29/09/2009

5ª Reunião Nacional de Política Indigenista em Rio Branco

por O Rio Branco, 28/09/2009

A gestão da política indigenista do Acre e o garimpo na Terra Indígena Cinta Larga serão debatidos por lideranças indígenas e representantes governamentais, durante a 5ª Reunião Extraordinária da Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI), realizada no Pinheiro Palace Hotel, na cidade de Rio Branco/AC, entre 29 de setembro e 02 de outubro/09. Outro ponto de pauta do encontro será o Decreto que regulamenta a entrada de não-indígenas nas terras indígenas reconhecidas e demarcadas pelo Governo Federal. A minuta do Decreto foi apresentada durante a 10 ª Reunião Ordinária da CNPI, em setembro, e deverá ser aprovada nesta plenária, com as modificações propostas pela Subcomissão de Assuntos Legislativos, da CNPI.

Na ocasião, representantes do Ministério da Previdência Social farão uma apresentação sobre o Termo de Cooperação Técnica, assinado entre o Ministério e a Funai, que garante a inclusão e validação de indígenas como Segurados Especiais do INSS. A Secretaria Especial de Direitos humanos fará, também, uma exposição sobre a Campanha Nacional de Registro Civil.

São convidados da CNPI em Rio Branco, o governador do Estado, Arnóbio Marques de Almeida Júnior, o prefeito de Rio Branco, Raimundo Angelim, os senadores Tião Viana, Geraldo Mesquita e Marina Silva, os deputados federais Perpétua Almeida e Nilson Mourão, os deputados estaduais Edvaldo Magalhães, Moisés Diniz e Perpétua Sá, e assessor especial dos Povos Indígenas do estado, Francisco da Silva Pinhanta.

HISTÓRICO DA CNPI

A Comissão Nacional de Política Indigenista surgiu em resposta a uma antiga reivindicação dos povos indígenas, no sentido de que pudessem participar mais efetivamente dos processos decisórios relativos às questões que os afetam e ao meio em que vivem, levando em conta o que estabelece a legislação brasileira, que reconhece o Brasil como um país pluriétnico e multicultural. Com a criação da CNPI, foi estabelecido um canal específico para o diálogo entre os diversos órgãos de governo responsáveis pela política indigenista oficial do Estado brasileiro e representantes indígenas de todo o país, os quais têm se reunido regularmente para tratar dos mais importantes temas relacionados à questão indígena.

A CNPI tem caráter paritário e é composta por 20 representantes indígenas, 2 representantes de organizações indigenistas não governamentais e 13 membros de órgãos governamentais, além de 3 convidados permanentes – o Ministério Público Federal, a Advocacia Geral da União e a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Com mais de dois anos de existência, tem se caracterizado por ser um espaço de diálogo, uma construção coletiva e de compartilhamento de responsabilidades, experiências e conhecimentos, onde, apesar das divergências e conflitos, prevalece o entendimento e o respeito entre as diversas partes envolvidas.

Programação

28/09 – Chegada dos indígenas à Rio Branco/AC
29/09 – Reunião dos representantes indígenas e de ONGs indigenistas
30/09 a 02/10 – Plenária Geral

25/09/2009

Isaac Pinhanta Ashaninka, secretario de meio ambiente, está entre os reféns no conflito de Marechal Thaumaturgo



Demarcação da terra indígena Arara do Rio Amônia revolta brancos assentados pelo INCRA

por Elson Costa, Jornal Voz do Norte, 25/09/2009

Os moradores do Projeto de Assentamento (PA) Amônia, localizado na margem esquerda do Rio Arara, distante 3 horas da sede do município de Marechal Thaumaturgo, se rebelaram contra a publicação de uma Portaria do Ministério da Justiça, que deu posse permanente aos índios Arara do Rio Amônia de uma área de 20.764 hectares, onde está implantado o projeto.

Na tarde de segunda-feira os moradores se reuniram na Câmara Municipal para debater o problema e fizerem refém seis vereadores que participavam da reunião - Antonio, Alemão, Marcos, Antonieta, Ester e Orleildo – além dos secretários de Agricultura, Clemerson Souza e do Meio Ambiente, Isaac Pianko. Mais de 200 pessoas ocuparam o plenário e exigiram a presença de autoridades dos governos estadual e federal para debater o problema.

“Não vamos sair das nossas terras, lá está toda nossa vida. Não queremos indenização e só vamos sair de lá se formos mortos”, disse o líder do movimento, José Carlos, que alerta as autoridades para provocações feitas pelos índios depois que tomaram conhecimento da portaria do Ministério da Justiça, afirmando que na área existem 150 famílias assentadas pelo INCRA, que sobrevivem da agricultura”, disse.


O prefeito Randson Almeida estava em Rio Branco, tratando de assuntos de interesse do município e retornou imediatamente ao município, assim que foi comunicado da situação. Ainda na noite de terça-feira, recebeu na prefeitura o líder do movimento para tomar conhecimento das reivindicações, reconhecendo a complexidade do problema e da decisão dos assentados de manter reféns na câmara os vereadores, além de fechar escolas e a prefeitura.

“Com a publicação da portaria pelo Ministério da Justiça muitas famílias que residem naquele local há mais de 50 anos terão que desocupar á área. A portaria deu a posse aos índios, causando um sério problema ao município que não tem local para alojar tanta gente, principalmente porque a maior parte das terras estão ocupadas com reservas e o Parque Nacional da Serra do Divisor”, disse.

O prefeito acompanhou o desenrolar do movimento e a prefeitura articulou para que os assentados e os órgãos dos governos estadual e federal possam decidir uma forma que não prejudique nenhuma das partes, alertando que são 150 famílias que moram na região, produzindo grande parte da alimentação que abastece a sede do município.

“Não houve uma contestação dos órgãos federais competentes que representavam os assentados e por esta razão o Ministério da Justiça homologou a área conhecida Terra Arara do Rio Amônia, com área de 20.764 hectares, aproximadamente 80 quilômetros, atingindo a área do assentamento onde estão os agricultores, que nestas condições terão que desocupar a área. Mas vamos unir as forças e junto com o governo do Estado buscar uma solução para que as famílias possam se manter nos seus lotes”, disse o prefeito.

Reféns

Os vereadores ficaram detidos e alojados na sala da presidência da Câmara Municipal, dormindo em colchões, apesar de terem sido bem tratados pelos manifestantes. O vereador Orleildo Lopes (PT) entende que os assentados querem que os órgãos do governo federal - INCRA, IBAMA – garantam a segurança e permanência das famílias nos seus lotes. “Estamos bem, precisamos voltar as nossas casas, mas estamos solidários com os parceleiros que não podem ficar prejudicados com a decisão do Ministério da Justiça”, disse Orleildo Lopes.


Projeto de Assentamento Amônia

O Projeto de Assentamento (PA) Rio Amônia foi criado pelo INCRA para atender 150 famílias de produtores da região. Algumas delas moravam na terra indígena Ashaninka, demarcada pelo INCRA. O processo que criou a Terra Indígena do Rio Amônia foi iniciado no ano de 2000 e depois de uma longa tramitação nos diversos órgãos governamentais federais teve sua homologação e publicação no Diário Oficial da União (DOU) em 16 de setembro de 2008 e no Diário Oficial do Estado em 15 de Outubro de 2008. Não havendo contestação ao relatório de identificação e delimitação o Ministro da Justiça declarou através da Portaria no 2.986, de 8 de Setembro de 2009, a posse permanente do grupo Arara a terra indígena do Rio Amônia.

Dona Maritô, parteira da região, afirma que a decisão do Ministério Público não corresponde com a realidade da região, pois os moradores chegaram ao local antes dos que hoje se consideram índios e conseguiram enganar as autoridades. “Sobrevivemos do que plantamos – laranja, mamão, tangerina, abacate, milho, arroz, feijão e todo tipo de frutas – e queremos uma solução para esse problema. As autoridades precisam nos ajudar. Eduquei dez filhos vendendo as frutas que plantamos e nossa proposta é mostrar que esse povo precisa de sua terra. Não vamos sair, queremos mesmo é ficar na nossa terra, não queremos indenização”, disse emocionada.

Secretário de Justiça e Direitos Humanos e assessores do governo garantem apoio a assentados

O Secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Dr. Henrique Corinto, chegou a Marechal Thaumaturgo por volta das 16:30 horas da quarta-feira (23), acompanhado do Secretário dos Povos Indígenas, Francisco Pianko e do Assessor da Secretaria de Assuntos Institucionais do Governo, Itamar de Sá e se reuniram com os manifestantes na Câmara Municipal. O prefeito Randson Almeida, o representante do movimento José Carlos, os vereadores, o presidente da Asareaj, o presidente do PA Amônia, Josenildo, também participaram da reunião na Câmara Municipal.

Henrique Corinto explicou que atendendo determinação do governador Binho Marques, já tomou diversas medidas junto ao Ministério Público Federal, autor da ação judicial que contrapôs o processo que estava correndo no Ministério da Justiça e atingiu os parceleiros.

“Imediatamente, depois de ser comunicado da situação pelo secretário dos Povos Indígenas, Francisco Pianko, fizemos contato com o Ministério Público Federal, IBAMA, INCRA e FUNAI, numa primeira ação do governo do Estado contra a portaria. É um problema que está fora da jurisdição do Estado, por isso o governador nos mandou para colocar a disposição de vocês a estrutura política e jurídica do Estado para buscar uma solução. Inicialmente, nosso entendimento é que precisamos escolher seis membros da comunidade para ir à Rio Branco”, disse o secretário.

Henrique lamentou a decisão do Ministério da Justiça que revoltou os parceleiros. “É uma situação que não se resolve apenas numa reunião, mas contamos com o apoio dos deputados federais e do senador Tião Viana. Então, precisamos fazer a escolha dos representantes da comunidade para começar a luta, ressaltando que o governo do Estado vai custear todas as despesas para levar os representantes onde tiverem que se deslocar”, disse.

Henrique Corinto finalizou dizendo que o Governo do Estado fez contato com a direção da FUNAI que já determinou a presença do indigenista Antonio Macedo na região, para fazer um trabalho de conscientização junto aos indígenas e informar que eles não podem forçar a saída de nenhuma família ou morador de sua localidade, porque o processo ainda não foi concluído.

Acordo


Os parceleiros inicialmente não concordaram com a proposta, mas depois de ouvir o assessor da Secretaria de Assuntos Institucionais do Governo, Itamar de Sá, que explicou não haver outra saída para a situação, conseguiu convencer os assentados da necessidade de atender a proposta feita pelo secretário de Justiça e Direitos Humanos, em nome do governador Binho Marques.

“Tomamos conhecimento da situação na segunda-feira (21) e o secretário de Justiça e Direito Humanos já encaminhou documentos aos órgãos responsáveis. Me lembro que vivemos este problema há nove anos. Mas, esta é uma situação mais grave do que as outras. Não vamos conseguir resolver a situação numa assembléia, será preciso um entendimento de várias instituições federais. Precisamos levar o problema à mesa dos órgãos responsáveis para iniciar buscar uma solução”, disse.

Itamar de Sá foi enfático ao alertar os assentados para a gravidade da situação. “Infelizmente a coisa é mais séria do que imaginamos, por isso faço um apelo para que atendam a proposta. Sabemos que vocês não estão satisfeitos, mas a decisão do ministro foi outra e agora precisamos lutar para garantir o direito de todos. Então, é uma situação grave, os senhores e senhoras precisam legitimar os representantes para irem a Rio Branco e o governo vai custear a estadia e alimentação, para discutirem o problema. Depois, eles voltam para apresentar as soluções para todos. Faço um apelo para que aceitem a proposta colocada pelo representante do governo”, finalizou.

O Secretário dos Povos da Floresta, Antonio Pianko, informou aos parceleiros que logo que o governo recebeu a informação do problema já acionou o Ministério Público Federal para garantir que os direitos dos assentados seja respeitado.

“Depois de meia hora que recebermos o telefonema informando gravidade da situação fomos ao Ministério Público Federal porque sabemos como funciona a tramitação. Será uma luta árdua, mas o governo vai garantir as despesas necessárias para deslocamento dos representantes do movimento. O que queremos é somar com vocês, já fizemos varias andanças em Rio Branco e agora vamos começar outras reuniões para poder terminar o processo, mostrar ao Ministro da Justiça que vocês não são invasores.

Vocês não são posseiros e foram assentados pelo próprio INCRA. Então, o secretário Henrique está colocando a disposição do governo em ajudar. Outra coisa que acho ruim é sobre o comportamento dos indígenas com relação aos assentados. Nos antecipamos e alertamos a FUNAI para a situação porque o processo ainda não foi concluído e o indigenista Antonio Macedo já está presente na região e vai visitar a área para dar ciência aos índios que não podem fazer nenhuma provocação aos assentados”, disse.

Os assentados resolveram aceitar a proposta e vão formar uma comissão de 6 representantes do movimento que serão levados à Rio Branco onde vão fazer gestão junto ao Ministério Público Federal, INCRA e IBAMA para mostrar que não podem ser expulsos de sua terra onde há mais de 50 anos sobrevivem do árduo trabalho da agricultura. Os assentados agradeceram a colaboração dos vereadores que passaram 3 dias na Câmara Municipal e também ao governo do Estado pela decisão de prestar assistência política e jurídica para a solução do caso

* Entenda melhor o caso:A SOLUÇÃO DOS CONFLITOS ENTRE ÍNDIOS E NÃO ÍNDIOS NO RIO AMÔNIA EXIGE URGENTE AÇÃO INOVADORA DO ESTADO


Tensão em Marechal Thaumaturgo

Demarcação da terra indígena Arara do Rio Amônia revolta brancos assentados pelo Incra

Página 20, 25/09/2009

Os moradores do Projeto de Assentamento (PA) Amônia, localizado na margem esquerda do Rio Arara, distante três horas da sede do município de Marechal Thaumaturgo, rebelaram-se contra a publicação de uma Portaria do Ministério da Justiça, que deu posse permanente aos índios Arara do Rio Amônia de uma área de 20.764 hectares, onde está implantado o projeto.

Na tarde de segunda-feira os moradores se reuniram na Câmara Municipal para debater o problema e fizerem refém seis vereadores que participavam da reunião - Antonio, Alemão, Marcos, Antonieta, Ester e Orleildo -, além dos secretários de Agricultura, Clemerson Souza, e do Meio Ambiente, Isaac Pianko. Mais de 200 pessoas ocuparam o plenário e exigiram a presença de autoridades dos governos estadual e federal para debater o problema.

“Não vamos sair das nossas terras, lá está toda nossa vida. Não queremos indenização e só vamos sair de lá se formos mortos”, disse o líder do movimento, José Carlos, que alerta as autoridades para provocações feitas pelos índios depois que tomaram conhecimento da portaria do Ministério da Justiça, afirmando que na área existem 150 famílias assentadas pelo Incra, que sobrevivem da agricultura”, disse.

O prefeito Randson Almeida estava em Rio Branco tratando de assuntos de interesse do município e retornou imediatamente, assim que foi comunicado da situação.

* Entenda melhor o caso:A SOLUÇÃO DOS CONFLITOS ENTRE ÍNDIOS E NÃO ÍNDIOS NO RIO AMÔNIA EXIGE URGENTE AÇÃO INOVADORA DO ESTADO

23/09/2009

Agricultores mantêm vereadores como reféns em Marechal Taumaturgo

por Agência ALEAC, O Rio Branco, 22/09/2009

Cerca de 60 agricultores do Projeto de Assentamento do Rio Amônia, em Marechal Taumaturgo, estão mantendo sete vereadores como reféns na Câmara Municipal. Eles reivindicam a presença na cidade de representantes do Incra, do Ibama e da Funai para esclarecerem o destino de aproximadamente 150 pequenos produtores rurais do assentamento, cujas terras foram reconhecidas e demarcadas como reserva indígena da etnia Apolima Arara, recentemente homologada pelo Ministério da Justiça.

De acordo com o presidente da Câmara, Jamesson Silva Oliveira (PP), os agricultores procuraram os vereadores na tarde de ontem (21) solicitando uma reunião para debater o problema. “Ao final da reunião, às 15 h, eles decidiram nos manter aqui e só prometem nos liberar quando vierem os representantes federais”, explica Jamesson.

O agricultor José Carlos Félix da Silva, de 45 anos, afirma que nasceu nas margens do rio Amônia e só vai sair dali “depois de morto”. Segundo ele, as famílias que vivem no Projeto de Assentamento já foram expulsas de outra área indígena, do grupo Ashaninka, há 22 anos, e ouviram do presidente da Funai na época que aquelas terras não eram de interesse indígena. “Até quando vamos ficar sendo expulsos?”, pergunta Zé Carlos.

A deputada estadual Perpétua de Sá (PT) fez um pronunciamento na manhã desta terça-feira pedindo a intermediação da Assembleia na solução do conflito através da Comissão de Legislação Agrária. A deputada defende a localização de outra área para o assentamento das famílias e o pagamento de uma indenização pelas benfeitorias de cada propriedade. Segundo Zé Carlos, cada família possui lotes de 60 a 100 hectares onde cultivam arroz, feijão, milho, cana-de-açúcar e criam animais.

* Entenda melhor o caso:
A SOLUÇÃO DOS CONFLITOS ENTRE ÍNDIOS E NÃO ÍNDIOS NO RIO AMÔNIA EXIGE URGENTE AÇÃO INOVADORA DO ESTADO


21/09/2009

Carta dos Povos Indígenas da Amazônia Brasileira sobre as mudanças climáticas


Aos dez de setembro do ano de dois mil e nove, em Manaus – AM, representantes de dezenas de Povos Indígenas, com apoio da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira - COIAB, realizaram o Seminário sobre Mudança Climática com vista a sistematizar propostas dos Povos Indígenas para a Décima Quinta reunião das Partes da Convenção de Clima (COP 15) e para a política brasileira de mudanças climáticas. Depois de 2 dias de discussão as lideranças reunidas decidiram levar para discussão com o Governo Brasileiro, e para as Reuniões Indígenas e Oficiais preparatórias para a Cop 15, em Copenhagen, as seguintes propostas:

Sobre a negociação para um novo regime internacional de clima:

1. Que as novas decisões da Convenção de Clima a serem tomadas em Copenhagen incluam textualmente a necessidade das Partes respeitarem e aplicarem integralmente a Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas da ONU e a Convenção 169 da OIT. Reiteramos ao Governo Brasileiro e outros governos o pedido de apoio à nossa proposta

2. Afirmamos nossa preocupação com os impactos das mudanças climáticas sobre nossa vida e com Planeta, e por tanto requeremos que os países e a ONU priorizem urgentemente ações de mitigação e adaptação voltadas aos Povos indígenas. Propomos o reconhecimento e a valorização dos nossos sistemas sócio-culturais e nossos conhecimentos tradicionais como referencia fundamental para a construção das novas estratégias da humanidade frente às mudanças climáticas;

3. Nossos Territórios são comprovadamente mais eficazes para evitar o desmatamento das florestas e armazenar carbono, por isso exigimos que o reconhecimento e aplicação dos nossos direitos territoriais sejam priorizados como uma importante estratégia de enfrentamento das mudanças climáticas e que todos os Governos assumam compromissos de garantir imediatamente os direitos Territoriais dos Povos Indígenas, restituindo os Territórios Indígenas tradicionais;

4. Que todos os Governos, especialmente o Governo Brasileiro e os demais Governos dos Países da Bacia Amazônica, avaliem as conseqüências e revejam integralmente os grandes programas e projetos de desenvolvimento e infra-estrutura que ameaçam as Florestas, os Povos Indígenas e seus territórios e que provocam grandes desmatamentos e impactos socioambientais e culturais.

5. Que o Governo brasileiro e as demais partes signatárias da Convenção de Clima reconheçam formalmente os serviços ambientais de mitigação das mudanças climáticas prestados pelos Povos Indígenas ao proteger, conservar e evitar desmatamento na floresta Amazônica, reconhecendo formalmente o direito dos Povos Indígenas ao carbono estocado em seus territórios, e implementando mecanismos financeiros de remuneração aos Povos Indígenas por estes serviços;

6. Que todas as estratégias de mercado de carbono, sejam voluntarias ou formais, respeitem integralmente os direitos indígenas assegurando-lhes os benefícios decorrentes dos créditos de carbono, conforme legislação nacional e os tratados internacionais que protegem os direitos indígenas.

7. Que a Convenção de Clima e o Governo Brasileiro assegurem a participação efetiva dos Povos Indígenas na elaboração e implementação de programas e projetos relacionados às mudanças climáticas, garantindo-nos o direito ao consentimento livre, prévio e informado, na aplicação de qualquer medida de adaptação e mitigação as mudanças climáticas nos Territórios Indígenas, inclusive o direito de dizer “sim ou não”.

8. Que os países do Anexo 1 e os países emergentes, inclusive o Brasil, efetivamente mudem o seu modelo econômico de desenvolvimento e de consumo para uma economia de baixo carbono, tendo em vista que a meta de 5% do Protocolo de Kyoto foi pequena e insignificante e que assumam uma nova meta de redução de emissão de gases de efeito estufa durante a COP15, da ordem de no mínimo 40% até 2020 e 80% ate 2050. Recomendamos inclusive que o novo regime internacional crie mecanismos de penalização econômica para os países que não cumprirem as metas acordadas.

9. Que as compensações de emissão de carbono, chamados de mecanismo de flexibilização não sejam permitidos sem que primeiro seja comprovada uma efetiva redução nos Países “Ricos” e que o uso de mecanismos de compensação de compra de crédito de carbono dos Países seja limitado.

Sobre a Política Brasileira de Mudanças Climáticas:

10. Manifestamos nossa preocupação com o Plano Nacional de Mudança do Clima do Governo Brasileiro, elaborado sem consulta aos Povos Indígenas e sem sequer incluir ações de reconhecimento e fortalecimento dos Territórios Indígenas, de adaptação voltada a esses povos e de reconhecer seu papel na conservação das florestas. Reivindicamos participação efetiva dos Povos Indígenas na revisão deste Plano, prevista para 2010.

11. Demandamos também que o Congresso nacional garanta a participação indígena na discussão dos projetos de lei de mudanças climáticas que tramitam na Câmara e Senado, inclusive reconhecendo nestas leis os direitos dos Povos Indígenas ao carbono estocado em seus Territórios.

Sobre o Fundo Amazônia e os Povos Indígenas:

12. Manifestamos ao Governo Brasileiro e ao BNDES nossa preocupação com a dificuldade dos Povos Indígenas acessarem o Fundo Amazônia considerando a inadequação das exigências estabelecidas para apresentação de projetos, às nossas especificidades sócio-culturais.

13. Que o Governo Brasileiro crie, com participação indígena, um fundo financeiro especifico para Povos Indígenas como forma de assegurar que todos os recursos oriundos dos serviços climáticos e ambientais prestados pelos Povos Indígenas e seus territórios, cheguem efetivamente às comunidades.

14. O Fundo Amazônia e outros Fundos de adaptação e mitigação as mudanças climáticas devem apoiar projetos de fortalecimento institucional e técnico das Organizações Indígenas regionais e locais para que estas tenham condições de apoiar as comunidades indígenas na construção, implementação e monitoramento dos programas e projetos e controle social destes fundos.

16/09/2009

“Os velhos têm todo o conhecimento, eles viveram e desenvolveram várias ciências.”


Última etapa da Conferencia Regional de Educação Escolar Indígena é realizada no Acre*

Os povos indígenas do Acre e sudoeste do Amazonas realizaram a I Conferencia Regional de Educação Escolar Indígena, no município de Plácido de Castro/AC, durante os dias 23 a 27 de agosto de 2009. “Uma conferência com grandes discussões para nós professores, fortalece o nosso conhecimento”, destacou o professor José Luiz Poyanawá.

No decorrer do evento foram apresentadas, pelas lideranças e professores indígenas, mesas debatedoras e discursivas sobre a Territorialidade e Autonomia; Práticas Pedagógicas; Políticas, Gestão e Financiamento; Participação e Controle Social e Diretrizes para a Educação Escolar Indígena.

O coordenador do departamento de Educação Escolar Indígena do MEC, Gersem dos Santos, indígena da etnia Baniwa, ressaltou a importância da educação nos dias de hoje. “A educação é a nossa arma, é o principal instrumento para a conquista dos direitos dos povos indígenas”, enfatizou .

O professor Germano Paumari lembrou que os povos indígenas observam o mundo de uma forma diferenciada. “Quando nascemos já fazemos uma leitura do mundo, temos uma cultura e organização social diferente da sociedade envolvente, por isso devemos criar o nosso próprio calendário” e o professor Isaac Ashaninka, reunindo idéias em torno da garantia de uma educação diferenciada completa: “os velhos têm todo o conhecimento, eles viveram e desenvolveram várias ciências” .

O evento trouxe professores e lideranças indígenas de 21 etnias diferentes entre elas: Shawãdawa, Paumari, Apolima, Katukina, Nawa, Puyanawa, Madija, Jaminawa, Shanenawa, Nukini, Kulina, Jaminawa, Ashaninka, Machineri , Yawanawa, Deni. Kanamari, Jamamadi, Apurinã, Kaxinawa e Kuntanawa.

Essa foi a última etapa das conferências regionais, a próxima será a Conferência Nacional, cuja data ainda será definida, em função de adiamento por causa da Gripe A. Essas são antigas reivindicações dos povos indígenas, para proporcionar a reflexão com maior profundidade e elaborar um documento com a ampla participação das comunidades indígenas, para que se realizem programas e políticas de educação escolar indígena.

* Funai, Portal do Cidadão - Povos Indígenas, 31/08/2009

04/09/2009

Nota de repúdio



Comunidade Apiwtxa do povo Ashaninka do rio Amônia, Aldeia Apiwtxa, 4 de setembro de 2009.


Repudiamos a matéria da Folha de São Paulo "Índios atacam exploração apoiada por Marina", que tenta atrelar à Senadora Marina Silva um caso de desrespeito a nossos direitos que na realidade nada tem a ver com ela.

Nossa briga é com um pesquisador e empresas que utilizaram indevidamente nosso conhecimento tradicional, e a senadora não teve nenhuma participação nisso.

Marina é nossa aliada de longa data, e sempre defendeu os interesses dos povos indígenas e dos Ashaninka.

A comunidade Apiwtxa do povo Ashaninka do rio Amônia lamenta que a Folha de São Paulo cite esse caso tentando envolver a Senadora Marina Silva.

A comunidade Apiwtxa do povo Ashaninka do rio Amônia lamenta, igualmente, que uma luta tão importante para o nosso povo, e para todos os povos que lutam para ver respeitados os seus conhecimentos tradicionais, tenha sido citada tão levianamente pelo jornal Folha de São Paulo.