30/09/2011

Operação apura extração ilegal de madeira em terras brasileiras

por Assessoria da Polícia Federal do Acre, PF/AC, 30/09/2011

A Polícia Federal, juntamente com o IBAMA, o Exército Brasileiro, o ICMBio e a Funai, realizou, no período de 19 a 29 de setembro de 2011, a Operação Copaíba, que contou com participação de aproximadamente 50 servidores de todos os órgão envolvidos. A operação visou apurar denúncia realizada pela Associação Apiwtxa da Comunidade Indígena da Aldeia Ashaninka de extração ilegal de madeiras em terras brasileiras, veiculada no site http://apiwtxa.blogspot.com/, bem como o patrulhamento aéreo da fronteira Brasil /Peru.

Tendo em vista o teor da denúncia, o histórico de extração ilegal de madeiras na região e a necessidade de utilizar o elemento surpresa para eficácia da ação, foi adotada a estratégia operacional de infiltração terrestre da Equipe Operacional dos órgãos envolvidos, no local do suposto crime ambiental, realizada por caminhada na selva de aproximadamente seis horas. Além da infiltração, houve sobrevoo de helicóptero, aeronave fornecida pelo IBAMA, nas áreas objeto da denúncia e da fronteira Brasil/Peru.

29/09/2011

Operação Copaíba

Foto: assessoria PF/AC
Polícia Federal, IBAMA, Exército, ICMBio e Funai deflagram ação contra extração de madeira em comunidades indígenas no Acre.

por O Rio Branco, 29/09/2011

A Polícia Federal, juntamente com o IBAMA, o Exército Brasileiro, o ICMBio e a Funai, realizou, no período de 19 a 29 de setembro de 2011, a Operação Copaíba, que contou com participação de aproximadamente 50 servidores de todos os órgão envolvidos. A operação visou apurar denúncia realizada pela Associação Apiwtxa da Comunidade Indígena da Aldeia Ashaninka de extração ilegal de madeiras em terras brasileiras, veiculada em site, bem como o patrulhamento aéreo da fronteira Brasil /Peru.

Tendo em vista o teor da denúncia, o histórico de extração ilegal de madeiras na região e a necessidade de utilizar o elemento surpresa para eficácia da ação, foi adotada a estratégia operacional de infiltração terrestre da Equipe Operacional dos órgãos envolvidos, no local do suposto crime ambiental, realizada por caminhada na selva de aproximadamente seis horas. Além da infiltração, houve sobrevôo de helicóptero, aeronave fornecida pelo IBAMA, nas áreas objeto da denúncia e da fronteira Brasil/Peru.

O teor da denúncia que motivou a ação não se confirmou, porquanto não foi encontrado qualquer indício da prática ou tentativa de crime de extração ilegal de madeira em território brasileiro, apesar de haver histórico de extração ilegal realizada em terras brasileiras por madeireiros peruanos.

É certo que está havendo extração de madeira do lado peruano, nos locais que puderam ser avistados no sobrevôo de helicóptero na fronteira Brasil/Peru, contudo, não há indícios de extração em terras brasileiras.

Apesar de não ter sido encontrado sinais de desmatamento em terras brasileiras na faixa de fronteira fiscalizada, a missão mostrou a articulação e sintonia entre os órgãos envolvidos e a efetiva presença do Estado Brasileiro na faixa de fronteira, diretriz firmada pela Presidente da República Dilma Rousseff ao reconhecer a faixa de fronteira como zona prioritária para atuação dos órgãos federais.

O nome da Operação Copaíba é uma alusão à Copaíba, uma árvore conhecida como antibiótico da mata e alvo da ação dos madeireiros em razão do alto valor econômico.

Leia Nota da Assessoria da PF/AC aqui:Operação apura extração ilegal de madeira em terras brasileiras

15/09/2011

Madeireiros e nativos se enfrentam em faixa de fronteira*

Um campo de extração ilegal de madeira no fundo da Amazônia peruana. Foto Scott Wallace

por Socott Wallace, para a National Geographic, 12/09/2011**

Em um sinal de crescente ativismo indígena e impaciência com os burocratas ineficazes, comunidades no Peru e Brasil se uniram nos últimos dias para patrulhar uma região fronteiriça volátil repleta de madeireiros ilegais e gangs de traficantes de droga armadas.

No início deste mês, uma patrulha conjunta de nativos Ashéninka do Alto rio Tamaya no Peru e da tribo Ashaninka do outro lado da fronteira no Brasil encontrou vários pontos dentro do Peru, onde madeireiros pareciam estar operando sem concessões legalmente reconhecidas. Os índios também descobriram um campo de exploração madeireira apenas a 200 metros da fronteira, levando à suspeita de que os madeireiros estão posicionados para arrebatar madeira valiosa do Território nacional brasileiro.

"É uma estratégia conhecida": afirma Isaac Piyãko líder Ashaninka à Comissão Pró-Índio do Acre, o estado de fronteira da Amazônia, no extremo oeste do Brasil, que inclui as terras indígenas dos Ashaninka. "Eles montaram um acampamento próximo à fronteira para tirar a madeira do Brasil." Piyãko disse que a patrulha encontrou troncos de mogno e cedro recentemente derrubados - madeiras ameaçadas de extinção e protegidas por lei - e como árvores em pé do lado Brasil marcadas com chamas pelos madeireiros para a colheita iminente.

Equipados com unidades manuais de GPS, os líderes indígenas apresentaram a informação geo-referenciada às autoridades brasileiras em uma reunião na semana passada na cidade fronteiriça de Cruzeiro do Sul. As autoridades prometeram estudar o assunto e indicaram que estavam dispostos a realizar vigilância aérea e reforçar a sua presença na zona fronteiriça.

Os Ashaninka brasileiros evoluíram em uma força bem organizada e influente nos últimos anos, surgindo como um modelo para outras tribos menos afortunadas. Seu território foi legalmente reconhecido, e membros da tribo desfrutam de um nível relativamente elevado dos serviços de saúde e de educação pública. O mesmo não se pode dizer dos seus irmãos, no Peru. Eles requerem o título legal de suas terras nos últimos 10 anos. O governo ainda não respondeu, deixando o Ashéninka peruana expostos à invasões de madeireiros ilegais e à uma cascata de ameaças que mantêm a todos temerosos quando a noite vem para a floresta e os fogos das cozinhas se apagam.

No mês passado, membros da comunidade Ashéninka do Saweto encontrou três motores de popa sabotados, depois que sofreram um confronto com madeireiros no sertão.

Os Ashaninka e Ashéninka são grupos indígenas intimamente relacionados, partilham de uma língua comum e costumes semelhantes.

* Leia original em inglês AQUI. Versão em português por Leila Soraya Menezes
** Scott Wallace escreve sobre meio ambiente e assuntos indígenas para a National Geographic. Seu próximo livro, The Unconquered: In Search of the Amazon’s Last Uncontacted Tribes, será publicada pela Crown em outubro de 2011. Para mais informações, visite http://www.scottwallace.com/

06/09/2011

Missão Ashaninka confirma invasão de madeireiros do Peru em terra indígena no Acre

Ashaninka fiscaliza a fronteira. Acervo CPI/AC

Quinze indígenas ashaninka ganharam a mata na semana passada e constataram que a exploração ilegal da madeira no Peru continua a todo vapor, e ultrapassando para o território brasileiro.

Por Maria Emília Coelho, CPI/AC, 05/07/2011

Após a denúncia de invasão de madeireiros na Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, no Acre, quinze índios ashaninka realizaram, entre os dias 29 de agosto e 2 de setembro, uma missão de fiscalização na fronteira Brasil-Peru, região que concentra grande densidade de mogno e cedro.

O grupo, formado por dez indígenas da aldeia Apiwtxa, no Acre, e cinco da comunidade Soweto do Alto Rio Tamaya, no Peru, identificou diversos vestígios que comprovam mais uma vez a ação dos madeireiros peruanos em território brasileiro.

A missão Ashaninka encontrou um acampamento a aproximadamente 200 metros da linha de fronteira com Brasil, e próximo a uma estrada. “Essa é uma estratégia conhecida. Eles montam acampamento próximo ao limite fronteiriço para retirar a madeira do território brasileiro”, explica Isaac Piyãko, liderança da aldeia Apiwtxa.

Segundo os índios da comunidade Soweto, existe um outro acampamento, entre os marcos 42 e 43, onde estão trabalhando com guincho motorizado, um sistema de exploração que causa muito mais impacto ambiental.

Durante a missão, os Ashaninka do Peru também encontraram na mata um grupo de oito jovens peruanos e brasileiros, sendo a maioria menor de idade. “O patrão do grupo não estava, apenas o seu filho. Eles se sentaram e escutaram como crianças o nosso apelo para não irem mais para o lado brasileiro”, explicou um dos índios que estava na expedição.

Dentro da TI Kampa do Rio Amônea, no lado Brasil, e entre os marcos 43 e 44, “foram encontradas madeiras picadas e várias árvores de cedro, mogno, copaíba e cumaru marcadas para derrubada e retirada”, contou Issac Piyãko.

Denúncia e ação

A Associação Ashaninka do Rio Amônia divulgou a notícia da invasão em seu blog, no dia 29 de agosto, e endereçou a denúncia à Fundação Nacional do Índio (Funai), à Polícia Federal, ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e ao Exército brasileiro.

O Exército não se manifestou até agora, a Funai entrou em contato com a associação indígena pedindo mais informações, e os agentes da Polícia Federal e do Ibama de Cruzeiro do Sul procuraram as lideranças Ashaninka brasileiras com o objetivo de organizarem um planejamento em conjunto de fiscalização na área invadida.

Todas as referências geográficas e informações detalhadas levantadas durante a missão foram apresentadas em uma reunião, no dia 2 de setembro, em Cruzeiro do Sul. Estavam presentes as lideranças Ashaninka Benki Piyãko e Isaac Piyãko, Gleyson Teixeira, assessor técnico da Apiwtxa, Malu Ochoa, coordenadora da Comissão Pró-Indio (CPI-Acre), e agentes da Polícia Federal e do Ibama local.

Na reunião, ficou definido que nos próximos dias será realizada uma nova missão de fiscalização, para realizar sobrevoos nos locais marcados e verificar outras possíveis clareiras que não foram vistas por terra. Também serão feitos registros fotográficos e filmagens.

A médio e longo prazo, foi discutido a importância de se realizar um trabalho de monitoramento interinstitucional da região, com participação das lideranças indígenas, para fortalecer as trocas de informações.

“Se tivéssemos apoio logístico da Funai e do Ibama, a gente mesmo teria condições de fazer a fiscalização dessas áreas. Um vez por mês realizaríamos uma expedição terrestre até a fronteira. Essa ação seria reforçada com um sobrevoo na região realizado pela Funai ou Ibama a cada dois, três meses”, sugeriu Issac Piyãko.

O problema é antigo

O descontrole da atividade madeireira no lado do Peru não é um fato recente. Em 2002, o governo concedeu imensas áreas de floresta a grandes empresas madeireiras. Sem a devida fiscalização, a política facilita a atuação de ilegais, que invadem as áreas das comunidades nativas.

“No Peru, o povo ashaninka não tem o título de terra, estão na luta pela demarcação há 10 anos. Os nossos parentes são ameaçados constantemente, e alguns já foram assassinados. Eles ficam na mira dos invasores e por isso vem pedir ajuda para a gente”, contou Issac Piyãko.

“O que mais preocupa a gente é que as autoridades até agora não assumiram as suas responsabilidades. Se não solucionarem o problema nosso território continuará sendo invadido, e nós continuaremos sofrendo ameaças de morte”, explica a liderança ashaninka peruana, que teve seu nome preservado para evitar qualquer tipo de retaliação.

O índio da comunidade Soweto também explica que já foram realizadas várias reuniões na cidade de Pucallpa, principal pólo madeireiro da Amazônia peruana, mas sem sucesso. “A desculpa é que não há orçamento para missões de fiscalização. Eu lembro que uma vez eu disse para um fiscal: Por que criam instituições ambientais sem orçamento?”

A última apreensão do Ibama e da Polícia Federal brasileira na região do Rio Amônia aconteceu em 2008. “A Funai ficou de colocar um posto de fiscalização nessa linha de fronteira, mas isso não foi feito até hoje”, reclamou Issac.

A liderança da aldeia Apiwtxa também acredita que é importante articular com o governo peruano a retirada dessas pessoas. “É urgente uma política de preservação dessa fronteira, para marcar a presença dos Estados nessa região, impedindo que novas invasões aconteçam”.

SAIBA MAIS AQUI
Denunciamos a presença de madeireiros peruanos clandestinos na Terra Indígena Ashaninka, Território brasileiro
À FUNAI, POLÍCIA FEDERAL, IBAMA e EXÉRCITO BRASILEIROS

05/09/2011

Denunciamos a presença de madeireiros peruanos clandestinos na Terra Indígena Ashaninka, Território brasileiro



Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, 5 de setembro de 2011.


Informamos às autoridades brasileiras que a missão Ashaninka para a fiscalização na fronteira Brasil-Peru, ocorrida entre os dias 30/08 e 02/09/2011 e formada por 15 homens da comunidade Apiwtxa e da comunidade Soweto do Alto Rio Tamaya, comunidade nativa localizada no lado peruano, constatou, por terra, a presença de madeireiros peruanos na Terra Indígena Kampa do Rio Amônea, Território brasileiro.

Os vestígios encontrados da presença dos madeireiros peruanos no Brasil foram:

1) Entre os Marcos 43 e 44, a aproximadamente 200 metros da linha de fronteira, próxima a uma estrada, região com grande densidade de mogno e cedro, a missão encontrou uma clareira com acampamento instalado e árvores de mogno e cedro marcadas para corte

2) Entre os Marcos 42 e 43 estão trabalhando com guincho motorizado, sistema que causa muito mais impacto ambiental

3) A missão também encontrou, no meio da mata, do lado peruano, um grupo de jovens peruanos e brasileiros

Os locais com estes vestígios foram marcados com GPS e todas as informações levantadas foram localizadas no mapa da Terra Ashaninka e analisadas a partir do mapa das invasões ocorridas em 2004.

Montar acampamento próximo a linha de fronteira, é uma estratégia já conhecida, para as invasões dentro do território brasileiro.

As referências e informações levantadas foram apresentadas pelas lideranças Ashaninka aos representantes do IBAMA, do Departamento da Polícia Federal local e da Comissão Pró-Índio do Acre em uma reunião realizada em Cruzeiro do Sul, no dia 02 de setembro de 2011.

A Polícia Federal local e o IBAMA local receberam das lideranças Ashaninka informações detalhadas do local aonde vem ocorrendo as invasões. E organizaram um planejamento conjunto para realizar uma nova missão de fiscalização, com sobrevôos nos locais marcados e para verificar outras clareiras além das que foram vistas por terra. Esta nova missão de fiscalização deve ocorrer nos próximos dias, e também servirá para fazer registros fotográficos e filmagens.

Além de marcar data e organizar a logística da nova missão, a reunião reforçou a importância de se criar um canal de informação e realizar um trabalho de monitoramento interinstitucional, com participação das lideranças indígenas, para fortalecer as trocas de informações.

Histórico da missão de fiscalização ocorrida entre os dias 30/08 e 02/09/2011

- Representantes da comunidade de Soweto, à caminho da comunidade Apiwtxa para uma visita de intercâmbio, varando do rio Tamaya para o rio Amônia, viram o que estava acontecendo dentro da Terra da Apiwtxa, próximo à linha de fronteira. E informaram sobre estes acontecimentos.

- A notícia de novas invasões na TI Kampa do Rio Amonea por parte de madeireiros peruanos, levou a Comunidade Apiwtxa a se reunir no dia 29/08 para discutir a problemática. Nessa reunião se decidiu pela formação de um grupo de fiscalização para ir até o local indicado.

- No dia 30/08, o grupo formado por 15 Ashaninka, sendo 10 da comunidade Apiwtxa e cinco da comunidade nativa Saweto do Alto Rio Tamaya, comunidade localizada no lado peruano, partiu em missão de fiscalização para a fronteira Brasil-Peru.

- A missão durou quatro dias. O grupo retornou à Aldeia Apiwtxa no dia 02/09 e relatou o que viu.

- No dia 02/09/2011, lideranças Ashaninka reuniram-se com autoridades da Polícia Federal e Ibama locais e reportaram o que viram. Esta reunião determinou a realização de uma nova missão para os próximos dias.


Comunidade Apiwtxa do Povo Ashaninka do Rio Amônia
Terra Indígena Kampa do Rio Amônia,
05 de setembro de 2011