16/10/2008

União dos povos marca o encerramento do Encontro de Cultura Indígena

Valorização das tradições, intercâmbio de informações e emoção do reencontro fizeram do evento um momento único

por Viviane Teixeira*

Foto Gleilson Miranda/Secom
Encontro representa a oportunidade de manter e resgatar a cultura das comunidades indígenas

Manifestações culturais, vestimentas tradicionais e a emoção de encontrar ou reencontrar os parentes marcaram a solenidade de encerramento do quinto Encontro de Culturas Indígenas do Acre e do primeiro Jogos da Celebração. Os representantes das quinze etnias que participaram do evento iniciaram os preparativos para a festa logo no início da tarde de terça-feira, 14. Eles vestiram seus trajes tradicionais e se pintaram entoados por seus cantos.

Depois de tudo preparado, as delegações se reuniram na Arena do Barão, espaço que foi destinado à realização de práticas esportivas e de encontro das comunidades indígenas. Os participantes receberam das mãos dos anfitriões do evento, o povo Puyanawa, as medalhas de participação e premiação dos primeiros Jogos da Celebração.

Francisco Pianko, assessor especial do Governo do Acre para Assuntos Indígenas, falou da oportunidade de os povos estarem reunidos durante os cinco dias para apresentar suas culturas, trocar experiências e principalmente como forma de manter vivas as práticas e os conhecimentos tradicionais. “A organização apenas ajudou os indígenas a se encontrarem e fazerem suas conversas, suas danças. Nossa avaliação não poderia ser melhor: a felicidade da população indígena do Acre prova que acertamos em realizar o encontro nesta terra.”

A solenidade de encerramento foi outro momento de apresentação das mais diversas manifestações culturais, no qual cada etnia mostrou o que faz dos povos indígenas a tradução da diversidade e da riqueza cultural do Acre.

Para Moisés Piyãko, índio Ashaninka, o encontro proporcionou o fortalecimento das culturas indígenas do Estado, além de incentivar algumas etnias a voltar a praticar algumas tradições que já foram perdidas. “Aqui conhecemos as tradições de vários povos. O fortalecimento da tradição promove o renascimento das comunidades indígenas.”

A realização do quinto Encontro de Culturas Indígenas do Acre e os Jogos da Celebração contou com o envolvimento de noventa pessoas de órgãos estaduais e federais em sua organização. No período de 10 a 14 de outubro, todas as atenções foram voltadas para que o momento de celebração pudesse acontecer.

Foram mais de 400 indígenas representando as 15 etnias do Acre e do sul do Amazonas. Durante a reunião de avaliação do evento, a maior parte dos indígenas destacou o fato de o encontro ter sido realizado em uma terra indígena.

Para a liderança do povo Kontanawa, Haru Xiña, o encontro representa a oportunidade de manter e resgatar a cultura das comunidades indígenas. “Compartilhar informações desperta o interesse pela própria cultura e incentiva a valorização da diversidade. A união de nossos povos representa a força de nossos espíritos”, conclui Haru Xiña.

Uma das formas encontradas para manter as tradições e resgatar as práticas culturais foi a inclusão do ensino diferenciado dentro das aldeias. Através dele as comunidades indígenas têm trabalhado em dos objetivos do Encontro de Culturas Indígenas realizado de 10 a 14 de outubro na terra indígena Puyanawa, que é manter vivas as tradições indígenas. E nesse sentido falar na língua de origem é primordial. “Nossos filhos aprendem as duas línguas, e isso é muito importante”, destacou Joel Poyanawa. Através do ensino diferenciado os professores também ficam responsáveis por repassar os conhecimentos tradicionais aos mais novos. “A formação continuada tem a potencialidade de transmitir para os alunos a identidade indígena. Os jovens assumem a missão se dedicando à cultura, tradição e crença.”

No encerramento, uma grande roda foi formada por todos os participantes simbolizando a união, encontro e reencontro de parentes. A cantoria dos povos Ashaninka marcou o momento em que as etnias se misturaram formando pares e rodas para celebrar o encontro.

Uma semente de cedro foi plantada como forma de lembrar da importância da floresta para a humanidade. “Devolver à terra o que tiramos dela. Só a natureza é capaz de repor nossas energias. Vamos lembrar desses momentos por toda nossas vidas”, finalizou o cacique do povo anfitrião José Luiz, na língua indígena Puwê.

* Viviane Teixeira, Agência de Notícias do Acre, 16/10/2008

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