20/11/2015

1ª TEIA INDÍGENA DO BRASIL

Nos dias 11, 12 e 13 de novembro, foi realizada a 1a Teia Indígena do Brasil, no Centro Yorenka Ãtame. Na mesma ocasião, o Ministro da Cultura, Juca Ferreira, Inaugurou o Pontão de Cultura da Yorenka. Contamos ainda com a presença de grandes líderes de vários povos indígenas do Brasil e do Peru. Compareceram representantes dos povos Ashaninka, Yawanawá, Huni Kuin, Jaminawa Arara, Puyanawa, Tukano, Desano, Tupinanmbá, Pataxó, Kayapó, Guarani Mbyá e mais de 300 moradores do Município de Marechal Thaumaturgo.
Durante o encontro, aconteceram muitas apresentações culturais e os povos presentes defenderam a política de pontos de cultura, além de pedirem melhorias no acesso à internet e ampliação e construção de novos pontos, visando manter sempre a tradição cultural viva. Ao final, foi elaborada a Proposta dos Representantes Indígenas da Teia 2015, que foi encaminhada ao Ministério da Cultura, e consolida o diálogo direto entre os povos indígenas e o poder público.

O presidente da SP Cine, Alfredo Manevy, afirmou: "Essa região tem muitas culturas importantes, pro Brasil e pro mundo inteiro, muitos povos, muitas línguas e muitas riquezas culturais. É um trabalho muito valioso, feito por várias etnias, em especial os Ashaninka, aqui no Centro Yorenka Ãtame. O conceito de ponto de cultura é justamente valorizar uma iniciativa cultural que já existe, que faz um trabalho sério. E aqui, tudo que é feito se encaixa perfeitamente na ideia de ponto de cultura."

O povo Ashaninka, que celebrou com grande festa a inauguração do Pontão de Cultura, abriu as portas do espaço para sempre traçar metas de melhorias a todos os povos da floresta, índios e seringueiros, em prol de um melhor desenvolvimento cultural e ambiental.

O Ministro destacou o trabalho de agregação que vem sendo desenvolvido em parceria com o  governo, pelas diversas etnias e pela população não indígena do Acre: "Aqui, temos um exemplo de que é possível trabalhar em conjunto, buscando soluções que permitam não apenas a convivência entre os diferentes, mas que favoreçam a construção de um arranjo no qual todos podem viver sua experiência cultural de forma livre e harmônica, com desenvolvimento social e avanços na qualidade de serviços públicos de acordo com a necessidade de cada um."
(Fotos de Alice Fortes)

09/11/2015

PROJETO ALTO JURUÁ REALIZA I° MÓDULO DO CURSO DE AGROECOLOGIA NO CENTRO YORENKA ÃTAME


No período de 26 de outubro a 4 de novembro de 2015 foi realizado o I° Módulo do Curso de Agroecologia, no Centro Yorenka Ãtame (Saberes da Floresta). Foram convidadas 54 comunidades, entre seringueiros da Reserva Extrativista do Alto Juruá e indígenas. O encontro contou com a presença de 93 participantes e teve a duração de dez dias. O intercâmbio que se estabeleceu entre todos foi muito produtivo. Houve uma forte retomada da aliança dos povos da floresta.

No desenvolvimento do curso foi elaborado um roteiro das etapas dos trabalhos que serão desenvolvidos nas comunidades: a planilha de monitoramento dos SAFs (sistemas agroflorestais), a tabela de diagnóstico das comunidades e também a entrega dos kits para todas as comunidades. A atmosfera foi de muitas alegrias, expectativas e esperança de poder continuar a luta dos povos da floresta pela floresta, resgatando, recuperando e plantando sementes.

As práticas foram trabalhadas de forma bem intensa. Foi feito o manejo do solo e das plantas de forma a reativar áreas degradadas e fortalecer a produção agroflorestal, com o apoio dos técnicos, Nilson Brilhante, Antônio Caxixa, Benki Piyanko coordenador do Centro Yorenka Ãtame e a grande experiência de cada participante, que tanto luta pela terra, que é o maior tesouro da vida de um ser humano.

João Batista
“No meu conhecimento esse Projeto Alto Juruá vem pra melhoria de todos os moradores da Resex e indígenas, na forma de melhoria na renda familiar e do reflorestamento de suas áreas, transformadas em pastos e devastadas e que, hoje, temos uma dificuldade muito grande de reflorestar. Com esse projeto, se a gente se empenhar em parceria com os Ashaninka, nós teremos tudo pra reflorestar nossas comunidades e ter dias melhores – e uma grande melhoria pros nossos filhos, netos, e pra essa geração que tá vindo aí.”.  Depoimento do Sr. João Batista Nascimento da Silva, morador da Comunidade Estirão da Foz do Tejo/Resex.
(Fotos de Naiana Gomes Bezerra)

26/10/2015

INDÍGENAS ASHANINKA PROTEGEM SUA TERRA COM TECNOLOGIA DIGITAL


Como resultado de uma parceria entre a Associação Ashaninka do Rio Amônia – Apiwtxa, a University College London – UCL e a Comissão Pró-Índio do Acre – CPI/AC, os Ashaninka da aldeia Apiwtxa, Terra Indígena Kampa do Rio Amônia (município de Marechal Thaumaturgo - AC), estão protegendo sua terra com o auxílio de tecnologia digital.
Interface iconográfica do aplicativo no smartphone
O projeto de monitoramento territorial da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia com o uso de tecnologia digital teve início em janeiro de 2015. Desde então, a comunidade Ashaninka está recebendo treinamento pelo grupo Ciência Cidadã Extrema (ExCiteS) da University College London para que aprimorem suas estratégias de proteção do seu território por meio do uso de um aplicativo de proteção territorial instalado em smartphones. Na primeira semana de setembro de 2015 as organizações participantes realizaram uma reunião conjunta na qual firmaram um protocolo para dar início oficial ao processo de coleta de informações sobre invasões no território Ashaninka.

O grupo ExCiteS trabalha com a aplicação de uma metodologia participativa inovadora e com o desenvolvimento de um sofware adaptado à realidade dos povos da floresta. Assim, desde janeiro, os Ashaninka tiveram a possibilidade de construir seu próprio aplicativo de monitoramento, com categorias e ícones desenhados por eles para identificar invasões em seu território. Também, estão recebendo treinamento no uso do smartphone e na transferência de informações dos aparelhos para o computador e para a Internet.
Dinâmica para a construção do aplicativo
A tecnologia desenvolvida pelo ExCiteS permite o registro instantâneo das observações em campo, bem como a captura automática da coordenada geográfica (localização), de imagem e de depoimento oral. Essas informações podem ser facilmente repassadas às autoridades por meio da Internet ou de SMS. Segundo uma das lideranças da Terra Indígena: “Havia uma época em que tínhamos que viajar longas distâncias para fazer uma denúncia às autoridades e muitas vezes não acreditavam no que estávamos dizendo. Hoje, com o uso dessas novas tecnologias, podemos ter provas do que está acontecendo muito mais facilmente e temos como informar o Estado rapidamente”.

A Comissão Pró-Índio do Acre – parceira histórica dos povos indígenas – está participando do processo desde o início, apoiando o projeto em sua concepção e também com a elaboração de mapas estratégicos e doação dos equipamentos necessários ao funcionamento do projeto aos Ashaninka.
Ícone desenhado pelos Ashaninka para monitorar as invasões
de caça com cachorro
Além desta iniciativa, há outros parceiros apoiando a comunidade com tecnologia de ponta para que mantenham a integridade dos recursos naturais de sua terra e para que garantam o usufruto exclusivo por seus habitantes, como previsto em lei. É o caso da House of Indians, organização não-governamental situada na Bélgica, que doou recentemente GPS rastreadores e câmeras de vigilância para a comunidade. Os GPS rastreadores permitem que se localizem recursos ou objetos furtados em qualquer lugar do globo, e as câmeras de vigilância – já instaladas em locais estratégicos do território - operam 24 horas por dia e registram qualquer movimento que seja realizado em suas proximidades. Além disso, as atividades de monitoramento territorial serão fortalecidas com os recursos advindos do projeto Alto Juruá, do Fundo Amazônia, recentemente aprovado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES. Desse modo, os Ashaninka da Apiwtxa - reconhecidos internacionalmente pela excelência no manejo e gestão de seu território - ganham mais um conjunto de ferramentas e estratégias para assegurarem a proteção de sua terra.

(Fotos e texto de Carolina Schneider Comandulli)



23/10/2015

APIWTXA REALIZA REUNIÕES NAS COMUNIDADES DA RESERVA EXTRATIVISTA DO ALTO JURUÁ



Durante o mês de outubro, o coordenador do Projeto Alto Juruá, Francisco Piyãko, juntamente com sua equipe técnica, realizaram reuniões em 12 comunidades da Reserva Extrativista do Alto Juruá (ResEx) e dialogaram com mais de 200 habitantes, representantes de 48 comunidades. Também foi realizada uma reunião no Centro Yorenka Ãtame, em Marechal Thaumaturgo, com duas comunidades da Reserva e uma comunidade do seu entorno.

Os encontros tiveram o objetivo de esclarecer sobre as atividades do Projeto Alto Juruá e informar a respeito da realização do primeiro módulo do Curso de Agroecologia para capacitar os membros escolhidos pelas comunidades da ResEx e das Terras Indígenas Kaxinawá-Ashaninka do Rio Breu e Kampa do Rio Amônia em práticas de agroecologia. Serão 90 representantes capacitados que irão multiplicar os conhecimentos adquiridos sobre o trabalho de reflorestamento e recuperação de áreas degradadas em suas respectivas comunidades. O curso terá a duração de dez dias, iniciando no dia 26 de outubro, no Centro Yorenka Ãtame, e terá continuidade com a realização de mais dois módulos nos próximos dois anos.

A proposta é aumentar o cultivo de frutas para a subsistência das famílias das comunidades, reflorestar áreas degradadas e também incrementar a produção de frutas para o abastecimento da agroindústria que está sendo construída no Centro Yorenka Ãtame com recursos do Governo do Estado do Acre, o que deve gerar uma nova fonte de renda para as comunidades. Os produtos beneficiados irão abastecer o comércio e as escolas de Marechal Thaumaturgo, beneficiando toda a população.


Francisco Piyãko

As reuniões se deram em um clima familiar, considerando a luta história travada na década de 1980 na região por indígenas e extrativistas pelo reconhecimento de seus direitos territoriais e em defesa da floresta. O coordenador Francisco Piyãko fez parte desse movimento e manifestou sua satisfação em estar levando essa iniciativa para a Reserva em nome da Apiwtxa, por sentir ser essa a continuidade de um processo de trabalho conjunto.

Francisco Nascimento (Nino)
Muitos moradores da Reserva também se manifestaram nesse sentido e reforçaram a importância das práticas agroflorestais para o bem-estar das comunidades da região. O morador da comunidade Vila Restauração Alto Tejo, Francisco das Chagas Bezerra do Nascimento (Nino), declarou: “Quando a Reserva foi criada, eu era pequeno e acompanhava meu pai nas reuniões. Lembro da luta que tivemos para ser independentes. Em 2009, quando assumi a subprefeitura da Vila Restauração, fiz um convite ao Benki Piyãko para vir nos ajudar. Ele veio, nos ajudou, conseguimos fazer um pequeno reflorestamento e separar os animais, que antes ficavam todos misturados. Hoje, já temos muitas frutas e uma comunidade diferente. Creio que, no final deste Projeto, iremos melhorar de vida, teremos segurança de morar na Resex e uma alimentação mais saudável. O Projeto vai trabalhar muito isso da gente ter direito de morar na Reserva. Teremos orgulho de morar nela”.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Associação dos Seringueiros e Agricultores da Reserva Extrativista Alto Juruá (ASAREAJ) estiveram presentes em algumas das reuniões e destacaram a importância da iniciativa para o fortalecimento da sustentabilidade e da proteção da Reserva.

(Fotos de Carolina Schneider Comandulli)

21/10/2015

APIWTXA REALIZA OFICINA DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DO PROJETO ALTO JURUÁ


Nos dias 16, 17 e 18 de setembro de 2015, a Associação Ashaninka do Rio Amônia Apiwtxa realizou, no Centro Yorenka Ãtame (Saberes da Floresta), em Marechal Thaumaturgo, no Acre, a Oficina de Planejamento Estratégico, primeira atividade do Projeto Alto Juruá, firmado em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES/ Fundo Amazônia. Estiveram presentes representantes da comunidade Apiwtxa/Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, bem como da Reserva Extrativista Alto Juruá e da Terra Indígena Kaxinawá/Ashaninka do Rio Breu. Serão beneficiados cerca de 1.320 indígenas dessas áreas, além de 50 comunidades da Reserva Extrativista do Alto Juruá. Durante a oficina, foi apresentada a equipe técnica. Também foram discutidas e detalhadas as principais atividades que serão desenvolvidas.
O Projeto, desenvolvido pela Apiwtxa, tem como objetivos principais: promover o manejo e a produção agroflorestal em comunidades tradicionais e indígenas no município de Marechal Thaumaturgo, no Acre, de modo a constituir alternativa econômica sustentável ao desmatamento; apoiar iniciativas de monitoramento e controle do território; e fortalecer as organizações comunitárias locais. Também serão promovidos intercâmbios a fim de melhorar o diálogo com comunidades Ashaninka no Peru.

Algumas opiniões sobre o Projeto

O cacique Ashaninka da Comunidade do Rio Breu, Antônio Petxanka Ashaninka, diz que este é "o primeiro projeto que veio para a comunidade e para as lideranças para cuidar da terra, aumentar a nossa produção em nossa área, podermos proteger nossa terra e aprender mais como organizar nossos trabalhos”.

O cacique da T.I. Ashaninka do Rio Amônia, Antônio Piyãko Ashaninka, observa: “Conversamos e planejamos muito pra que tudo possa ser bem feito e entendi que esse trabalho vai ser muito grande. Que possa ajudar muitas comunidades, que o plano seja bem desenvolvido e que todos possam trabalhar e aproveitar a oportunidade”.

O presidente da Reserva Extrativista do Alto Juruá (Resex), Valmar Calista, afirma: “Vai trazer benefícios pras comunidades e toda a população da Reserva Extrativista e o reflorestamento pra dentro da Reserva, que estamos precisando. E a construção da sede da Reserva, que será muito importante pra todos”.

Para a Apiwtxa a oficina foi bem positiva. Além de ter sido elaborado um plano de trabalho, todos os participantes equipe, parceiros e beneficiados conseguiram entender como se deu o árduo processo para que o Projeto fosse aprovado. Puderam, também, tirar dúvidas e dar sugestões que serão importantíssimas para sua execução.
Agradecemos a participação de todos.

RETOMANDO AS COMUNICAÇÕES NO BLOG DA APIWTXA


A Associação Ashaninka do Rio Amônia – Apiwtxa está retomando, após 4 anos, as postagens em seu blog. Essa retomada se dá em um contexto de intensas atividades da Associação, na intenção de manter o público informado acerca do que vem ocorrendo.
A Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, situada no Município de Marechal Thaumaturgo – AC, hoje com cerca de 800 habitantes, foi demarcada em 1992, com um total de 87.205 hectares. A demarcação foi resultado de uma luta dos Ashaninka que teve início na década de 1980 contra a invasão de suas terras por madeireiros ilegais e pelo reconhecimento do direito ao seu território.

Gestão territorial e ambiental e organização comunitária

Desde então, os Ashaninka do Rio Amônia tem se empenhado em fazer uma gestão adequada de seu território e dos recursos imprescindíveis à sua reprodução física e cultural e em fortalecer a sua autonomia. Nesse processo, a comunidade fundou sua própria cooperativa, denominada Ayõpare (“troca/negócios”, em Ashaninka) e sua própria associação, denominada Apiwtxa (“todos juntos”, em Ashaninka). Essas instituições são geridas por um coletivo de líderes – homens e mulheres – que fazem parte da comunidade e estão em constante diálogo com a população da Terra Indígena.  Também, entre 1995 e 1997, a comunidade toda se mudou para uma mesma localidade próxima a uma das fronteiras de sua terra, nas margens do Rio Amônia, com o fim de fortalecer a proteção territorial e de melhorar a gestão ambiental do território.
Ao longo dos anos, este processo de organização comunitária atraiu uma série de iniciativas para os moradores da Terra Indígena, que se beneficiaram por diversos projetos que têm auxiliado na obtenção dos objetivos estabelecidos pela comunidade no período pós-demarcação.
Ainda na década de 1990, os Ashaninka da Apiwtxa construíram suas estratégias de gestão territorial e ambiental, que posteriormente foram sistematizadas no Plano de Gestão Territorial e Ambiental da Terra Indígena - PGTA. O PGTA é um instrumento que reflete os anseios que a comunidade tem para seu futuro nos diversos domínios de sua existência, como educação, saúde, atividades produtivas, entre outros. Nesse processo, também realizaram o etnomapeamento de seu território, fazendo um reconhecimento dos espaços e dos recursos da Terra Indígena, a fim de planejar sua forma de uso. Munidos destas ferramentas, os Ashaninka foram beneficiados por diversos projetos que tem auxiliado a promover o manejo de recursos naturais de seu território – como o manejo de quelônios, a criação de peixes e a implementação de sistemas agroflorestais - de modo a proteger esses recursos e também a garantir a segurança alimentar da comunidade.
A partir dessas experiências, os Ashaninka da Apiwtxa criaram, em 2007, com o apoio de parceiros e amigos, o Centro Yorenka Ãtame (“saberes da floresta”, em Ashaninka). Trata-se de uma área 86 hectares que foi por eles adquirida em frente ao núcleo urbano de Marechal Thaumaturgo com a finalidade de multiplicar e compartilhar os conhecimentos e aprendizados sobre a floresta entre indígenas e não-indígenas. Busca-se que as atividades realizadas nesse espaço também influenciem e contribuam com políticas públicas, programas e ações adequadas aos povos da floresta. 

Como resultado de todas essas iniciativas, hoje a Apiwtxa conta com uma ampla gama de parceiros governamentais e não-governamentais nos níveis local, estadual, nacional e internacional.

Projetos e articulações para além das fronteiras

Atualmente, a Apiwtxa está cada vez mais fortalecida nesse papel de multiplicadora de saberes e conhecimentos, e tem expandido seus aprendizados e experiências para além de suas fronteiras territoriais. Dentre as iniciativas em curso na atualidade, a Apiwtxa está envolvida em diversos projetos que envolvem o engajamento com atores nacionais e internacionais.
Um deles é o Projeto de Piscicultura, apoiado pela Fundação Banco do Brasil, aprovado no ano de 2014, com recursos do Fundo Amazônia. Este projeto tem por objetivo fortalecer o manejo pesqueiro e agroflorestal da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, da Comunidade Raio do Sol, situada no Assentamento do INCRA PA Amônia, do Centro Yorenka Ãtame e da Terra Indígena Kaxinawá-Ashaninka do Rio Breu, por meio da abertura de açudes, limpeza de lagos, capacitação e incremento do estoque pesqueiro com vistas à promoção da segurança alimentar dessas comunidades.

Outra grande iniciativa na qual os Ashaninka da Apiwtxa estão envolvidos é o Projeto Alto Juruá, aprovado em abril de 2015 pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES, também com recursos do Fundo Amazônia. Trata-se do primeiro projeto do BNDES/Fundo Amazônia aprovado diretamente por uma associação indígena no Brasil. O projeto tem a duração de três anos. Seus três principais eixos são: i. o assessoramento, capacitação e implantação de sistemas agroflorestais; ii. o apoio à gestão territorial e ambiental às comunidades indígenas e tradicionais do Alto Juruá, e; iii. o desenvolvimento institucional das organizações comunitárias. Dentre as atividades do projeto estão a realização de cursos de formação na área de agroecologia, de gestão territorial e ambiental e de gestão de projetos, a construção de bases de vigilância e de estrutura para a produção e comercialização de polpa de frutas.
O Projeto tem como beneficiários os habitantes da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, representados pela Apiwtxa, mais as comunidades Terra Indígena Kaxinawá-Ashaninka do Rio Breu e 50 comunidades da Reserva Extrativista Alto Juruá. Outro projeto complementar ao Projeto Alto Juruá é a instalação, no Centro Yorenka Ãtame, da primeira agroindústria do Alto Juruá, financiada pelo Governo do Acre, voltada para o beneficiamento da produção de polpa de frutas para comercialização.

Além disso, desde 2014, a Apiwtxa também está recebendo apoio pela organização francesa Pur Projet para o plantio de 90 mil mudas no Centro Yorenka Ãtame, Comunidade Raio do Sol e na Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, a fim de promover o reflorestamento e o plantio de frutíferas com vistas à recuperação de áreas degradadas, formação de jovens, fortalecimento da segurança alimentar e melhoria da qualidade de vida das comunidades.
Por fim, mas não por último, os Ashaninka da Apiwtxa ampliaram, em 2015, sua articulação junto às comunidades e organizações Ashaninka no Peru, com foco no fortalecimento da união do povo Ashaninka e na proteção de sua história e de seus lugares sagrados. Entre julho e agosto foi realizada uma expedição pelo território Ashaninka na Selva Central peruana, ao longo do curso dos rios Perene, Tambo e Ucayali, a fim de situar os lugares sagrados do povo Ashaninka e resgatar a sua história. Em setembro de 2015, a Apiwtxa conseguiu o apoio financeiro para a realização do Primeiro Encontro Binacional do Povo Ashaninka do Brasil e do Peru, na cidade de Pucallpa. Neste encontro, mais de 150 líderes Ashaninka estiveram reunidos para discutir os problemas que têm afetado seus territórios e seus direitos e tratar de sua organização enquanto povo. Como resultado dessa reunião, foram produzidas duas declarações – uma para o Governo do Peru e outra para ser apresentada internacionalmente – como manifestação do povo Ashaninka a respeito de suas demandas.


Próximos passos

Em novembro de 2015 haverá um grande evento envolvendo a inauguração do Pontão de Cultura Alto Juruá no Centro Yorenka Ãtame, com a parceria do Ministério da Cultura e do Governo do Acre, para promover a discussão acerca do apoio do governo às iniciativas culturais dos povos indígenas no Brasil. Também, os Ashaninka da Apiwtxa, junto a representantes Ashaninka do Peru, estarão presentes da Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas – COP 21, em Paris, em uma programação diversa que envolve a divulgação de suas experiências e também das demandas levantadas pelos Ashaninka do Peru e do Brasil.

A partir de agora, a Apiwtxa passará a divulgar permanentemente suas atividades e iniciativas em diversas instâncias. Esperamos, com isso, contribuir com informações para o público em geral, e estamos abertos para esclarecer e colaborar com nossos interlocutores.


(Fotos de Carolina Schneider Comandulli)