18/03/2010

Ufac e índios de 11 etnias discutem curso de docência indígena no Vale do Juruá

Formação ajuda na valorização e resgate da cultura indígena nas aldeias da região

por Flaviano Schneider, Agência de Notícias do Acre, 17/03/2010

O Curso de Formação de Docentes Indígenas (CFDI) da Ufac e a Organização dos Professores Indígenas do Acre (Opiac) realizam durante esta semana o ‘II Seminário Encontro com os Conhecimentos', com a finalidade de promover o debate sobre o curso entre os próprios alunos e a comunidade.

Segundo Andréa Martini, coordenadora interina do CFDI, está em debate a estrutura do curso dentro do projeto político pedagógico. "É hora de trazer contribuições, revisar ementas, avaliar a capacidade das disciplinas em trabalhar com os conceitos indígenas e não-indígenas e também o momento em que várias pessoas de vários lugares e organizações são convidadas a contribuir com o curso, sejam indígenas ou não."

São 11 etnias participando do seminário: Ashaninka, Kaxinawa (Huni Kuin), Jaminawa, Yawanawa, Manchineri, Marubo, Nukini, Nawa, Puyanawa, Shawandawa e Katuquina. Todas apresentaram uma pequena mostra de sua cultura na abertura. O CFDI funciona com duas turmas, num total de 52 alunos, tem duração de quatro anos e a primeira turma se forma em 2012.

Com o curso, os professores indígenas obtêm a Licenciatura Intercultural. No quarto, quinto e sexto semestres, acontece a opção por uma das áreas de atuação: Ciências Sociais e Humanidades, Ciências da Natureza, Artes e Linguagem, ou seja, os participantes têm formação completa do ponto de vista pedagógico e no encerramento partem para uma área de atuação de acordo com o interesse de pesquisa ou como professores. Alguns já trabalham nas aldeias e os outros também querem trabalhar nas aldeias.

Troca de conhecimentos

Wewito Pinhanta é índio Ashaninka, reside na Terra Indígena do rio Amônia e é professor pertencente aos quadros da Opiac.

Participante do seminário, ele considera o curso de docência indígena importante "para entender um pouco do conhecimento que não é do nosso mundo". E para bem entender, ele acha preciso discutir o que é bom para cada índio. "Estamos adquirindo conhecimentos e levaremos para a comunidade o que ela necessita. Colocar este conhecimento em prática junto com a comunidade, dentro do nosso processo de desenvolvimento e preservar nosso conhecimento e também divulgar nossa cultura", argumenta.

Fernando Katuquina, liderança em sua aldeia situada na BR-364, é acadêmico do curso. Para ele, é muito significativo o fato de que os próprios alunos índios possam contribuir na construção do curso e acredita que a orientação toda deva ser no sentido de melhorar a vida das populações indígenas do vale do Juruá.

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