28/10/2009

Apiwtxa e Centro de Formação Saberes da Floresta Yorenka Ãtame sediam encontro sobre Gestão de Terras Indígenas



Formação para a gestão territorial indígena é tema de intercâmbio no Acre entre organizações indígenas e indigenistas de várias localidades do país.

por Leandro Chaves, Comissão Pró-Índio do Acre, 28/10/2009

Do dia 14 ao dia 24 de outubro, representantes de dez organizações não-governamentais de várias localidades do país estiveram reunidos no Acre. O objetivo da visita foi a participação em um intercâmbio para a discussão da formação para gestão territorial e ambiental de terras indígenas. As instituições integram a Rede de Cooperação Alternativa Brasil (RCA), que organiza esses encontros para a troca de experiências sobre temáticas relacionadas aos povos indígenas.

Participaram deste intercâmbio instituições indígenas como a Associação Terra Indígena Xingu (Atix), Conselho das Aldeias Wajãpi (Apina), Hutukara Associação Yanomami (HAY), Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), Organização dos Professores Indígenas do Acre (Opiac) e Wyty-Catë Associação Timbira. Comissão Pró-Índio do Acre (CPI/AC), Centro de Trabalho Indigenista (CTI), Instituto de Pesquisa e Formação em Educação Indígena (Iepé) e Instituto Socioambiental (ISA) participaram enquanto organizações indigenistas.

A primeira fase do encontro teve início no dia 16 de outubro no município de Marechal Thaumaturgo, no Centro de Formação Yorenka Ãtame (Saberes da Floresta). Coordenado pelo povo Ashaninka da aldeia Apiwtxa, o Centro Saberes da Floresta desenvolve, junto aos moradores da região, projetos para a prática de manejo de recursos naturais.

Benki Piyãko, coordenador do Centro Yorenka Ãtame e uma das lideranças do povo Ashaninka, mostrou aos cerca de 30 participantes as atividades que a instituição vem realizando desde a sua criação, em 2007.

Depois, o grupo se dirigiu à comunidade Ashaninka do Rio Amônia, na Aldeia Apiwtxa, para conhecerem as práticas de gestão territorial e ambiental realizadas pelo povo.


“Esse é um intercâmbio para fortalecer as demais comunidades em seus propósitos de desenvolvimento. A nossa comunidade vai estar sempre preparada, esperando essas pessoas que queiram fazer esses encontros e estaremos juntos para desenvolver cada vez mais a sustentabilidade sem agressão à natureza”, afirmou Benki.

A segunda etapa se iniciou nesta quarta-feira, 21, em Rio Branco, no Centro de Formação dos Povos da Floresta (CFPF) da Comissão Pró-Índio do Acre (CPI/AC). Nesta fase, cada uma das dez organizações apresentou aos participantes seu histórico institucional, projetos e atividades desenvolvidas.

Erivaldo Almeida, do povo Piratapuia, do Amazonas, é liderança da Foirn. Para ele, “o intercâmbio da RCA Brasil é uma política que faz a gente conhecer as atividades de outras regiões e de outros povos para podermos traçar uma única política para o movimento indígena”.

Para Alberto Hapuhy, do povo Kraô, “a gente está aqui tratando dos assuntos dos povos indígenas do Brasil, como eles estão vivendo. Isso foi a nossa visita. Está valendo a pena a gente conhecer outros lugares”.

A realização do intercâmbio foi uma iniciativa da RCA Brasil, com apoio da Rainforest Foundation da Noruega e organização da Comissão Pró-Índio do Acre (CPI/AC).

Saiba mais AQUI

2 comentários:

Danielle disse...

Aproveito a oportunidade deste post que trata da gestão de suas terras, para compartilhar notícia que vi no site do ISA sobre a contribuição dos Ashaninka na proteção do território brasileiro.

Segue noticia: Exército desconfia de americanos na Amazônia
A hipótese de que a soberania da Amazônia esteja em risco, principalmente pela cobiça das potências mais ricas, está incorporada à doutrina do Exército brasileiro e o faz desconfiar tanto da movimentação americana na Colômbia quanto de atividades dos índios na região. Ao comentar o trabalho de José Pimenta, da UnB, sobre as relações dos índios Ashaninka com militares no Acre, Celso Castro, da FGV do Rio, disse no encontro anual da Anpocs que o simbolismo da Amazônia substituiu, para o Exército, a estratégia de segurança nacional da Guerra Fria. Segundo Pimenta, ao contrário da retórica militar de que os índios seriam uma ameaça à soberania das fronteiras amazônicas, o caso dos Ashaninka mostra que eles, frequentemente, atuam como guardiães da área. A etnia teve papel fundamental em chamar atenção para a invasão do território do Acre por madeireiros peruanos - FSP, 28/10, Mundo, p.A12

Parabéns pelo exemplo e pelo modelo de vida em comunhão com a floresta.

Apiwtxa disse...

Muito obrigado pela indicação da matéria da FSP e por seus comentários, amiga Damielle.