo para as políticas indígenas. Emocionado, Pianko afirmou que “nós vivemos uma grande mudança na política indígena num projeto que suas bases foram as comunidades”.
O governador ficou muito feliz com o gesto, “é um grande presente de final de governo”. Binho agradeceu Pianko pelo trabalho realizado, relembrando como as políticas indígenas deram um importante passo a partir do governo Jorge Viana e dando continuidade a esse projeto.
“Eu tenho certeza que daqui 10, 15 anos, nós vamos encontrar um Acre muito melhor, mas muitas dessas mudanças fomos nós que implantamos agora”, comentou o governador.
23/12/2010
18/12/2010
Vida e Morte na Amazônia Indígena: as Invasões Madeireiras e os Povos Ashaninka
TJAC e ESMAC promovem palestra sobre invasões madeireiras e os povos Ashaninka
Portal Amazônia, 16/12/2010
RIO BRANCO - O presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Acre (TJAC), desembargador Pedro Ranzi, e a diretora da Escola Superior da Magistratura do Acre (Esmac), desembargadora Eva Evangelista, receberão a comunidade forense para a palestra de apresentação e lançamento da obra “Vida e Morte na Amazônia Indígena: as Invasões Madeireiras e os Povos Ashaninka”, de autoria do Procurador da República Marcus Vinicius Aguiar Macedo, nesta quinta-feira (16).
O evento encerra a programação de atividades da ESMAC em 2010. Aberto ao público, ele acontecerá às 18 horas, no plenário do Palácio da Justiça, Centro Cultural do Tribunal de Justiça do Acre, em Rio Branco.
A obra a ser lançada é fruto da dissertação de mestrado defendida pelo procurador no ano de 2008, e consiste em uma pesquisa teórica e legislativa, além de estudo de caso dos povos Ashaninka, da Reserva Indígena do Rio Amônia, no município de Marechal Thaumaturgo (AC), na fronteira entre Brasil e Peru.
O estudo busca identificar uma solução no âmbito das relações internacionais para a devastação ambiental da Amazônia em zonas de fronteira, causada pelo desmatamento ilegal praticado por madeireiros peruanos em reservas indígenas, com prejuízos ao acervo cultural de suas comunidades.
A análise também aborda a questão sob a perspectiva de que o problema corresponde a uma agressão à soberania nacional, por se tratar de invasão de terras brasileiras por estrangeiros.
Ao examinar os conflitos sociais advindos dessa problemática, o autor discorre sobre o meio ambiente amazônico, sua riqueza natural, as diversas fases de ocupação e exploração econômica dessa porção geográfica, a tutela penal da floresta, a atuação do Ministério Público Brasileiro na defesa do meio amazônico, os povos e terras indígenas na região, e o histórico da política indigenista no Brasil.
O palestrante e autor
Marcus Vinicius é Mestre em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina e professor titular do Departamento de Direito da Universidade Federal do Acre. É membro do Ministério Público Federal desde 1996. Iniciou sua carreira profissional no Rio Grande do Sul, junto à cidade de Uruguaiana, tendo também trabalhado por breves períodos em outras unidades ministeriais da Região Sul e depois no Estado de Roraima, antes de vir para o Acre, onde trabalhou de 1999 até 2009.
Durante o tempo em que permaneceu no Estado, exerceu a função de Procurador-Chefe do MPF-AC, também desempenhando a função de Procurador Regional Eleitoral junto ao TRE Acreano. Desde o início de 2009, com a sua promoção ao segundo degrau da carreira ministerial, atua perante o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre (RS), como Procurador Regional da República.
Portal Amazônia, 16/12/2010
RIO BRANCO - O presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Acre (TJAC), desembargador Pedro Ranzi, e a diretora da Escola Superior da Magistratura do Acre (Esmac), desembargadora Eva Evangelista, receberão a comunidade forense para a palestra de apresentação e lançamento da obra “Vida e Morte na Amazônia Indígena: as Invasões Madeireiras e os Povos Ashaninka”, de autoria do Procurador da República Marcus Vinicius Aguiar Macedo, nesta quinta-feira (16).
O evento encerra a programação de atividades da ESMAC em 2010. Aberto ao público, ele acontecerá às 18 horas, no plenário do Palácio da Justiça, Centro Cultural do Tribunal de Justiça do Acre, em Rio Branco.
A obra a ser lançada é fruto da dissertação de mestrado defendida pelo procurador no ano de 2008, e consiste em uma pesquisa teórica e legislativa, além de estudo de caso dos povos Ashaninka, da Reserva Indígena do Rio Amônia, no município de Marechal Thaumaturgo (AC), na fronteira entre Brasil e Peru.
O estudo busca identificar uma solução no âmbito das relações internacionais para a devastação ambiental da Amazônia em zonas de fronteira, causada pelo desmatamento ilegal praticado por madeireiros peruanos em reservas indígenas, com prejuízos ao acervo cultural de suas comunidades.
A análise também aborda a questão sob a perspectiva de que o problema corresponde a uma agressão à soberania nacional, por se tratar de invasão de terras brasileiras por estrangeiros.
Ao examinar os conflitos sociais advindos dessa problemática, o autor discorre sobre o meio ambiente amazônico, sua riqueza natural, as diversas fases de ocupação e exploração econômica dessa porção geográfica, a tutela penal da floresta, a atuação do Ministério Público Brasileiro na defesa do meio amazônico, os povos e terras indígenas na região, e o histórico da política indigenista no Brasil.
O palestrante e autor
Marcus Vinicius é Mestre em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina e professor titular do Departamento de Direito da Universidade Federal do Acre. É membro do Ministério Público Federal desde 1996. Iniciou sua carreira profissional no Rio Grande do Sul, junto à cidade de Uruguaiana, tendo também trabalhado por breves períodos em outras unidades ministeriais da Região Sul e depois no Estado de Roraima, antes de vir para o Acre, onde trabalhou de 1999 até 2009.
Durante o tempo em que permaneceu no Estado, exerceu a função de Procurador-Chefe do MPF-AC, também desempenhando a função de Procurador Regional Eleitoral junto ao TRE Acreano. Desde o início de 2009, com a sua promoção ao segundo degrau da carreira ministerial, atua perante o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre (RS), como Procurador Regional da República.
12/12/2010
Encontro entre Populações Indígenas e Tradicionais do Alto Juruá, fronteira Brasil-Peru
III Intercâmbio entre Populações Indígenas e Tradicionais do Alto Juruá e I Encuentro Binacional Entre Las Organizaciones Indigenas Fronterizas Del Péru Y Brasil
Centro Yorenka Ãtame, 23 a 25 de novembro de 2010
Organizado pela Associação Ashaninka do Rio Amônia – APIWTXA em parceria com a Asociacion de Comunidades Nativas para el Desarollo Integral Yono Sharakoiay – Yurua (ACONADIYSH), o evento teve como tema “Iniciativas de Desenvolvimento Comunitário aliadas a Valorização Cultural e Gestáo Ambiental”. Estavam presentes representantes de organizações e comunidades indígenas dos dois lados da fronteira Acre-Ucayali e pertencentes a bacia do rio Juruá/Yuruá. As comunidades tradicionais localizadas no lado brasileiro da fronteira foram representadas pela Associação dos Seringueiros e Agricultores da Reserva Extrativista do Alto Juruá (ASAREAJ) e membros da Comunidade Agroextrativista Triunfo. Estiveram representados também oito povos indígenas, a saber: Ashaninka, Arara (Shawãdawa), Amahuaca, Jaminawá, Kuntanawa, Nukini, Sharanawa e Shipibo.
Foto: acervo da Associação Ashaninka Apiwtxa
O objetivo do encontro/intercâmbio foi discutir experiências comunitárias e políticas públicas de conservação e uso da (agro)biodiversidade articuladas a valorização dos patrimônios culturais desenvolvidas no Alto Juruá. Essa proposta foi apresentada pela Associação APIWTXA ,que desde 2005 desenvolve ações que denunciam a exploração ilegal de madeira na faixa de fronteira Acre-Ucayali, sensibilizando as comunidades indígenas e tradicionais fronteiriças para os impactos dessa atividade econômica sobre a floresta e as populações que nela habitam.
Foto: acervo da Associação Ashaninka Apiwtxa Lideranças da Apiwtxa: Valdeci Ashaninka, Francisco Pinhanta, Benki Piyãko e Isaac Pinhanta
Para a APIWTXA, esta é a terceira edição de intercâmbios que promove com as comunidades indígenas no territorio peruano abordando temas que relacionam-se com esse contexto. O primeiro intercâmbio foi realizado na aldeia ashaninka Apiwtxa em 2005 (Brasil) e o segundo na aldeia ashaninka Sawawo em 2008 (Peru). Ambos realizaram-se no âmbito do Grupo de Trabalho para Proteção Transfronteiriça da Serra do Divisor e Alto Juruá – Brasil/Peru (GTT).
Foto: acervo da Associação Ashaninka Apiwtxa (dir. para esq.) presidente da ACONADIYSH, prefeito de Yurua, Benki Piyãko, vice-prefeito de Marechal Thaumaturgo e Antônio Piyãko, cacique da Aldeia Apiwtxa
Para a realização deste intercâmbio foi decisiva a iniciativa das organizações ACONADIYSH e ORAU (Organización Regional AIDESEP Ucayali) que mobilizaram lideranças indígenas de sete comunidades localizadas no Alto Juruá em território peruano e as trouxeram para o evento, denominado por essas organizações de “I Encuentro Binacional Entre Las Organizações Indígenas Fronterizas Del Péru y Brasil”. O primeiro de uma série de encontros que essas organizações desejam realizar para a promoção do diálogo e a cooperação transfronteiriça voltadas ao desenvolvimento comunitário em bases econômicas, sociais e ambientalmente sustentáveis e, monitoramento e intervenção em políticas públicas binacionais projetadas para essa região fronteiriça.
Foto: acervo da Associação Ashaninka Apiwtxa Apresentação da ASAREAJ
Esse intercâmbio faz parte também de um projeto realizado pela Associação APIWTXA em parceria com a Associação de Cultura e Meio Ambiente – ACMA (organização socioambientalista localizada no Rio de Janeiro/Brasil) e financiado pelo Ministério da Cultura.
Foto: acervo da Associação Ashaninka Apiwtxa Apresentação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Turismo de Marechal Thaumaturgo
A seguir são apresentados os encaminhamentos resultantes do intercâmbio/encontro.
Considerando a legislação indigenista e ambiental aplicada no Brasil e Peru, suas especificidades e a Convenção 169 da Organização Mundial do Trabalho (OIT) sobre Povos Indígenas e Tribais, ratificada por ambos os países recomenda-se:
1. Promover a integração entre povos indígenas e tradicionais da fronteira Acre/Brasil – Ucayali/Peru para a obtenção de um desenvolvimento econômico, social, cultural e ambiental sustentável concordante com a visão destas populações;
2. Garantir a participação dos povos indígenas e tradicionais do Alto Juruá e suas aspirações dentro das propostas de integração binacional Brasil-Peru e regionais Acre-Ucayali;
3. Solicitar as autoridades locais e governos, informações e assessoria para promoção de intercâmbio comercial e cultural dos povos indígenas e tradicionais do Alto Juruá na fronteira Brasil-Peru;
4. Gerar projetos produtivos e extrativistas sustentáveis como avicultura, piscicultura, criação e manejo de animais silvestres, artesanato, turismo ecológico, reflorestamento etc;
5. Propor esses projetos para os governos regionais de Acre e Ucayali e as municipalidades de Marechal Thaumaturgo e Yurua, assim como outras instituições cooperantes para obtenção de apoio técnico e financeiro;
6. Organizar oficinas de capacitação e intercâmbios em diferentes temas de interesse comum para os povos indígenas e tradicionais da fronteira Acre/Brasil – Ucayali/Peru;
7. Convidar os representantes das comunidades indígenas e tradicionais, suas organizações e parceiros para participar de eventos promovidos pela Associação APIWTXA e ACONADIYSH, para discussão de assuntos de interesse comum como: desenvolvimento sustentável fronteiriço, ações culturais, ambientais etc.
Assinam:
Organizações de representação de populações indígenas e tradicionais (Brasil/Peru):
Associação Ashaninka do Rio Amônia – APIWTXA
Asociacion de Comunidades Nativas para el Desarollo Integral Yono Sharakoiay – Yurua (ACONADIYSH)
Organización Regional AIDESEP Ucayali (ORAU)
Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (OPIRJ)
Associação dos Seringueiros e Agricultores da Reserva Extrativista do Alto Juruá (ASAREAJ)
Comunidades indígenas e tradicionais (Brasil):
Comunidade Agroextrativista Triunfo
Comunidade Arara do Rio Amônia
Comunidades Arara do Rio Bagé
Comunidade Kuntanawa Sete Estrelas
Comunidades Ashaninka do Rio Breu
Comunidades indígenas (Peru):
Comunidade El Dorado
Comunidade San Pablo
Comunidade Nueva Victoria
Comunidade Beu
Comunidade Dulce Gloria
Instituições Públicas Convidadas/Observadores:
Governo do Estado do Acre (Assessoria Especial dos Povos Indígenas)
Prefeitura Municipal de Marechal Thaumaturgo (Secretaria de Meio Ambiente e Turismo, Agricultura e Planejamento)
Municipalidad Distrital de Yuruá
Universidade de Brasília (Departamento de Antropologia)
Assessoria Técnica
APIWTXA, Centro Yorenka Ãtame
Marechal Thaumaturgo, Acre, Brasil, 25 de novembro de 2010
25/11/2010
A reinvenção do saber
por Vinícius Carvalho, Revista Estado Ecológico, 24/11/2010
Aldeia Apiwtxa, braço da etnia Ashaninka, promove articulação inédita entre saberes ancestrais e científicos no Alto Juruá, zona de fronteira entre o Acre e o Peru
Com uma população de mais de 86 mil indivíduos, os Ashaninka formam um dos principais povos indígenas da Bacia Amazônica. Seu território estende-se dos Andes centrais peruanos à Bacia do Alto Juruá, no Acre, onde o arco de fronteira separa a etnia em dois países. Do lado brasileiro, vivem 1.300 pessoas. Quase metade habita a Terra Indígena (TI) Kampa do Rio Amônia, prestes a abrigar o primeiro Centro de Cultura da Floresta do Brasil.
A parceria, firmada com o Ministério da Cultura (MinC) e a Associação de Cultura e Meio Ambiente (ACMA), beneficiará mais de seis mil habitantes, de 16 povoados da etnia Ashaninka na região - parte no Brasil, parte no Peru - e outras nove mil que vivem na reserva extrativista da Bacia do Alto Juruá. Em vez da usual tutela governamental, que coloca técnicos e demais gestores no comando dos projetos dirigidos aos povos indígenas, dessa vez os próprios Ashaninka ficarão responsáveis pela administração do centro.
A meta é construir um espaço multiuso, com auditório, estúdio de gravação musical e sonorização, camarim e teatro de arena. Orçada em R$ 4,7 milhões, a infraestrutura será implantada ao longo de três anos. A escolha pela etnia não foi à toa. Referência internacional na integração entre saberes ancestrais e científicos, os Ashaninka vão instalar os equipamentos no Centro Yorenka Ãtame, inaugurado há três anos pela família Ashaninka Pyanko para promover a união de índios e brancos em favor da floresta em pé.
Na área de 86 hectares completamente devastados pelo gado, adquirida com o apoio de ONGs, na sede do município de Marechal Taumaturgo, os índios plantaram mais de 80 mil mudas, de 146 espécies de árvores, entre frutíferas e madeiras de leis. O suficiente para assegurar, por ano, mais de 50 toneladas de alimento.
"Vimos que precisávamos exportar esse recado para fora, para extrativistas e ribeirinhos também compreenderem que, no nosso entorno, é possível viver com a floresta em pé", lembra o xamã e líder Ashaninka Benki Pianko. Vencedor do Prêmio Nacional de Direitos Humanos, ele carrega a marca de dois mundos. Da união entre o pai, Ashaninka, e a, mãe seringueira, diz ter aprendido a cultivar a inovação com respeito às tradições de seu povo.
ESPÉCIES PERDIDAS
Além de trazer de volta à aldeia espécies perdidas de amendoim, milho e batata, ele e os irmãos também recuperaram pelo manejo a canabrava, espécie de árvore usada pelos ancestrais Ashaninka para a produção de flechas. Essas e outras ações constam do Plano de Gestão Territorial da aldeia, publicado pelos indígenas em Aruak e português. "Podemos ajudar a desenvolver um novo olhar sobre o mundo, começando pelo respeito e o conhecimento das diferentes formas de saber. É isso que queremos", diz Benki.
"É a primeira vez que vejo uma comunidade sistematizar e dispor conhecimentos dessa maneira para os não-índios", afirma João Fortes, diretor da ACMA e um dos gerentes do projeto.
Parte desses conhecimentos, explica, já chegou a 17 comunidades de agricultores, ribeirinhos e extrativistas que habitam o entorno da terra indígena. Entre elas está a Vila Restauração, comunidade de mil pessoas que trocou o gado por um sistema agroflorestal implantado com o apoio dos Ashaninka, que também transferem tecnologias simples e de baixo custo nas áreas de coleta de sementes, organização comunitária, manejo de fauna e produção de mel. "Vimos que o desmatamento ia acabar chegando de um jeito ou de outro, se não fizéssemos nada. Então, nos adiantamos para não ter de brigar", brinca Benki.
O modelo de gestão do centro, sob comando indígena, está longe de ser trivial. Em 1995, uma pesquisa do Instituto Socioambiental revelou a existência de 109 organizações em defesa dos direitos indígenas no país, número que saltou para 318 em 2001. A expansão prosseguiu até 2009, quando foram identificadas 486 entidades do tipo. O quadro, segundo a historiadora Poliene Soares, revela três novas frentes de atuação do movimento indígena brasileiro: a formação de lideranças próprias, a articulação entre os povos e a repactuação de parcerias com ONGs e o Estado.
"As lideranças indígenas estão dispensando porta-vozes e falando por si mesmas. É uma inflexão na política", diz. Essa novidade é particularmente relevante na área da cultura. É que até 2003 não havia nenhum tipo de articulação do Ministério da Cultura com os povos indígenas, responsáveis por uma das maiores diversidades étnicas e linguísticas do mundo. São 215 sociedades indígenas conhecidas, além de 180 línguas pertencentes a mais de 30 famílias linguísticas diferentes.
"A diversidade cultural é nosso maior patrimônio, e o índio não é só uma questão da Funai. É do Brasil e deve envolver também todos os outros ministérios, com respeito a sua autodeterminação", defende o ministro da Cultura, Juca Ferreira. De olho nisso, o MinC aposta também na implantação de 150 Pontos de Cultura Indígenas até o fim deste ano. Articulados pelo ministério, esses espaços são entidades já constituídas, que desenvolvem atividades socioculturais em suas comunidades.
Selecionados por edital, cada um recebe R$ 185 mil, em cinco parcelas semestrais. Parte do recurso é destinada à aquisição de equipamento multimídia, composto por microcomputador, miniestúdio para gravar CD, câmera digital e ilha de edição. Até o mês de abril, havia mais de 2,5 mil pontos de cultura em 1.122 cidades brasileiras. "Cada povo tem seu conhecimento, sua ciência. Sabemos valorizar o que é do outro e nunca vamos deixar de ser Ashaninka por isso. Nossa raiz é milenar", afirma Benki, em referência ao uso da internet na aldeia, alimentada, via satélite, por placas solares.
HISTÓRIA DE LUTA
O protagonismo Ashaninka tomou corpo a partir da década de 1980, quando a região passou a ser sistematicamente devastada. "As invasões motivaram a comunidade a lutar pela garantia do território e a buscar alternativas de baixo impacto ambiental para a economia da região", lembra Benki. Até então, diz, os Ashaninka e os posseiros brancos atuavam na base do sistema madeireiro, abrindo estradas e cortando árvores em toras, que eram roladas até os igarapés durante a estação seca.
"Havia muita coisa devastada que a gente precisava recuperar. Já naquela época, começamos a discutir o manejo de tracajá, a suspensão de caçadas com cachorro e o plantio de madeira nas fazendas deixadas por famílias que criavam gado e que saíram após a demarcação da nossa terra", explica.
Não que os problemas estejam resolvidos, diz Benki. Longe disso, a Comissão Pró-Índio do Acre tem alertado que traficantes peruanos e brasileiros, em grupos fortemente armados, têm usado diferentes trechos do Parque Nacional da Serra do Divisor, da Reserva Extrativista do Alto Juruá e das Terras Indígenas da região, como rota do tráfico, ameaçando famílias e aliciando jovens.
Os indígenas também reclamam da atividade madeireira realizada por empresas peruanas, sob regime de concessão. Basta ver o exemplo de empresas que fazem manejo florestal em territórios de seis comunidades nativas Ashaninka, Jaminawa e Amahuaca. A ampliação da extração de madeira, alerta o grupo, tem ocorrido também nas Reservas Territoriais Murunahua e Mashco-Piro e no Parque Nacional Alto Purus, territórios de habitação de índios isolados Murunahua e Chitonaua, resultando em restrições territoriais, contatos forçados e trabalho escravo. "Nossos irmãos peruanos estão enfrentando as mesmas condições que vivemos aqui nas décadas de 1970 e 80. Estamos muito preocupados", diz.
A preocupação se estende também à exploração de petróleo na selva peruana. Em maio deste ano, o governo daquele país anunciou a abertura de processos de licitação para a exploração do óleo em mais 10 milhões de hectares em campos na Amazônia, incluindo terras Ashaninka. Um mês depois, um barco já havia derramado 63 mil litros de óleo na Amazônia peruana.
Com a repercussão do fato, empresas de exploração de petróleo e gás foram proibidas de operar numa reserva de índios isolados da Amazônia peruana. A maior parte da área da reserva foi liberada para a exploração da Petrobras. Aproveitando a legislação peruana, a empresa brasileira tornou-se, em dezembro de 2005, concessionária de uma área de 1,4 milhão de hectares de floresta nativa, por um período de 40 anos.
O lote é sobreposto à Reserva Territorial Murunahua e a territórios de comunidades Ashaninka, Jaminawa e Amahuaca, já titulados ou reivindicados no Peru. A leste, a área estaria sobreposta à zona de amortecimento da Reserva Territorial Mashco-Piro, criada em 1997 para proteger grupos isolados Mashco-Piro. Um deles habita a tribo Murunahua. Quando foram contatados pela primeira vez, em meados da década de 1990, nada menos que 50% de sua população morreu.
Saiba mais:
A área de ocupação dos Ashaninka estende-se desde a região do Alto Juruá, em terras brasileiras, até as vertentes da cordilheira andina, no Peru. Abrange parte das bacias dos rios Urubamba, Ene, Tambo, Alto Perene, Pachitea, Pichis, Alto Ucayali, e as regiões de Montaña e do Gran Pajonal. A maior parte dos Ashaninka - cerca de 80 mil pessoas - vive no Peru. Aqui, cerca de 1.300 Ashaninkas vivem em Terras Indígenas distintas e descontínuas, todas situadas na região do Alto Juruá.
Aldeia Apiwtxa, braço da etnia Ashaninka, promove articulação inédita entre saberes ancestrais e científicos no Alto Juruá, zona de fronteira entre o Acre e o Peru
Com uma população de mais de 86 mil indivíduos, os Ashaninka formam um dos principais povos indígenas da Bacia Amazônica. Seu território estende-se dos Andes centrais peruanos à Bacia do Alto Juruá, no Acre, onde o arco de fronteira separa a etnia em dois países. Do lado brasileiro, vivem 1.300 pessoas. Quase metade habita a Terra Indígena (TI) Kampa do Rio Amônia, prestes a abrigar o primeiro Centro de Cultura da Floresta do Brasil.
A parceria, firmada com o Ministério da Cultura (MinC) e a Associação de Cultura e Meio Ambiente (ACMA), beneficiará mais de seis mil habitantes, de 16 povoados da etnia Ashaninka na região - parte no Brasil, parte no Peru - e outras nove mil que vivem na reserva extrativista da Bacia do Alto Juruá. Em vez da usual tutela governamental, que coloca técnicos e demais gestores no comando dos projetos dirigidos aos povos indígenas, dessa vez os próprios Ashaninka ficarão responsáveis pela administração do centro.
A meta é construir um espaço multiuso, com auditório, estúdio de gravação musical e sonorização, camarim e teatro de arena. Orçada em R$ 4,7 milhões, a infraestrutura será implantada ao longo de três anos. A escolha pela etnia não foi à toa. Referência internacional na integração entre saberes ancestrais e científicos, os Ashaninka vão instalar os equipamentos no Centro Yorenka Ãtame, inaugurado há três anos pela família Ashaninka Pyanko para promover a união de índios e brancos em favor da floresta em pé.
Na área de 86 hectares completamente devastados pelo gado, adquirida com o apoio de ONGs, na sede do município de Marechal Taumaturgo, os índios plantaram mais de 80 mil mudas, de 146 espécies de árvores, entre frutíferas e madeiras de leis. O suficiente para assegurar, por ano, mais de 50 toneladas de alimento.
"Vimos que precisávamos exportar esse recado para fora, para extrativistas e ribeirinhos também compreenderem que, no nosso entorno, é possível viver com a floresta em pé", lembra o xamã e líder Ashaninka Benki Pianko. Vencedor do Prêmio Nacional de Direitos Humanos, ele carrega a marca de dois mundos. Da união entre o pai, Ashaninka, e a, mãe seringueira, diz ter aprendido a cultivar a inovação com respeito às tradições de seu povo.
ESPÉCIES PERDIDAS
Além de trazer de volta à aldeia espécies perdidas de amendoim, milho e batata, ele e os irmãos também recuperaram pelo manejo a canabrava, espécie de árvore usada pelos ancestrais Ashaninka para a produção de flechas. Essas e outras ações constam do Plano de Gestão Territorial da aldeia, publicado pelos indígenas em Aruak e português. "Podemos ajudar a desenvolver um novo olhar sobre o mundo, começando pelo respeito e o conhecimento das diferentes formas de saber. É isso que queremos", diz Benki.
"É a primeira vez que vejo uma comunidade sistematizar e dispor conhecimentos dessa maneira para os não-índios", afirma João Fortes, diretor da ACMA e um dos gerentes do projeto.
Parte desses conhecimentos, explica, já chegou a 17 comunidades de agricultores, ribeirinhos e extrativistas que habitam o entorno da terra indígena. Entre elas está a Vila Restauração, comunidade de mil pessoas que trocou o gado por um sistema agroflorestal implantado com o apoio dos Ashaninka, que também transferem tecnologias simples e de baixo custo nas áreas de coleta de sementes, organização comunitária, manejo de fauna e produção de mel. "Vimos que o desmatamento ia acabar chegando de um jeito ou de outro, se não fizéssemos nada. Então, nos adiantamos para não ter de brigar", brinca Benki.
O modelo de gestão do centro, sob comando indígena, está longe de ser trivial. Em 1995, uma pesquisa do Instituto Socioambiental revelou a existência de 109 organizações em defesa dos direitos indígenas no país, número que saltou para 318 em 2001. A expansão prosseguiu até 2009, quando foram identificadas 486 entidades do tipo. O quadro, segundo a historiadora Poliene Soares, revela três novas frentes de atuação do movimento indígena brasileiro: a formação de lideranças próprias, a articulação entre os povos e a repactuação de parcerias com ONGs e o Estado.
"As lideranças indígenas estão dispensando porta-vozes e falando por si mesmas. É uma inflexão na política", diz. Essa novidade é particularmente relevante na área da cultura. É que até 2003 não havia nenhum tipo de articulação do Ministério da Cultura com os povos indígenas, responsáveis por uma das maiores diversidades étnicas e linguísticas do mundo. São 215 sociedades indígenas conhecidas, além de 180 línguas pertencentes a mais de 30 famílias linguísticas diferentes.
"A diversidade cultural é nosso maior patrimônio, e o índio não é só uma questão da Funai. É do Brasil e deve envolver também todos os outros ministérios, com respeito a sua autodeterminação", defende o ministro da Cultura, Juca Ferreira. De olho nisso, o MinC aposta também na implantação de 150 Pontos de Cultura Indígenas até o fim deste ano. Articulados pelo ministério, esses espaços são entidades já constituídas, que desenvolvem atividades socioculturais em suas comunidades.
Selecionados por edital, cada um recebe R$ 185 mil, em cinco parcelas semestrais. Parte do recurso é destinada à aquisição de equipamento multimídia, composto por microcomputador, miniestúdio para gravar CD, câmera digital e ilha de edição. Até o mês de abril, havia mais de 2,5 mil pontos de cultura em 1.122 cidades brasileiras. "Cada povo tem seu conhecimento, sua ciência. Sabemos valorizar o que é do outro e nunca vamos deixar de ser Ashaninka por isso. Nossa raiz é milenar", afirma Benki, em referência ao uso da internet na aldeia, alimentada, via satélite, por placas solares.
HISTÓRIA DE LUTA
O protagonismo Ashaninka tomou corpo a partir da década de 1980, quando a região passou a ser sistematicamente devastada. "As invasões motivaram a comunidade a lutar pela garantia do território e a buscar alternativas de baixo impacto ambiental para a economia da região", lembra Benki. Até então, diz, os Ashaninka e os posseiros brancos atuavam na base do sistema madeireiro, abrindo estradas e cortando árvores em toras, que eram roladas até os igarapés durante a estação seca.
"Havia muita coisa devastada que a gente precisava recuperar. Já naquela época, começamos a discutir o manejo de tracajá, a suspensão de caçadas com cachorro e o plantio de madeira nas fazendas deixadas por famílias que criavam gado e que saíram após a demarcação da nossa terra", explica.
Não que os problemas estejam resolvidos, diz Benki. Longe disso, a Comissão Pró-Índio do Acre tem alertado que traficantes peruanos e brasileiros, em grupos fortemente armados, têm usado diferentes trechos do Parque Nacional da Serra do Divisor, da Reserva Extrativista do Alto Juruá e das Terras Indígenas da região, como rota do tráfico, ameaçando famílias e aliciando jovens.
Os indígenas também reclamam da atividade madeireira realizada por empresas peruanas, sob regime de concessão. Basta ver o exemplo de empresas que fazem manejo florestal em territórios de seis comunidades nativas Ashaninka, Jaminawa e Amahuaca. A ampliação da extração de madeira, alerta o grupo, tem ocorrido também nas Reservas Territoriais Murunahua e Mashco-Piro e no Parque Nacional Alto Purus, territórios de habitação de índios isolados Murunahua e Chitonaua, resultando em restrições territoriais, contatos forçados e trabalho escravo. "Nossos irmãos peruanos estão enfrentando as mesmas condições que vivemos aqui nas décadas de 1970 e 80. Estamos muito preocupados", diz.
A preocupação se estende também à exploração de petróleo na selva peruana. Em maio deste ano, o governo daquele país anunciou a abertura de processos de licitação para a exploração do óleo em mais 10 milhões de hectares em campos na Amazônia, incluindo terras Ashaninka. Um mês depois, um barco já havia derramado 63 mil litros de óleo na Amazônia peruana.
Com a repercussão do fato, empresas de exploração de petróleo e gás foram proibidas de operar numa reserva de índios isolados da Amazônia peruana. A maior parte da área da reserva foi liberada para a exploração da Petrobras. Aproveitando a legislação peruana, a empresa brasileira tornou-se, em dezembro de 2005, concessionária de uma área de 1,4 milhão de hectares de floresta nativa, por um período de 40 anos.
O lote é sobreposto à Reserva Territorial Murunahua e a territórios de comunidades Ashaninka, Jaminawa e Amahuaca, já titulados ou reivindicados no Peru. A leste, a área estaria sobreposta à zona de amortecimento da Reserva Territorial Mashco-Piro, criada em 1997 para proteger grupos isolados Mashco-Piro. Um deles habita a tribo Murunahua. Quando foram contatados pela primeira vez, em meados da década de 1990, nada menos que 50% de sua população morreu.
Saiba mais:
A área de ocupação dos Ashaninka estende-se desde a região do Alto Juruá, em terras brasileiras, até as vertentes da cordilheira andina, no Peru. Abrange parte das bacias dos rios Urubamba, Ene, Tambo, Alto Perene, Pachitea, Pichis, Alto Ucayali, e as regiões de Montaña e do Gran Pajonal. A maior parte dos Ashaninka - cerca de 80 mil pessoas - vive no Peru. Aqui, cerca de 1.300 Ashaninkas vivem em Terras Indígenas distintas e descontínuas, todas situadas na região do Alto Juruá.
22/11/2010
Benki Piyãko em entrevista à UnBTV fala sobre o encontro de saberes e diferentes culturas
Programa especial da UNBTV sobre a participação do mestre e agente agroflorestal Benki Piyãko no Encontro de Saberes. O projeto Encontro de Saberes - Artes e Ofícios dos Saberes Tradicionais é uma iniciativa do Ministério da Cultura com a Universidade de Brasília.
17/11/2010
Programa apresenta documentário realizado por cineastas Ashaninka
Uma Aldeia Chamada Apiwtxa
O programa A’Uwe deste domingo (21) apresenta mais uma produção realizada por índios do povo Ashaninka que vive no Vale do Rio Amônea, no estado do Acre. Neste documentário inédito, a nova geração de cineastas Ashaninka revela o dia a dia da aldeia Apiwtxa, com alguns de seus personagens mais pitorescos.
Horário: Domingo às 16h00
Uma Aldeia Chamada Apiwtxa. Direção: Coletivo Ashaninka de Cinema. Ano: 2010. Produção e distribuição: Vídeo nas Aldeias.
16/11/2010
Brasil: Índio, Internet e Interculturalidade
Photo by Lorena Medeiros
por Elisa Thiago, Global Voices, 14/08/2010
A noção presente no imaginário popular brasileiro de que o índio deixa de ser índio no momento que adota costumes e tecnologias de herança ocidental é contraposta pela prática, cada vez mais difundida nas aldeias indígenas, de utilizar ferramentas de tecnologia de informação exatamente com o intuito de tornar mais eficiente a defesa do estilo de vida e da cultura indígenas.
No Taqui Pra Ti, encontramos um artigo do Prof. José Bessa Freire, coordenador do Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ) e pesquisador no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO). Nele, o autor discute a apropriação indígena dos veículos de mídia cidadã disponíveis na Internet e a utilização de conteúdos multimída com o intuito de promover a socialização, reivindicar direitos e afirmar a identidade indígena no ciberespaço:
"No Brasil, índios de diferentes línguas e etnias foram estimulados a usar a Internet por organizações governamentais e não governamentais. Embora a situação ainda seja bastante precária, inúmeras das 2.698 escolas indígenas existentes nas aldeias, frequentadas por mais de duzentos mil alunos, foram dotadas de computadores. Ali onde isso não foi possível, os computadores dos postos de saúde da Funasa foram disponibilizados dentro dos Pontos de Cultura no Programa Governo Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão."
Com o aumento de acesso a computadores, os primeiros sítios indígenas na Internet surgiram em 2001. Segundo Eliete Pereira, do Centro de Pesquisa Atopos, da Escola de Comunicação e Artes/Universidade de São Paulo, a presença indígena na net ainda é bastante irregular. No mapeamento que fez da participação indígena na Internet, Eliete encontrou três tipos de sítios: os sítios pessoais, os sítios de etnias e os sítios de organizações indígenas.
Os usuários de sítios pessoais utilizam a Internet de forma inovadora para mostrar a produção indígena individual. Nesta categoria, encontramos o sítio, por exemplo, do escritor Daniel Munduruku e da escritora Eliane Potiguara que apresentam os seus livros e dialogam com seus leitores. Também nesta categoria, vamos encontrar os blogs de grandes líderes indígenas como Ailton Krenak.
Já os sítios de diferentes etnias indígenas são criados com o intuito de alcançar uma maior visibilidade indígena no cenário nacional e internacional por meio da divulgação da arte, do artesanato, dos padrões gráficos, das narrativas e da língua de cada etnia. É o caso dos Baniwa, dos Ashaninka e de tantos outros que, após terem participado, em 2005 no Rio de Janeiro, das discussões sobre o acesso indígena à tecnologia da informação e à internet, assim como do lançamento do Portal Rede Povos da Floresta, passaram a fazer uso dessas ferramentas digitais como parte de projetos educacionais de base intercultural com o apoio do Ministério da Educação e Cultura (MEC) e de ONGs como, por exemplo, o Instituto Socioambiental.
Por fim, os sítios de diferentes organizações indígenas são mantidos na rede por instituições representativas de diferentes etnias cuja abrangência pode ser local, regional ou nacional e que estão associadas à conquista por direitos pela terra, pela educação bilíngue e pela saúde da população indígena. Esses sítios constituem-se em ferramentas de reivindicação e ação política. É o caso, por exemplo, do portal da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira - COIAB, do Indios Online ou o da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro - FOIRN.
Leia mais aqui!
por Elisa Thiago, Global Voices, 14/08/2010
A noção presente no imaginário popular brasileiro de que o índio deixa de ser índio no momento que adota costumes e tecnologias de herança ocidental é contraposta pela prática, cada vez mais difundida nas aldeias indígenas, de utilizar ferramentas de tecnologia de informação exatamente com o intuito de tornar mais eficiente a defesa do estilo de vida e da cultura indígenas.
No Taqui Pra Ti, encontramos um artigo do Prof. José Bessa Freire, coordenador do Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ) e pesquisador no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO). Nele, o autor discute a apropriação indígena dos veículos de mídia cidadã disponíveis na Internet e a utilização de conteúdos multimída com o intuito de promover a socialização, reivindicar direitos e afirmar a identidade indígena no ciberespaço:
"No Brasil, índios de diferentes línguas e etnias foram estimulados a usar a Internet por organizações governamentais e não governamentais. Embora a situação ainda seja bastante precária, inúmeras das 2.698 escolas indígenas existentes nas aldeias, frequentadas por mais de duzentos mil alunos, foram dotadas de computadores. Ali onde isso não foi possível, os computadores dos postos de saúde da Funasa foram disponibilizados dentro dos Pontos de Cultura no Programa Governo Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão."
Com o aumento de acesso a computadores, os primeiros sítios indígenas na Internet surgiram em 2001. Segundo Eliete Pereira, do Centro de Pesquisa Atopos, da Escola de Comunicação e Artes/Universidade de São Paulo, a presença indígena na net ainda é bastante irregular. No mapeamento que fez da participação indígena na Internet, Eliete encontrou três tipos de sítios: os sítios pessoais, os sítios de etnias e os sítios de organizações indígenas.
Os usuários de sítios pessoais utilizam a Internet de forma inovadora para mostrar a produção indígena individual. Nesta categoria, encontramos o sítio, por exemplo, do escritor Daniel Munduruku e da escritora Eliane Potiguara que apresentam os seus livros e dialogam com seus leitores. Também nesta categoria, vamos encontrar os blogs de grandes líderes indígenas como Ailton Krenak.
Já os sítios de diferentes etnias indígenas são criados com o intuito de alcançar uma maior visibilidade indígena no cenário nacional e internacional por meio da divulgação da arte, do artesanato, dos padrões gráficos, das narrativas e da língua de cada etnia. É o caso dos Baniwa, dos Ashaninka e de tantos outros que, após terem participado, em 2005 no Rio de Janeiro, das discussões sobre o acesso indígena à tecnologia da informação e à internet, assim como do lançamento do Portal Rede Povos da Floresta, passaram a fazer uso dessas ferramentas digitais como parte de projetos educacionais de base intercultural com o apoio do Ministério da Educação e Cultura (MEC) e de ONGs como, por exemplo, o Instituto Socioambiental.
Por fim, os sítios de diferentes organizações indígenas são mantidos na rede por instituições representativas de diferentes etnias cuja abrangência pode ser local, regional ou nacional e que estão associadas à conquista por direitos pela terra, pela educação bilíngue e pela saúde da população indígena. Esses sítios constituem-se em ferramentas de reivindicação e ação política. É o caso, por exemplo, do portal da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira - COIAB, do Indios Online ou o da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro - FOIRN.
Leia mais aqui!
12/11/2010
Uma aldeia chamada Apiwtxa
Uma Aldeia Chamada Apiwtxa
(Brasil, 2010, Doc, 51’, Txirotsi Ashaninka – PE)
A nova geração de cineastas Ashaninka revela o dia a dia da aldeia APIWTXA, no rio Amônia no Acre, com alguns de seus personagens mais pitorescos.
Saiba mais aqui:
Vídeo nas Aldeias e
Amazônia Doc.2 Festival Pan-amazônico de Cinema
Uma aldeia chamada Apiwtxa na Mostra da Amazônia
Gêneros se misturam na mostra Amazônia
Diário do Pará, 12/11/2010
A programação de hoje da Mostra Especial Amazônia Doc.2, que segue até domingo, no Cine Olympia, exibe os filmes “Limite”, de Felipe Filgueiras (SP); “Uma aldeia chamada Apitwtxa”, de Txirotsi Ashaninka (PE); “Só não tem quem não quer”, de Hildalgo Romero (SP); e “Inocente”, de Thiago Luciano e Beto Schultz (SP).
Desenvolvido através do projeto ‘Vídeo nas Aldeias’, o média-metragem “Uma aldeia chamada Apitwtxa” é uma produção realizada pela nova geração de cineastas Ashaninka.
O filme registra o cotidiano da tribo, mostrando também um pouco do histórico da etnia. O filme será exibido na segunda sessão de hoje da Mostra Especial, a partir das 19h30.
O povo da aldeia Apitwtxa habita a região de Marechal Thaumaturgo, município no estado do Acre, uma das regiões de maior biodiversidade do planeta. O povo Ashaninka, situado em territórios do Acre e do Peru, se considera como guardião da floresta, e, desde 1980, vem combatendo a exploração de madeiras, além de desenvolver técnicas de manejo sustentável.
Além de “Uma aldeia...”, os Ashaninka também já produziram “A gente luta mas come fruta” (2006); “Caminho para a vida”, “Aprendizes do Futuro”, e “Floresta Viva” em 2004; “Índios no Brasil. 10. Nossos direitos” (2000), em parceria com as tribos Kaiowá, Kaxinawá, Yanomami e Kaingang; e “No tempo das chuvas”, também em 2000.
As outras três produções que o público poderá conferir hoje no Cine Olympia vêm de São Paulo. Em pouco mais de 15 minutos, Felipe Filgueiras, diretor de “Limite”, conta a história de Ivan, funcionário de um escritório que segue a mesma rotina há muito tempo, e que, apesar de não gostar de seu trabalho, agüenta as intempéries do chefe sem reclamar. Quando essa situação atinge um nível insuportável para Ivan, ele começa a pensar em soluções extremas para sair dessa situação.
Como lidar com o autocontrole também é tema predominante em “Só não tem quem não quer”, de Hildalgo Romero. Um pequeno acontecimento na vida de Anderson faz com que as coisas percam o sentido e tudo pareça estar errado. Confuso, o protagonista opta pelo único caminho que lhe parecia possível: transbordar a raiva silenciosa e corrosiva que estava guardando.
Em “Limite”, de Thiago Luciano e Beto Schultz, a discussão vai mais além. Mais do que lidar com suas próprias emoções e com sua capacidade de autodomínio, o curta traz ao público a reflexão sobre quem realmente somos. A partir da incapacidade de lidar com um erro, o filme constrói uma narrativa que confronta a realidade humana com a sua ideia de perfeccionismo dos indivíduos. Em jogo estão dois ideais: aquele de como deveríamos ser, e aquele de como realmente somos.
ASSISTA
A Mostra Especial Amazônia Doc.2 segue em cartaz no Cine Olympia até domingo (14). Serão realizadas duas sessões por dia: uma às 17h e outra às 19h30 . Para ver a programação completa, acesse o site http://www.amazoniadoc.com. A entrada é franca.
Diário do Pará, 12/11/2010
A programação de hoje da Mostra Especial Amazônia Doc.2, que segue até domingo, no Cine Olympia, exibe os filmes “Limite”, de Felipe Filgueiras (SP); “Uma aldeia chamada Apitwtxa”, de Txirotsi Ashaninka (PE); “Só não tem quem não quer”, de Hildalgo Romero (SP); e “Inocente”, de Thiago Luciano e Beto Schultz (SP).
Desenvolvido através do projeto ‘Vídeo nas Aldeias’, o média-metragem “Uma aldeia chamada Apitwtxa” é uma produção realizada pela nova geração de cineastas Ashaninka.
O filme registra o cotidiano da tribo, mostrando também um pouco do histórico da etnia. O filme será exibido na segunda sessão de hoje da Mostra Especial, a partir das 19h30.
O povo da aldeia Apitwtxa habita a região de Marechal Thaumaturgo, município no estado do Acre, uma das regiões de maior biodiversidade do planeta. O povo Ashaninka, situado em territórios do Acre e do Peru, se considera como guardião da floresta, e, desde 1980, vem combatendo a exploração de madeiras, além de desenvolver técnicas de manejo sustentável.
Além de “Uma aldeia...”, os Ashaninka também já produziram “A gente luta mas come fruta” (2006); “Caminho para a vida”, “Aprendizes do Futuro”, e “Floresta Viva” em 2004; “Índios no Brasil. 10. Nossos direitos” (2000), em parceria com as tribos Kaiowá, Kaxinawá, Yanomami e Kaingang; e “No tempo das chuvas”, também em 2000.
As outras três produções que o público poderá conferir hoje no Cine Olympia vêm de São Paulo. Em pouco mais de 15 minutos, Felipe Filgueiras, diretor de “Limite”, conta a história de Ivan, funcionário de um escritório que segue a mesma rotina há muito tempo, e que, apesar de não gostar de seu trabalho, agüenta as intempéries do chefe sem reclamar. Quando essa situação atinge um nível insuportável para Ivan, ele começa a pensar em soluções extremas para sair dessa situação.
Como lidar com o autocontrole também é tema predominante em “Só não tem quem não quer”, de Hildalgo Romero. Um pequeno acontecimento na vida de Anderson faz com que as coisas percam o sentido e tudo pareça estar errado. Confuso, o protagonista opta pelo único caminho que lhe parecia possível: transbordar a raiva silenciosa e corrosiva que estava guardando.
Em “Limite”, de Thiago Luciano e Beto Schultz, a discussão vai mais além. Mais do que lidar com suas próprias emoções e com sua capacidade de autodomínio, o curta traz ao público a reflexão sobre quem realmente somos. A partir da incapacidade de lidar com um erro, o filme constrói uma narrativa que confronta a realidade humana com a sua ideia de perfeccionismo dos indivíduos. Em jogo estão dois ideais: aquele de como deveríamos ser, e aquele de como realmente somos.
ASSISTA
A Mostra Especial Amazônia Doc.2 segue em cartaz no Cine Olympia até domingo (14). Serão realizadas duas sessões por dia: uma às 17h e outra às 19h30 . Para ver a programação completa, acesse o site http://www.amazoniadoc.com. A entrada é franca.
01/11/2010
Uma Aldeia Chamada Apiwtxa
O programa A’Uwe, da TV Cultura, apresentado por Marcos Palmeira, exibirá o documentário produzido pelo Coletivo Ashaninka de Cinema com o Vídeo nas Aldeias: “Uma Aldeia Chamada Apiwtxa”. Dia 14/11/2010.
"Nós do A’Uwe somos grandes admiradores do trabalho da Associação e de toda a cultura do povo Ashaninka!"
24/10/2010
20/09/2010
Viagem à Floresta, por Benki Piyãko
Viver na floresta é o verdadeiro paraíso quando sabemos respeitá-la, porque a beleza está em tudo quando sabemos usar.
Quero aqui mandar minha mensagem de uma semana que passei com os mestres na floresta, ensinado os jovens, essa criançada de nosso povo Ashaninka, de como devemos viver com o mundo encantado da Amazônia.
Este encanto está em nossa própria vida, por isso que eu o amo de verdade, e para que isso permaneça para minha futura geração.
Pude ouvir histórias lindas e ouvi gritos e falas de sabedoria vindos dos mestres, como viessem saindo de dentro daquele verdadeiro paraíso. Vendo o anoitecer, a lua brilhar, o sol nascer, os animais na floresta contar, que beleza de fazer coração chorar.
Este mundo é sem maldade. Assim quero viver milhões de décadas com esta história sendo revelada e mostrando porque amamos tanto a floresta.
Peixe, veado, porco, jacaré, passarinho, onça e tatu, entre outros, estava em nosso banquete. Trinta jovem e oito mestres estavam junto nesta imensa história sem fim.
Vivenciei revelações do começo do mundo, parecia que estava tudo começando de novo, olhando fora da floresta e o que está acontecendo com o mundo e a terra, sentindo uma dor que só faltou chorar de tanta tristeza com a destruição.
Mas não vou deixar de viver o que aprendi e nem deixar de ajudar o mundo que está pedindo paz.
Mando em anexo algumas fotos dessa exuberante viagem, no meio da natureza.
Forte abraço a todos,
Benki Piyãko
06/09/2010
Comitiva do MinC é recebida com festa na aldeia Apiwtxa
por Carolina Monteiro, com fotos de Pedro França, Comunicação Social/MinC, Ministério da Cultura, 06/09/2010.
Na quinta-feira, 2 de setembro, segundo dia da passagem da comitiva do Ministério da Cultura pelo Acre, as atividades começaram cedo. Às 6h30, todos já estavam de pé para tomar o café da manhã no refeitório do Centro Yorenka Ãtame e, logo depois, seguir para os barcos que esperavam na beira do Alto Juruá. O destino era a aldeia Apiwtxa, da comunidade Ashaninka, localizada às margens do Rio Amônea, a três horas e meia dali.
Essa foi a segunda visita de um ministro da Cultura à aldeia dos Ashaninka, no Acre. A primeira foi em 2008, quando Gilberto Gil ainda ocupava o cargo. Na ocasião, o então secretário executivo Juca Ferreira não pôde acompanhá-lo.
A subida pelo rio, com a comitiva dividida em diversos barcos, é longa. No caminho, muitos troncos encontram-se caídos nas águas. É o reflexo do desmatamento desordenado e da erosão das margens, devido à época de pouca chuva. Os barcos foram chegando aos poucos, e, no alto de um barranco, muitas crianças esperavam a comitiva. Com olhares curiosos, um pouco envergonhadas, acompanharam a chegada de cada um.
Kaiaçuma e tambores
Já no pátio onde a festa aconteceria, o ministro da Cultura foi recebido com frutas e kaiaçuma, uma bebida feita à base de mandioca fermentada e água. Como a ocasião era especial, a irmã de Benki e Francisco, Dora, havia preparado quase 300 litros dela (o líquido é preparado em caixas d´água com 150 litros, cada).
E foi assim, entre goladas de kaiaçuma, sempre servida em cumbucas por uma jovem índia, e as cores e a alegria contagiante do povo Ashaninka, que os irmãos Pyanko apresentaram um pouco de sua cultura e de seus costumes a Juca Ferreira e à comitiva que o acompanhava.
Após o almoço e uma breve sesta, Benki e Francisco convocaram todos da comunidade para formar uma grande roda no pátio para uma conversa. Eles queriam apresentar todos do Ministério da Cultura ao seu povo. Para que a comunicação fosse geral, falaram em português e em aruak.
Francisco fez uma fala emocionada sobre a trajetória de sua família. “Isso que estou relatando para vocês é pouco, perto do que passamos. Vi meu pai ser enganado por seringueiros e nossas mulheres, maltratadas. Ainda muito jovem, comecei a seguir as orientações do meu avô e da minha mãe, de começar um diálogo com o povo branco e, assim, tentar buscar uma relação de equilíbrio entre nós”, contou.
O filho mais velho de Antônio e Francisca, o casal que deu início a esse processo de aproximação entre índios e não índios, hoje, praticamente não mais vive na aldeia, e parece sentir uma certa amargura em relação a isso. No entanto, ele sabe que essa foi uma missão traçada pelo seu avô, Samuel Pyanko, para salvar sua comunidade. “Me afastar daqui, ter que aprender a lidar com a cultura lá de fora, me custou muito. Hoje, venho para a aldeia a cada dois, três meses, e fico apenas poucos dias. Mas tem que ser assim”, disse.
Já Benki explicou à comunidade a importância do apoio do Ministério da Cultura nas conquistas realizadas por eles. “Queremos que essa parceria seja apenas o começo. Acreditamos na possibilidade de uma convivência harmoniosa para o bem da nossa floresta”.
Costumes Ashaninka
O povo Ashaninka tem descendência andina, vindo de territórios, hoje, localizados no Peru. Os homens usam vestes de cores claras, salpicadas por desenhos de diferentes formatos e cores, feitas com um tecido fabricado por eles mesmos. Já as mulheres usam tecidos mais escuros, comprados nas zonas urbanas. Todos se embelezam com a ajuda de acessórios como pulseiras, brincos e colares muito coloridos, feitos, principalmente, com miçangas, sementes, folhas e penas. Seus rostos estão quase sempre pintados de urucum.
É costume da comunidade que meninos por volta dos 12 anos já comecem a construir a casa onde, futuramente, morarão com suas esposas. O namoro começa cedo, por volta dos 13, 14 anos, e em poucos meses já vira casamento. As moças ashaninkas tornam-se mães muito jovens e têm vários filhos. No entanto, aos homens é permitido ter mais de uma mulher, desde que eles tenham condições de sustentá-las.
Na aldeia Apiwtxa, todos falam o aruak. As crianças começam a aprender o português só por volta dos 10 anos. Os mais velhos são respeitados e são símbolos de sabedoria. Para eles, a palavra “envelhecer” não faz o menor sentido. O correto, segundo Benki, é “ficar carregado de sabedoria”. A alegria e o sorriso parecem uma marca registrada da comunidade. Todos são muito falantes, não importa a idade. Eles não seguem o calendário romano e não tiram o sábado e o domingo para descansar. Todos os dias são de trabalho e podem ser, também, de diversão.
A equipe do MinC, junto ao ministro Juca Ferreira, passou a noite na aldeia e dormiu em redes, em uma casa de arquitetura típica dos Ashaninkas, sem paredes e alta, como palafitas (é uma prevenção contra os períodos de cheia do rio). Logo após a roda de conversa, todos jantaram, e a batucada de alguns tambores começou. Índios e não-índios dançaram, riram, se divertiram e aprenderam um pouco mais uns com os outros.
Às 6h30 da manhã da sexta-feira, 3 de setembro, a claridade já despontava e acordava quem não tinha agüentado passar a noite em claro. Foi o momento de passear mais um pouco pela aldeia, tomar um café-da-manhã típico e se despedir – mas uma despedida mais para ‘até breve’, já que o Ministério da Cultura acompanhará a construção do Centro de Cultura da Floresta pelos próximos anos.
Mais fotos, aqui.
01/09/2010
Ministro Juca Ferreira assina acordo para criação de Centro de Cultura da Floresta e anuncia resultado
Página 20 Online - 01/09/2010
O ministro da Cultura, Juca Ferreira, assina, nesta quarta-feira, 1º de setembro, às 9h, no Palácio Rio Branco, acordo para a criação do Centro de Cultura da Floresta, no Acre, - parceria entre o Ministério da Cultura e a Associação de Cultura e Meio Ambiente - que beneficiará 220 mil pessoas. O ministro também anuncia o resultado do edital Microprojetos Mais Cultura para Amazônia Legal.
Centro de Cultura da Floresta - O Estado do Acre será beneficiado com o Centro de Cultura da Floresta, a partir de assinatura de acordo entre o Ministério da Cultura (MinC) e a Associação de Cultura e Meio Ambiente (ACMA). A parceria beneficiará 220 mil pessoas, como os indígenas da etnia Ashaninka, responsáveis pela manutenção e desenvolvimento do Centro Yorenka Ãtame, que significa “Saberes da Floresta”, na língua aruak.
A meta é construir um espaço multiuso com auditório, estúdio de gravação musical e sonorização, camarim, depósito para materiais e um Teatro Arena. “Por uma questão de preservação da tradição todas essas instalações serão desenvolvidas dentro do formato da arquitetura dos Ashaninkas”, observa João Augusto Fortes, coordenador executivo do projeto. A infraestrutura, orçada em R$ 4,7 milhões, será implementada ao longo de três anos e vai permitir a fomentação de projetos artísticos, cursos de formação em gestão de projetos culturais e na área de políticas públicas em diferentes módulos, além do fortalecimento da comunicação local.
A parceria do MinC com a ACMA irá beneficiar diretamente mais de 6 mil habitantes de 16 povoados da etnia Ashaninka na região - parte no Brasil, parte no Peru - e outras 9 mil que vivem na reserva extrativista da bacia do Alto Juruá. “O Centro Yorenka Atãme já é uma referência. Não apenas no Acre, mas em outros estados como Rondônia, Roraima, Amazônia e, pela proximidade com a fronteira, até com o Peru. Então essa infraestrutura trará benefício para aproximadamente 220 mil pessoas entre comunidade indígena e não índios”, acredita João Fortes.
Idealizado em 2007 por sete irmãos da família Pianko Ashaninka, o Centro Yorenka Ãtame funciona como um espaço de formação, educação, intercâmbio e difusão de práticas de manejo sustentável dos recursos naturais da região. Aberto para jovens e adultos, o Centro, à margem direita do rio Juruá, em frente do município de Marechal Thaumaturgo (AC), desenvolve trabalhos nas áreas de proteção da biodiversidade, do meio ambiente, manejo de recursos, práticas agros florestais e outras.
Microprojetos para Amazônia - Através do edital Microprojetos para Amazônia Legal foram selecionados, ao todo, 753 projetos de artistas, grupos artísticos independentes e produtores culturais da região amazônica. Os investimentos do MinC somam R$ 11,43 milhões.
O primeiro edital da pasta destinado à Amazônia Legal recebeu 2.702 propostas. Foram beneficiados projetos em todos os nove estados da região amazônica: 26 do Acre, 14 do Amapá, 70 do Amazonas, 159 do Maranhão, 141 do Mato Grosso, 132 do Pará, 53 de Rondônia, 24 de Roraima e 134 do Tocantins.
Os 26 projetos do Acre vão receber pouco mais de R$ 338 mil e beneficiar 16 municípios. As iniciativas selecionadas receberão até 35 salários mínimos, valor máximo estabelecido no edital. A ação conta com o apoio da Funarte, Banco da Amazônia (BASA) e dos governos estaduais da região amazônica.
Ação do Programa Mais Cultura, o edital Microprojetos para Amazônia Legal visa fortalecer e apoiar a diversidade cultural da região amazônica por meio do financiamento não-reembolsável de projetos. As propostas contempladas têm como beneficiários ou proponentes jovens entre 17 e 29 anos que residem na região.
A relação dos selecionados poderá ser consultada nas páginas eletrônicas do Ministério da Cultura (www.cultura.gov.br), do Programa Mais Cultura (http://mais.cultura.gov.br) e da Funarte (www.funarte.gov.br).
O ministro da Cultura, Juca Ferreira, assina, nesta quarta-feira, 1º de setembro, às 9h, no Palácio Rio Branco, acordo para a criação do Centro de Cultura da Floresta, no Acre, - parceria entre o Ministério da Cultura e a Associação de Cultura e Meio Ambiente - que beneficiará 220 mil pessoas. O ministro também anuncia o resultado do edital Microprojetos Mais Cultura para Amazônia Legal.
Centro de Cultura da Floresta - O Estado do Acre será beneficiado com o Centro de Cultura da Floresta, a partir de assinatura de acordo entre o Ministério da Cultura (MinC) e a Associação de Cultura e Meio Ambiente (ACMA). A parceria beneficiará 220 mil pessoas, como os indígenas da etnia Ashaninka, responsáveis pela manutenção e desenvolvimento do Centro Yorenka Ãtame, que significa “Saberes da Floresta”, na língua aruak.
A meta é construir um espaço multiuso com auditório, estúdio de gravação musical e sonorização, camarim, depósito para materiais e um Teatro Arena. “Por uma questão de preservação da tradição todas essas instalações serão desenvolvidas dentro do formato da arquitetura dos Ashaninkas”, observa João Augusto Fortes, coordenador executivo do projeto. A infraestrutura, orçada em R$ 4,7 milhões, será implementada ao longo de três anos e vai permitir a fomentação de projetos artísticos, cursos de formação em gestão de projetos culturais e na área de políticas públicas em diferentes módulos, além do fortalecimento da comunicação local.
A parceria do MinC com a ACMA irá beneficiar diretamente mais de 6 mil habitantes de 16 povoados da etnia Ashaninka na região - parte no Brasil, parte no Peru - e outras 9 mil que vivem na reserva extrativista da bacia do Alto Juruá. “O Centro Yorenka Atãme já é uma referência. Não apenas no Acre, mas em outros estados como Rondônia, Roraima, Amazônia e, pela proximidade com a fronteira, até com o Peru. Então essa infraestrutura trará benefício para aproximadamente 220 mil pessoas entre comunidade indígena e não índios”, acredita João Fortes.
Idealizado em 2007 por sete irmãos da família Pianko Ashaninka, o Centro Yorenka Ãtame funciona como um espaço de formação, educação, intercâmbio e difusão de práticas de manejo sustentável dos recursos naturais da região. Aberto para jovens e adultos, o Centro, à margem direita do rio Juruá, em frente do município de Marechal Thaumaturgo (AC), desenvolve trabalhos nas áreas de proteção da biodiversidade, do meio ambiente, manejo de recursos, práticas agros florestais e outras.
Microprojetos para Amazônia - Através do edital Microprojetos para Amazônia Legal foram selecionados, ao todo, 753 projetos de artistas, grupos artísticos independentes e produtores culturais da região amazônica. Os investimentos do MinC somam R$ 11,43 milhões.
O primeiro edital da pasta destinado à Amazônia Legal recebeu 2.702 propostas. Foram beneficiados projetos em todos os nove estados da região amazônica: 26 do Acre, 14 do Amapá, 70 do Amazonas, 159 do Maranhão, 141 do Mato Grosso, 132 do Pará, 53 de Rondônia, 24 de Roraima e 134 do Tocantins.
Os 26 projetos do Acre vão receber pouco mais de R$ 338 mil e beneficiar 16 municípios. As iniciativas selecionadas receberão até 35 salários mínimos, valor máximo estabelecido no edital. A ação conta com o apoio da Funarte, Banco da Amazônia (BASA) e dos governos estaduais da região amazônica.
Ação do Programa Mais Cultura, o edital Microprojetos para Amazônia Legal visa fortalecer e apoiar a diversidade cultural da região amazônica por meio do financiamento não-reembolsável de projetos. As propostas contempladas têm como beneficiários ou proponentes jovens entre 17 e 29 anos que residem na região.
A relação dos selecionados poderá ser consultada nas páginas eletrônicas do Ministério da Cultura (www.cultura.gov.br), do Programa Mais Cultura (http://mais.cultura.gov.br) e da Funarte (www.funarte.gov.br).
31/08/2010
Yorenka Ãtame: Centro de Cultura da Floresta
Espaço multiuso beneficiará 220 mil pessoas no estado do Acre
por Comunicação Social/MinC, 30/08/2010
O ministro da Cultura, Juca Ferreira, assina nesta quarta-feira (1º de setembro), às 9h, no Palácio Rio Branco, na capital acreana, acordo entre o Ministério da Cultura e a Associação de Cultura e Meio Ambiente (ACMA), para a criação do Centro de Cultura da Floresta, no estado. A parceria beneficiará 220 mil pessoas, como os indígenas da etnia Ashaninka, responsáveis pela manutenção e desenvolvimento do Centro Yorenka Ãtame, que significa ‘Saberes da Floresta’, na língua aruak.
A meta é construir um espaço multiuso com auditório, estúdio de gravação musical e sonorização, camarim, depósito para materiais e um Teatro Arena. “Por uma questão de preservação da tradição todas essas instalações serão desenvolvidas dentro do formato da arquitetura dos Ashaninkas”, observa João Augusto Fortes, coordenador executivo do projeto. A infraestrutura, orçada em R$ 4,7 milhões, será implementada ao longo de três anos e vai permitir a fomentação de projetos artísticos, cursos de formação em gestão de projetos culturais e na área de políticas públicas em diferentes módulos, além do fortalecimento da comunicação local.
A parceria do MinC com a ACMA irá beneficiar diretamente mais de seis mil habitantes de 16 povoados da etnia Ashaninka na região - parte no Brasil, parte no Peru - e outras nove mil que vivem na reserva extrativista da bacia do Alto Juruá. “O Centro Yorenka Atãme já é uma referência. Não apenas no Acre, mas em outros estados como Rondônia, Roraima, Amazônia e, pela proximidade com a fronteira, até com o Peru. Então essa infraestrutura trará benefício para aproximadamente 220 mil pessoas entre comunidade indígena e não índios”, acredita João Fortes.
Centro Yorenka Ãtame
Idealizado em 2007, por sete irmãos da família Pianko Ashaninka, o Centro Yorenka Ãtame funciona como um espaço de formação, educação, intercâmbio e difusão de práticas de manejo sustentável dos recursos naturais da região. Aberto para jovens e adultos, o Centro, à margem direita do rio Juruá, em frente do município de Marechal Thaumaturgo (AC), desenvolve trabalhos nas áreas de proteção da biodiversidade, do meio ambiente, manejo de recursos, práticas agros florestais e outras.
Mais informações: (61) 2024-2407, na Comunicação Social/MinC.
por Comunicação Social/MinC, 30/08/2010
O ministro da Cultura, Juca Ferreira, assina nesta quarta-feira (1º de setembro), às 9h, no Palácio Rio Branco, na capital acreana, acordo entre o Ministério da Cultura e a Associação de Cultura e Meio Ambiente (ACMA), para a criação do Centro de Cultura da Floresta, no estado. A parceria beneficiará 220 mil pessoas, como os indígenas da etnia Ashaninka, responsáveis pela manutenção e desenvolvimento do Centro Yorenka Ãtame, que significa ‘Saberes da Floresta’, na língua aruak.
A meta é construir um espaço multiuso com auditório, estúdio de gravação musical e sonorização, camarim, depósito para materiais e um Teatro Arena. “Por uma questão de preservação da tradição todas essas instalações serão desenvolvidas dentro do formato da arquitetura dos Ashaninkas”, observa João Augusto Fortes, coordenador executivo do projeto. A infraestrutura, orçada em R$ 4,7 milhões, será implementada ao longo de três anos e vai permitir a fomentação de projetos artísticos, cursos de formação em gestão de projetos culturais e na área de políticas públicas em diferentes módulos, além do fortalecimento da comunicação local.
A parceria do MinC com a ACMA irá beneficiar diretamente mais de seis mil habitantes de 16 povoados da etnia Ashaninka na região - parte no Brasil, parte no Peru - e outras nove mil que vivem na reserva extrativista da bacia do Alto Juruá. “O Centro Yorenka Atãme já é uma referência. Não apenas no Acre, mas em outros estados como Rondônia, Roraima, Amazônia e, pela proximidade com a fronteira, até com o Peru. Então essa infraestrutura trará benefício para aproximadamente 220 mil pessoas entre comunidade indígena e não índios”, acredita João Fortes.
Centro Yorenka Ãtame
Idealizado em 2007, por sete irmãos da família Pianko Ashaninka, o Centro Yorenka Ãtame funciona como um espaço de formação, educação, intercâmbio e difusão de práticas de manejo sustentável dos recursos naturais da região. Aberto para jovens e adultos, o Centro, à margem direita do rio Juruá, em frente do município de Marechal Thaumaturgo (AC), desenvolve trabalhos nas áreas de proteção da biodiversidade, do meio ambiente, manejo de recursos, práticas agros florestais e outras.
Mais informações: (61) 2024-2407, na Comunicação Social/MinC.
27/08/2010
A Segunda Turma, por unanimidade, rejeitou o recurso de Oleir Cameli e Abrahão Cândido
Amigos,
a todos que acompanharam solidários a nossa luta, divulgamos o resultado do julgamento da tarde de ontem, feito pela Segunda Turma do STJ, do recurso de Oleir Cameli e Abrahão Cândido contra o povo Ashaninka:
RESULTADO DE JULGAMENTO FINAL: "PROSSEGUINDO-SE NO JULGAMENTO, APÓS O VOTO-VISTA DO SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES, ACOMPANHANDO A SRA. MINISTRA ELIANA CALMON, A TURMA, POR UNANIMIDADE, REJEITOU OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, NOS TERMOS DO VOTO DA SRA. MINISTRA-RELATORA." - PETIÇÃO Nº 292063/2009 - EDCL NO RESP 1120117
Agradecemos o apoio e a solidariedade que recebemos de tantos lados e pela visibilidade que deram ao caso.
30 anos de ausência, morosidade e impunidade começou a ter fim nessa tarde.
Confiamos na Constituição Federal, confiamos na Justiça brasileira, e esperamos, assim como o Brasil espera, que os criminosos Oleir Cameli e Abrahão Cândido sejam punidos e condenados a reparar todos os seus crimes.
26/08/2010
30 anos de ausência, morosidade e impunidade podem ter fim nesta tarde
Amigos,
a vocês que acompanham solidários a nossa luta, informamos que o Recurso de Oleir Cameli e Abrahão Cândido contra o povo Ashaninka será julgado hoje (26/08/2010) pela Segunda Turma do STJ.
Pedimos que acompanhem e divulguem amplamente o resultado.
30 anos de ausência, morosidade e impunidade podem ter fim nesta tarde, se houver Justiça no Brasil.
24/08/2010
Pela punição e condenação de Oleir Cameli e Abrahão Cândido, pedimos a todos os Ministros da Segunda Turma do STJ urgência no julgamento
Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, 24 de agosto de 2010,
Amigos,
Publicamos a seguir uma carta que recebemos do Ministro Mauro Campbell Marques à respeito da nossa nota Repudiamos a atuação do Ministro Mauro Campbell Marques do STJ.
Pedimos a todos que leiam com atenção a carta do Ministro, porque com ela ao mesmo tempo em que demonstrou consideração ao nosso apelo por Justiça também nos deixou ainda mais preocupados.
O Ministro nos afirmou conhecer “profundamente todo o fato ora sob exame nesse recurso e o absurdo que foi cometido contra a natureza e contra os índios”. E, na carta, escreve: “FALEI, EM VOZ ALTA, PERANTE TODOS, E REPUDIEI PUBLICAMENTE O QUE FOI FEITO CONTRA ESSE POVO INDÍGENA”.
No entanto, afirma também que o que pende de manifestação em seu VOTO-VISTA é, exclusivamente, uma “prejudicialidade processual”: “Nesta fase de julgamento, a de EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, só estou fazendo análise de um ponto específico e que não se relaciona com os fatos criminosos praticados contra esse Honrado Povo Indígena, é apenas uma questão processual.”
Isto que o Ministro Mauro Campbell Marques chama de “prejudicialidade processual” e “questão processual” se refere ao tempo que a própria Justiça levou para condenar Oleir Cameli e Abrahão Cândido por seus crimes.
O que discutem, hoje, na Segunda Turma é se o crime cometido por Cameli e Abrahão - contra o nosso povo, contra a floresta, contra a Constituição Federal e contra o planeta, 29 mil hectares de madeira de Lei devastados, 1374 metros cúbicos de mogno e 1374 metros cúbicos de cedro tombados, aberturas de estradas e destruição de inúmeros igarapés em uma das regiões de maior biodiversidade do planeta, infundando em nosso povo, por sete longos anos, de 1981 a 1987, o mais pavoroso terror com seu poder de mando, armas, ameaças e destruição - discutem se o crime cometido por Oleir Cameli e Abrahão Cândido prescreveu ou não prescreveu.
O que o Ministro Mauro Campbell Marques discute hoje na Segunda Turma do STJ é se o fato de a Justiça ter demorado quase 30 anos, 30 longos anos de ausência, morosidade e impunidade, para julgar os crimes de Oleir Cameli e Abrahão Cândido não acabou por prescrever os crimes de Oleir Cameli e Abrahão Cândido.
O Ministro nos disse que “é importante estudar com afinco esse tema da imprescritibilidade do dano ambiental e não das ações de reparação do dano ambiental”. Em sua carta ele escreve: “Aprendi nos bancos da faculdade de Direito que imprescritível é aquilo que a Constituição afirmar como tal... não deixarei de expressar meus pontos de vista técnicos pois estou em um Tribunal de Precedentes, além do que, como reza Marco Aurélio Mello, processos não possuem autuação e sim conteúdo.”
Amigos, a comunidade Apiwtxa soube dos seus direitos quando aprendeu a ler a Constituição Federal. Os crimes de Oleir Cameli e Abrahão Cândido foram e são, ainda hoje, crimes contra a Constituição Federal.
E a Constituição Federal diz (Art.231 § 4º) que as terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis.
CAPÍTULO VIII
DOS ÍNDIOS
Art. 231 - São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
§ 1º - São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.
§ 2º - As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.
§ 3º - O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei.
§ 4º - As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis.
§ 5º - É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, ad referendum do Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua população, ou no interesse da soberania do País, após deliberação do Congresso Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco.
§ 6º - São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a indenização ou ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de boa fé.
§ 7º - Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. 174, §§ 3º e 4º.
Art. 232 - Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do processo.
Como reza a Constituição (Art. 129), o Ministério Público, em sua função de defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas, tem defendido judicialmente os direitos e interesses do povo Ashaninka.
Diferentemente de Oleir Cameli e Abrahão Cândido, não temos advogados em Brasília, como sugeriu o Ministro Mauro Campbell Marques. Contamos, graças à Constituição, com a ajuda do MPF e não temos como acessar da floresta onde moramos as notas taquigráficas. Mas temos acesso, sim, ao que é informado ao público pelo STJ, que o Ministro Mauro Campbell Marques foi quem pediu vistas e tem indicado o adiamento do julgamento.
Pedimos formalmente a todos os Ministros, e à Presidência da Segunda Turma urgência no julgamento. O STJ precisa cumprir o seu dever e chegar a uma conclusão rapidamente.
O povo Ashaninka da aldeia Apiwtxa do rio Amônia não aguenta mais esperar para ver reparado um crime e uma injustiça tão grande, que é crime e continuará sendo independentemente do tempo em que ocorreu, e cujos danos à floresta e ao nosso povo, são imprescritíveis, indeléveis, permanentes. Nunca mais a floresta devastada por estes homens voltará a ser como era. E o nosso povo nunca mais será o mesmo, o dano que causaram ao nosso povo não tem cura.
Confiamos na Constituição Federal, confiamos na Justiça brasileira, e esperamos, assim como o Brasil espera, que os criminosos Oleir Cameli e Abrahão Cândido sejam punidos e condenados a reparar todos os seus crimes.
Isaac Pinhanta Ashaninka e Benki Piyãko Ashaninka
Carta de Esclarecimento do Ministro Mauro Campbell Marques
Caríssimos Cidadãos,
Chega ao meu conhecimento um manifesto dessa honrada tribo que muito me toca por inúmeros aspectos. O primeiro deles diz respeito a absoluta falta de conhecimentos dos senhores acerca do que se passou no julgamento originário na nossa Segunda Turma, oportunidade em que FALEI, EM VOZ ALTA, PERANTE TODOS, E REPUDIEI PUBLICAMENTE O QUE FOI FEITO CONTRA ESSE POVO INDÍGENA. Basta que peçam aos senhores advogados e procuradores que defendem os interesses dos senhores nesse recurso as notas taquigráficas daquela sessão de julgamento para verificarem o grau de injustiça da manifestação de repúdio que ora esclareço.
Segundo: é que o reiterado ADIAMENTO está ocorrendo por pedidos sucessivos de um dos meus colegas, o senhor Ministro HERMAN BENJAMIN, que está fazendo uma análise mais detalhada do problema abordado no meu voto para, só assim, poder proferir o voto dele.
Sou um Ministro cumpridor de meus deveres e célere nos meus julgamentos, aliás, um dos integrantes do STJ que mais rápido trabalha com seus processos, nada a merecer elogio algum de ninguém já que é meu DEVER agir assim.
Sei que o que agora vou escrever não é igualmente necessário, MAS FIQUEM CERTOS DE QUE NÃO ME OFENDI COM AS CRÍTICAS E ME ORGULHO EM PODER DAR ESTA SATISFAÇÃO AOS SENHORES, INDEPENDENTE DO RESULTADO FINAL DESSE JULGAMENTO.
Quanto às respostas às perguntas feitas no manifesto dos senhores, espero que as encontrem nas notas taquigráficas que bem reproduziram o meu pensamento naquela sessão.
Esclareço, ainda, que nesta fase de julgamente, a de EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, só estou fazendo análise de um ponto específico e que não se relaciona com os fatos criminosos praticados contra esse Honrado Povo Indígena, é apenas uma questão processual que mereceu especial atenção deste mero Juiz e que, de tão importante, provocou no Ministro Herman Benjamin a necessidade de melhor análise do caso.
Renovo meu apreço e minha responsabilidade pela defesa da Constituição e da Leis do nosso País, bem como minha convicção de que é por atitudes como a dos senhores que poderemos chegar a uma Estado realmente Democrático de Direito.
Cordialmente,
Mauro Campbell Marques
20 de agosto de 2010
19/08/2010
Repudiamos a atuação do Sr. Ministro Mauro Campbell Marques da Segunda Turma do STJ
Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, 19 de agosto de 2010.
Nota de repúdio à atuação do Sr. Ministro Mauro Campbell Marques da Segunda Turma do STJ
Por desmatar ilegalmente 1/3 da Terra Indígena do povo Ashaninka da aldeia Apiwtxa, Abrahão Cândido e Orleir Cameli foram condenados em 1ª instância (JF/Acre) a indenização.
Os réus Abrahão e Cameli apelaram. Mas perderam também em 2ª Instância: o STJ negou provimento e a relatora Ministra Eliana Calmon rejeitou os Embargos Declaratórios.
Os réus perderam em 1ª e 2ª instâncias, foram condenados, faltando apenas publicar a sentença. Mas o Ministro Mauro Campbell Marques pediu vista.
Para publicar a sentença de condenação de Abrahão e Cameli por desmatar 1/3 da Terra Ashaninka, o STJ precisa terminar de julgar o Recurso dos réus.
No entanto, toda vez que o processo volta à mesa de julgamento o Ministro Mauro Campbell Marques determina adiar a decisão.
O julgamento vem sendo marcado, vai à mesa e então é adiado pelo Ministro Mauro Campbell Marques, repetidas vezes, nas datas de 18/2, 17/6, 22/6, 3/8 e 17/8.
Hoje, dia 19/8, às 14h, o recurso de Abrahão e Cameli irá, pela sexta vez, para a mesa de julgamento da Segunda Turma do STJ.
Será que o Ministro Mauro Campbell Marques hoje, às 14h, adiará novamente a decisão do STJ, em benefício de desmatadores criminosos?
Ou será que o Ministro Mauro Campbell Marques não considera crime invasão de terra indígena, abertura de estradas e derrubada ilegal de árvores?
Será que o Ministro Mauro Campbell Marques não considera crime a retirada ilegal de 1.374 metros cúbicos de mogno e 1.374 metros cúbicos de cedro?
Amigos, a comunidade Apiwtxa acompanha com tristeza esse longo processo e os adiamentos da decisão final pelo Ministro Mauro Campbell Marques.
Repudiamos a atuação do Sr. Ministro Mauro Campbell Marques da Segunda Turma do STJ neste caso.
Não temos como não responsabilizar o Ministro Mauro Campbell Marques por tanto adiamento.
Estamos em estado de alerta. Preparados para o combate.
Os crimes de Abrahão Candido e Oleir Cameli não podem ficar impunes. A derrubada da floresta é crime contra o nosso povo e contra o planeta.
O Brasil não pode engolir o desmatamento cruel e devastador de 29 mil hectares de madeira de Lei pela cobiça de Abrahão Cândido e Oleir Cameli.
O povo Ashaninka da Apiwtxa não aceita o crime de Abrahão e Cameli.
Já estivemos antes em Brasília. E se preciso retornaremos a Brasília, até o Ministro Mauro Campbell Marques.
Queremos justiça!
Benki Piyãko Ashaninka e Isaac Pinhanta Ashaninka
Associação Apiwtxa do Povo Ashaninka do Rio Amônia
03/08/2010
Saiba o que Oleir Cameli e o Ministro Mauro Campbell Marques, juntos, estão fazendo com a decisão do Superior Tribunal de Justiça
por Leila Soraya Menezes
Depois que a Advocacia-Geral da União (AGU) conseguiu manter, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), a condenação imposta a Oleir Cameli e seus cúmplices (por retirar ilegalmente madeiras da terra indígena Kampa do Rio Amônia: 1.374 metros cúbicos de mogno e 1.374 metros cúbicos de cedro, extraídos durante os anos de 1981, 1982, 1985 e 1987), Oleir Cameli entrou com um novo Recurso Especial (1120117/AC) contra o Acórdão do TRF 1 que julgou improcedente a apelação da mesma parte, a qual pleiteava reforma de sentença que havia julgado os pedidos da Funai e MPF procedentes. (Objeto: Pedido de indenização pelo desmate ilegal de 1/3 da área dos Ashninka - TI Kampa do Rio Amônia-, quando a terra ainda estava em fase de identificação pela FUNAI.)
O Recurso Especial foi conhecido em parte, e nessa parte foi improvido, por unanimidade. Oleir Cameli entrou com Embargos de Declaração. A relatora (Ministra Eliana Calmon) proferiu voto rejeitando os Embargos.
Oleir Cameli, quase perdeu de vez... mas o MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES entrou em cena! E pediu vista (em 18 de fevereiro). O processo, então, foi colocado e retirado da pauta de julgamento várias vezes. E hoje foi novamente incluído na Pauta do dia 10/08/2010 da SEGUNDA TURMA.
Entenda o caso
A condenação decidida por unanimidade pelos ministros da 2ª Turma do Tribunal considerou válida decisão das instâncias ordinárias que determinaram aos réus o pagamento de R$1.461.551,28, como indenização. Oleir Cameli e cúmplices foram condenados, ainda, a pagarem o valor de R$ 3 milhões a título de indenização por danos morais causados aos membros da comunidade indígena Ashaninka, e de R$ 5.928.666,06 ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos, para custear a recomposição ambiental na área explorada. Em valores atualizados, o montante da condenação soma aproximadamente R$ 15 milhões.
A Ação Civil Pública contra os exploradores foi movida pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e pelo Ministério Público Federal (MPF). No julgamento do Recurso Especial os réus alegaram que a Justiça Federal era incompetente para julgar a demanda. No mérito, solicitaram a redução do valor da indenização e requereram que o processo foi considerado prescrito. Esses argumentos foram rebatidos pela Funai, representada pela Adjuntoria de Contencioso da Procuradoria-Geral Federal (PGF). Em voto favorável à Fundação e ao MPF, a ministra relatora, Eliana Calmon, afastou os argumentos apresentados pelos madeireiros e ressaltou que a reparação de danos ao meio ambiente não prescreve, ou seja, pode ser requerida a qualquer tempo.
No que diz respeito à intenção dos réus de reduzir o valor da condenação milionária, a ministra ressaltou que os valores arbitrados pela primeira instância estão de acordo com a magnitude da degradação ambiental praticada com a invasão de terra indígena, abertura irregular de estradas, derrubada de árvores e retirada de madeira. A relatora lembrou que, de acordo com a Súmula 7, do STJ, não é possível revisar, em recurso especial, entendimento judicial que foi firmado com base em provas juntadas ao processo.
O STJ informou que nenhum dos réus impugnou objetiva e especificamente os valores fixados na sentença de primeiro grau. Isso impede a apreciação dessa matéria pelo Tribunal, nos termos da Súmula 284, do Supremo Tribunal Federal.
Acompanhe os últimos andamentos:
03/08/2010 - 17:20:00 - Resultado de Julgamento Parcial: "Adiado por indicação do Sr. Ministro Mauro Campbell Marques." - Petição: EDcl no REsp 1120117/AC (2009/0074033-7)
02/08/2010 - 19:29 - PETIÇÃO Nº 292063/2009 - EDCL NO RESP 1120117/AC - INCLUÍDO NA PAUTA DO DIA 10/08/2010 DA SEGUNDA TURMA
24/06/2010 - 16:20 - EM MESA PARA JULGAMENTO - SEGUNDA TURMA - SESSÃO DO DIA 03/08/2010 14:00:00
22/06/2010 - 20:40 - RESULTADO DE JULGAMENTO PARCIAL: "ADIADO POR INDICAÇÃO DO SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES." - PETIÇÃO: EDCL NO RESP 1120117/AC (2009/0074033-7)
17/06/2010 - 20:04 - EM MESA PARA JULGAMENTO - SEGUNDA TURMA - SESSÃO DO DIA 22/06/2010 13:00:00
17/06/2010 - 15:04 - RESULTADO DE JULGAMENTO PARCIAL: "ADIADO POR INDICAÇÃO DO SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES." - PETIÇÃO: EDCL NO RESP 1120117/AC (2009/0074033-7)
16/06/2010 - 07:44 - EM MESA PARA JULGAMENTO - SEGUNDA TURMA - SESSÃO DO DIA 17/06/2010 14:00:00
10/06/2010 - 10:27 - PETIÇÃO Nº 292063/2009 - EDCL NO RESP 1120117/AC - INCLUÍDO NA PAUTA DO DIA 17/06/2010 DA SEGUNDA TURMA NO DJE EM 11/06/2010
18/02/2010 - 16:55 - RESULTADO DE JULGAMENTO PARCIAL: "APÓS O VOTO DA SRA. MINISTRA ELIANA CALMON, REJEITANDO OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, PEDIU VISTA DOS AUTOS, ANTECIPADAMENTE, O SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES."
02/02/2010 - 09:57 - PETIÇÃO Nº 292063/2009 - EDCL NO RESP 1120117/AC - INCLUÍDO NA PAUTA DO DIA 09/02/2010 DA SEGUNDA TURMA NO DJE EM 03/02/2010
10/11/2009 - 15:25 - RESULTADO DE JULGAMENTO FINAL: "A TURMA, POR UNANIMIDADE, CONHECEU EM PARTE DO RECURSO E, NESSA PARTE, NEGOU-LHE PROVIMENTO, NOS TERMOS DO VOTO DO(A) SR(A). MINISTRO(A)-RELATOR(A)."
Acompanhe o caso aqui!
29/07/2010
O momento é decisivo para a saúde indígena. Chegou a hora de agir!
Nos ajude a pressionar o Senado, participando da campanha
pela aprovação do PLC 08/2010 antes do dia 4 de agosto, AQUI!
20/07/2010
Projeto que levará mestres tradicionais para dar aulas na UnB terá agora etapa de residência
Encontro de Saberes
por Heli Espíndola, Comunicação Social/MinC, Ministério da Cultura, 19/07/2010
Maniwa Kamayurá - Arquiteto tradicional e Pajé. Representante dos povos indígenas do Alto Xingu, especialista em contrução da residência tradicional Kamayurá
A partir do segundo semestre de 2010, alunos da Universidade de Brasília poderão aprender, por exemplo, técnicas para se construir uma casa indígena ou como utilizar as raízes do cerrado na cura de várias doenças. Estudantes interessados poderão se matricular na disciplina Artes e Ofícios dos Saberes Tradicionais, que será ofertada em grade regular e módulo livre, e ministrada três vezes por semana, das 13h às 14h.
A matéria, que abrirá ainda espaço para aulas sobre as manifestações culturais do Cavalo Marinho, do Maracatu, do Congado e da Folia de Reis e como os indígenas preservam a flora, a fauna e as nascentes da floresta, integra o Projeto Encontro dos Saberes, que levará para as salas de aula da Universidade de Brasília mestres tradicionais de várias regiões do país.
O projeto piloto, uma parceria do Ministério da Cultura, por meio da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural (SID/MinC), do Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC), e da Universidade de Brasília, foi lançado dia 13, em Brasília. Com o objetivo de integrar os mestres tradicionais ao ambiente universitário e discutir a metodologia a ser utilizada nas aulas, foram realizados, de 14 a 16, na Faculdade de Educação da UnB, um seminário e duas oficinas.
Sobre a metodologia a ser utilizada nas aulas, a professora de Educação Ambiental, Nina Paula Laranjeira, informa que durante as oficinas ficou decidido que cada mestre utilizará a que for mais adequada para ele. “Cada um tem uma metodologia diferente e pelo fato de não dominarem a escrita, vamos utilizar a oralidade, o “fazer” e o sentimento que eles têm para transmitir”, conta a docente. Ela será parceira, nas aulas, do Mestre Benki Ashaninka, que é presidente do Centro Saberes da Floresta (Yorenka Ãtame), do povo Ashaninka, no estado do Acre e desenvolve um trabalho de conhecimento da floresta comprometido com a proteção ambiental e o reflorestamento.
Mas, segundo ela, essa metodologia será aprofundada com o professor parceiro, durante o período da residência, a terceira etapa do Projeto Encontro de Saberes, que acontecerá durante toda a semana de 19 a 23 de julho. “Ainda faremos uma reunião geral após essa última etapa para finalizarmos as discussões sobre a metodologia”, informa Nina, que dentro da residência levou o Mestre Benki Ashaninka para conhecer o projeto do Centro de Estudos do Cerrado que está sendo criado pela UnB na Chapada dos Veadeiros.
“Eu espero, com essas aulas, causar uma reflexão nos estudantes sobre a importância da mudança de atitude em relação à natureza”, sonha o líder Ashaninka. “Precisamos mudar a maneira de olhar e qualificar nosso saber de uma maneira prática, conhecendo e tendo responsabilidade na busca de um mundo novo”, filosofa o mestre indígena que adquiriu seus conhecimentos com seus antepassados, com seus pais e com os espíritos da floresta.
Outro mestre indígena selecionado para as aulas, Maniwa Kamayurá, arquiteto especialista em construção da residência tradicional kamayurá, fará uma maquete das casas indígenas para ser utilizada nas aulas. Também pajé e representante dos povos indígenas do Alto Xingu, ele disse que está muito contente por participar do projeto. “É muito importante, para mim, contar um pouco da minha cultura e o que eu sei”, afirma Maniwa, que também ensina sua técnica de construção aos jovens de sua aldeia. Também dentro da programação da residência, ele ainda visitou o Centro Cultural Banco do Brasil, acompanhado do seu mestre parceiro, o professor de arquitetura Jaime Santana.
Os cinco mestres tradicionais - três da cultura popular e ofícios e dois da cultura indígena - selecionados para as aulas da disciplina Artes e Ofícios dos Saberes Tradicionais são: Benki Ashaninka, presidente do Centro Saberes da Floresta do povo Ashaninka (AC); Maniwa Kamayurá, arquiteto tradicional e pajé; Lucely Pio, Mestra raizeira da Comunidade Quilombola do Cedro (GO); Biu Alexandre, Mestre do Cavalo Marinho e Estrela de Ouro de Condado no Pernambuco; e José Jerome, Mestre de Congado de Cunha (SP) e Folia de Reis do Vale do Paraíba.
A equipe de docentes parceiros da UnB é formada pelos professores das áreas de Artes Cênicas (Rita de Cássia Castro e Luciana Hartmann), Música (Antenor Ferreira), Arquitetura (Jaime Santana), Saúde (Silvéria dos Santos) e Educação Ambiental (Nina Laranjeira.
O Projeto Encontro de Saberes tem, ainda, a parceria do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), de Inclusão no Ensino Superior e na Pesquisa, órgão do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
por Heli Espíndola, Comunicação Social/MinC, Ministério da Cultura, 19/07/2010
Maniwa Kamayurá - Arquiteto tradicional e Pajé. Representante dos povos indígenas do Alto Xingu, especialista em contrução da residência tradicional Kamayurá
A partir do segundo semestre de 2010, alunos da Universidade de Brasília poderão aprender, por exemplo, técnicas para se construir uma casa indígena ou como utilizar as raízes do cerrado na cura de várias doenças. Estudantes interessados poderão se matricular na disciplina Artes e Ofícios dos Saberes Tradicionais, que será ofertada em grade regular e módulo livre, e ministrada três vezes por semana, das 13h às 14h.
A matéria, que abrirá ainda espaço para aulas sobre as manifestações culturais do Cavalo Marinho, do Maracatu, do Congado e da Folia de Reis e como os indígenas preservam a flora, a fauna e as nascentes da floresta, integra o Projeto Encontro dos Saberes, que levará para as salas de aula da Universidade de Brasília mestres tradicionais de várias regiões do país.
O projeto piloto, uma parceria do Ministério da Cultura, por meio da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural (SID/MinC), do Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC), e da Universidade de Brasília, foi lançado dia 13, em Brasília. Com o objetivo de integrar os mestres tradicionais ao ambiente universitário e discutir a metodologia a ser utilizada nas aulas, foram realizados, de 14 a 16, na Faculdade de Educação da UnB, um seminário e duas oficinas.
Sobre a metodologia a ser utilizada nas aulas, a professora de Educação Ambiental, Nina Paula Laranjeira, informa que durante as oficinas ficou decidido que cada mestre utilizará a que for mais adequada para ele. “Cada um tem uma metodologia diferente e pelo fato de não dominarem a escrita, vamos utilizar a oralidade, o “fazer” e o sentimento que eles têm para transmitir”, conta a docente. Ela será parceira, nas aulas, do Mestre Benki Ashaninka, que é presidente do Centro Saberes da Floresta (Yorenka Ãtame), do povo Ashaninka, no estado do Acre e desenvolve um trabalho de conhecimento da floresta comprometido com a proteção ambiental e o reflorestamento.
Mas, segundo ela, essa metodologia será aprofundada com o professor parceiro, durante o período da residência, a terceira etapa do Projeto Encontro de Saberes, que acontecerá durante toda a semana de 19 a 23 de julho. “Ainda faremos uma reunião geral após essa última etapa para finalizarmos as discussões sobre a metodologia”, informa Nina, que dentro da residência levou o Mestre Benki Ashaninka para conhecer o projeto do Centro de Estudos do Cerrado que está sendo criado pela UnB na Chapada dos Veadeiros.
“Eu espero, com essas aulas, causar uma reflexão nos estudantes sobre a importância da mudança de atitude em relação à natureza”, sonha o líder Ashaninka. “Precisamos mudar a maneira de olhar e qualificar nosso saber de uma maneira prática, conhecendo e tendo responsabilidade na busca de um mundo novo”, filosofa o mestre indígena que adquiriu seus conhecimentos com seus antepassados, com seus pais e com os espíritos da floresta.
Outro mestre indígena selecionado para as aulas, Maniwa Kamayurá, arquiteto especialista em construção da residência tradicional kamayurá, fará uma maquete das casas indígenas para ser utilizada nas aulas. Também pajé e representante dos povos indígenas do Alto Xingu, ele disse que está muito contente por participar do projeto. “É muito importante, para mim, contar um pouco da minha cultura e o que eu sei”, afirma Maniwa, que também ensina sua técnica de construção aos jovens de sua aldeia. Também dentro da programação da residência, ele ainda visitou o Centro Cultural Banco do Brasil, acompanhado do seu mestre parceiro, o professor de arquitetura Jaime Santana.
Os cinco mestres tradicionais - três da cultura popular e ofícios e dois da cultura indígena - selecionados para as aulas da disciplina Artes e Ofícios dos Saberes Tradicionais são: Benki Ashaninka, presidente do Centro Saberes da Floresta do povo Ashaninka (AC); Maniwa Kamayurá, arquiteto tradicional e pajé; Lucely Pio, Mestra raizeira da Comunidade Quilombola do Cedro (GO); Biu Alexandre, Mestre do Cavalo Marinho e Estrela de Ouro de Condado no Pernambuco; e José Jerome, Mestre de Congado de Cunha (SP) e Folia de Reis do Vale do Paraíba.
A equipe de docentes parceiros da UnB é formada pelos professores das áreas de Artes Cênicas (Rita de Cássia Castro e Luciana Hartmann), Música (Antenor Ferreira), Arquitetura (Jaime Santana), Saúde (Silvéria dos Santos) e Educação Ambiental (Nina Laranjeira.
O Projeto Encontro de Saberes tem, ainda, a parceria do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), de Inclusão no Ensino Superior e na Pesquisa, órgão do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
18/07/2010
Uma aldeia chamada Apiwtxa
por Vídeo nas Aldeias, 16/07/2010
Durante o mês de junho aconteceu no Acre a oficina de edição Ashaninka, na aldeia Apiwtxa, em Marechal Thaumaturgo. O povo Ashaninka está situado em territórios do Acre e do Peru e desde 1980 vem combatendo a exploração de madeiras, bem como vem desenvolvendo técnicas de manejo sustentável da floresta.
Filmes como “A gente luta, mas come fruta”, 2006, de Isaac Pinhanta e Bebito Pinhanta retratam os processos de manejo, cultivo e preservação da floresta amazônica, as relações na escola indígena, que inclui a lida com a natureza essencial na formação das crianças.
Vincent Carelli e Ernesto de Carvalho levaram da sede em Olinda o último corte de edição do mais novo filme produzido pelos cineastas indígenas, “Uma aldeia chamada Apiwtxa” e retornaram com tudo aprovado para finalização do filme. Durante os dias em que estiveram por lá, trabalharam em entrevistas e registro do cotidiano para produção de mais um filme Ashaninka, que trará para o vídeo um pouco do histórico da etnia.
No blog http://apiwtxa.blogspot.com/ é possível acompanhar um pouco do dia a dia desta harmoniosa comunidade.
13/07/2010
Encontro de Saberes
Encontro de Saberes promoverá diálogo entre o saber tradicional e o saber científico
O Ministério da Cultura, por meio da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural, em parceria com a Universidade de Brasília e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Inclusão no Ensino Superior e na Pesquisa, órgão do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), realizará nos dias 13 e 14 de julho, no auditório Dois Candangos, o Seminário Internacional - A inclusão das artes e dos saberes indígenas, afro-americanos e tradicionais na universidade.
O seminário é a primeira etapa do projeto e tem como objetivo conhecer as iniciativas já realizadas, no Brasil e na América do Sul, de inclusão de mestres de saberes tradicionais, populares e indígenas, no ensino superior.
O Encontro de Saberes tem como proposta promover o diálogo entre os saberes acadêmicos e os saberes tradicionais, populares e indígenas, além de contribuir para o processo de reconhecimento de mestres de artes e ofícios como docentes no ensino superior, aliando esses dois universos por meio da realização de cursos e ações interculturais.
Etapas - O Encontro de Saberes será realizado em três etapas:
1ª etapa: Seminário Internacional. O evento tem como objetivo apresentar iniciativas já realizadas no Brasil e no exterior de inclusão de protagonistas de conhecimentos tradicionais no ensino superior, além de realizar oficinas de trabalho envolvendo os mestres docentes, os professores parceiros e outros professores convidados.
2ª etapa: Residência, preparação da metodologia e dos recursos didáticos necessários para a disciplina com a participação de cinco mestres de artes e ofícios populares e indígenas e dos professores parceiros;
3ª etapa: Criação da disciplina “Artes e Ofícios dos Saberes Tradicionais”, que será ministrada pelos mestres tradicionais populares e indígenas, junto com os professores parceiros e será ofertada na grade regular de graduação do segundo semestre de 2010 da UnB, acessível a estudantes de todos os cursos.
Confira aqui a programação!
Mais informações acesse http://www.encontrodesaberes.com.br/
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