Nos últimos dias do mês de outubro, uma equipe da
Apiwtxa, liderada por Francisco, Moisés e Wewito Piyãko, subiu o Rio Amônia em
direção à comunidade Ashaninka Sawawo, no Peru. O objetivo da viagem foi o
cumprimento de um importante objetivo da Apiwtxa: contribuir para o
fortalecimento dos parentes que vivem do lado peruano da fronteira.
O
dia seguinte começou com a bonita abertura do evento, onde as lideranças das
duas comunidades expressaram alegria e satisfação pela realização do encontro,
do qual se espera a geração de efeitos positivos para a região do Amônia.
Dentre esses efeitos estão a consolidação da autonomia dos povos indígenas, a
otimização da gestão de seus territórios, e a conservação da floresta.
A
comunidade do Sawawo vem investindo na reorganização de suas atividades
produtivas, buscando alternativas para geração de renda de modo sustentável, e
com plena valorização da cultura Ashaninka. Os Ashaninka da Apiwtxa, então,
rumaram para lá a fim de compartilhar com os parentes a experiência do etnomapeamento
realizado na Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, onde vivem.
O etnomapeamento é a construção de uma carta geográfica que aponta os locais
importantes da Terra Indígena, o seu uso cultural, a distribuição dos recursos
naturais dentro do território, a identificação de impactos ambientais e outras
informações relevantes, enfatizando a visão, os interesses, o olhar e a
compreensão do Povo que ali vive.
Na
Terra Indígena Kampa do Rio Amônia esse trabalho teve início em 2004 e constituiu
um longo processo por meio do qual as comunidades elaboraram nove mapas de
diagnóstico de seu território.
Nesta oficina no Sawawo, os moradores, divididos
em dois grupos, um de homens, outro de mulheres, realizaram, discutiram, e
apresentaram mapas de sua aldeia, onde foram indicados todos os pontos
fundamentais para a vida da comunidade.
O
objetivo do etnomapeamento é construir uma ferramenta útil para a gestão
territorial e ambiental do território de Sawawo, possibilitando diagnosticar os
cenários sobre seu uso e conservação, ajudar a estabelecer o plano de vida da
comunidade, e constituir um instrumento político importante na defesa de
direitos e interesses da comunidade indígena, fortalecendo a organização
social, a luta pela implementação de políticas públicas, o auxílio na solução
de conflitos, etc.
Tanto
o etnomapeamento, quanto o Plano de Gestão do Território, têm como princípio
fundamental o protagonismo indígena, pois são feitos pelos e para
os indígenas que vivem no território, segundo suas aspirações e visões de
futuro, com a colaboração e o apoio de parceiros do Estado e da sociedade civil.
Ao
final do encontro, ficou acordada a realização de uma nova etapa desse
processo, que, financiada pela Apiwtxa, ocorrerá em janeiro de 2017 em Sawawo
no Peru, com ampla participação da comunidade, visando a construção de outros
mapas necessários a um diagnóstico aprofundado dos aspectos fundamentais à
promoção dos aspectos sociais, econômicos e culturais dos Ashaninka daquele
território.
A comunidade Ashaninka do Sawawo é composta por
cerca de 45 famílias que vivem em um território de cerca de 35 mil hectares,
situados no município do Breu, Departamento de Ucayali – Província de Atalaya,
no Peru. Um importante diferencial dessa comunidade, assim como da Apiwtxa,
está no forte nível de preservação da língua e dos aspectos rituais do Povo
Ashaninka.
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