20/07/2010

Projeto que levará mestres tradicionais para dar aulas na UnB terá agora etapa de residência

Encontro de Saberes

por Heli Espíndola, Comunicação Social/MinC, Ministério da Cultura, 19/07/2010

Maniwa Kamayurá - Arquiteto tradicional e Pajé. Representante dos povos indígenas do Alto Xingu, especialista em contrução da residência tradicional Kamayurá

A partir do segundo semestre de 2010, alunos da Universidade de Brasília poderão aprender, por exemplo, técnicas para se construir uma casa indígena ou como utilizar as raízes do cerrado na cura de várias doenças. Estudantes interessados poderão se matricular na disciplina Artes e Ofícios dos Saberes Tradicionais, que será ofertada em grade regular e módulo livre, e ministrada três vezes por semana, das 13h às 14h.

A matéria, que abrirá ainda espaço para aulas sobre as manifestações culturais do Cavalo Marinho, do Maracatu, do Congado e da Folia de Reis e como os indígenas preservam a flora, a fauna e as nascentes da floresta, integra o Projeto Encontro dos Saberes, que levará para as salas de aula da Universidade de Brasília mestres tradicionais de várias regiões do país.

O projeto piloto, uma parceria do Ministério da Cultura, por meio da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural (SID/MinC), do Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC), e da Universidade de Brasília, foi lançado dia 13, em Brasília. Com o objetivo de integrar os mestres tradicionais ao ambiente universitário e discutir a metodologia a ser utilizada nas aulas, foram realizados, de 14 a 16, na Faculdade de Educação da UnB, um seminário e duas oficinas.

Sobre a metodologia a ser utilizada nas aulas, a professora de Educação Ambiental, Nina Paula Laranjeira, informa que durante as oficinas ficou decidido que cada mestre utilizará a que for mais adequada para ele. “Cada um tem uma metodologia diferente e pelo fato de não dominarem a escrita, vamos utilizar a oralidade, o “fazer” e o sentimento que eles têm para transmitir”, conta a docente. Ela será parceira, nas aulas, do Mestre Benki Ashaninka, que é presidente do Centro Saberes da Floresta (Yorenka Ãtame), do povo Ashaninka, no estado do Acre e desenvolve um trabalho de conhecimento da floresta comprometido com a proteção ambiental e o reflorestamento.

Mas, segundo ela, essa metodologia será aprofundada com o professor parceiro, durante o período da residência, a terceira etapa do Projeto Encontro de Saberes, que acontecerá durante toda a semana de 19 a 23 de julho. “Ainda faremos uma reunião geral após essa última etapa para finalizarmos as discussões sobre a metodologia”, informa Nina, que dentro da residência levou o Mestre Benki Ashaninka para conhecer o projeto do Centro de Estudos do Cerrado que está sendo criado pela UnB na Chapada dos Veadeiros.

“Eu espero, com essas aulas, causar uma reflexão nos estudantes sobre a importância da mudança de atitude em relação à natureza”, sonha o líder Ashaninka. “Precisamos mudar a maneira de olhar e qualificar nosso saber de uma maneira prática, conhecendo e tendo responsabilidade na busca de um mundo novo”, filosofa o mestre indígena que adquiriu seus conhecimentos com seus antepassados, com seus pais e com os espíritos da floresta.

Outro mestre indígena selecionado para as aulas, Maniwa Kamayurá, arquiteto especialista em construção da residência tradicional kamayurá, fará uma maquete das casas indígenas para ser utilizada nas aulas. Também pajé e representante dos povos indígenas do Alto Xingu, ele disse que está muito contente por participar do projeto. “É muito importante, para mim, contar um pouco da minha cultura e o que eu sei”, afirma Maniwa, que também ensina sua técnica de construção aos jovens de sua aldeia. Também dentro da programação da residência, ele ainda visitou o Centro Cultural Banco do Brasil, acompanhado do seu mestre parceiro, o professor de arquitetura Jaime Santana.

Os cinco mestres tradicionais - três da cultura popular e ofícios e dois da cultura indígena - selecionados para as aulas da disciplina Artes e Ofícios dos Saberes Tradicionais são: Benki Ashaninka, presidente do Centro Saberes da Floresta do povo Ashaninka (AC); Maniwa Kamayurá, arquiteto tradicional e pajé; Lucely Pio, Mestra raizeira da Comunidade Quilombola do Cedro (GO); Biu Alexandre, Mestre do Cavalo Marinho e Estrela de Ouro de Condado no Pernambuco; e José Jerome, Mestre de Congado de Cunha (SP) e Folia de Reis do Vale do Paraíba.

A equipe de docentes parceiros da UnB é formada pelos professores das áreas de Artes Cênicas (Rita de Cássia Castro e Luciana Hartmann), Música (Antenor Ferreira), Arquitetura (Jaime Santana), Saúde (Silvéria dos Santos) e Educação Ambiental (Nina Laranjeira.

O Projeto Encontro de Saberes tem, ainda, a parceria do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), de Inclusão no Ensino Superior e na Pesquisa, órgão do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

18/07/2010

Uma aldeia chamada Apiwtxa


por Vídeo nas Aldeias, 16/07/2010

Durante o mês de junho aconteceu no Acre a oficina de edição Ashaninka, na aldeia Apiwtxa, em Marechal Thaumaturgo. O povo Ashaninka está situado em territórios do Acre e do Peru e desde 1980 vem combatendo a exploração de madeiras, bem como vem desenvolvendo técnicas de manejo sustentável da floresta.

Filmes como “A gente luta, mas come fruta”, 2006, de Isaac Pinhanta e Bebito Pinhanta retratam os processos de manejo, cultivo e preservação da floresta amazônica, as relações na escola indígena, que inclui a lida com a natureza essencial na formação das crianças.

Vincent Carelli e Ernesto de Carvalho levaram da sede em Olinda o último corte de edição do mais novo filme produzido pelos cineastas indígenas, “Uma aldeia chamada Apiwtxa” e retornaram com tudo aprovado para finalização do filme. Durante os dias em que estiveram por lá, trabalharam em entrevistas e registro do cotidiano para produção de mais um filme Ashaninka, que trará para o vídeo um pouco do histórico da etnia.

No blog http://apiwtxa.blogspot.com/ é possível acompanhar um pouco do dia a dia desta harmoniosa comunidade.

13/07/2010

Encontro de Saberes


Encontro de Saberes promoverá diálogo entre o saber tradicional e o saber científico

O Ministério da Cultura, por meio da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural, em parceria com a Universidade de Brasília e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Inclusão no Ensino Superior e na Pesquisa, órgão do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), realizará nos dias 13 e 14 de julho, no auditório Dois Candangos, o Seminário Internacional - A inclusão das artes e dos saberes indígenas, afro-americanos e tradicionais na universidade.

O seminário é a primeira etapa do projeto e tem como objetivo conhecer as iniciativas já realizadas, no Brasil e na América do Sul, de inclusão de mestres de saberes tradicionais, populares e indígenas, no ensino superior.

O Encontro de Saberes tem como proposta promover o diálogo entre os saberes acadêmicos e os saberes tradicionais, populares e indígenas, além de contribuir para o processo de reconhecimento de mestres de artes e ofícios como docentes no ensino superior, aliando esses dois universos por meio da realização de cursos e ações interculturais.

Etapas - O Encontro de Saberes será realizado em três etapas:

1ª etapa: Seminário Internacional. O evento tem como objetivo apresentar iniciativas já realizadas no Brasil e no exterior de inclusão de protagonistas de conhecimentos tradicionais no ensino superior, além de realizar oficinas de trabalho envolvendo os mestres docentes, os professores parceiros e outros professores convidados.

2ª etapa: Residência, preparação da metodologia e dos recursos didáticos necessários para a disciplina com a participação de cinco mestres de artes e ofícios populares e indígenas e dos professores parceiros;

3ª etapa: Criação da disciplina “Artes e Ofícios dos Saberes Tradicionais”, que será ministrada pelos mestres tradicionais populares e indígenas, junto com os professores parceiros e será ofertada na grade regular de graduação do segundo semestre de 2010 da UnB, acessível a estudantes de todos os cursos.

Confira aqui a programação!

Mais informações acesse http://www.encontrodesaberes.com.br/

12/07/2010

Xamãs, artesãos e mestres da cultura popular serão professores da UnB


Universidade será a primeira no Brasil a ter uma disciplina baseada nos saberes tradicionais. Aulas devem começar no próximo semestre

por Ana Lúcia Moura, da Secretaria de Comunicação da UnB, UnB Agência, 12/07/2010

Benki Pianko é um grande especialista brasileiro em reflorestamento. Maniwa Kamayurá conhece em detalhes as técnicas de construção indígena. Lucely Pio é capaz de identificar com precisão qualquer planta do cerrado. Mas o conhecimento de nenhum deles veio das salas de aula. Eles aprenderam o ofício com o avô, com a avó, com o pai, com a mãe. E passam sua sabedoria aos mais novos, aos filhos, aos netos. Agora, vão ensinar o que aprenderam também aos alunos da Universidade de Brasília.

Benki, Maniwa e Lucely serão professores de uma disciplina de módulo livre que deve ser inaugurada no próximo semestre: Artes e Ofícios dos Saberes Tradicionais. Benki, que é mestre do povo indígena Ashaninka, no Acre, Maniwa, pajé e representante dos povos indígenas do Alto Xingu e Lucely, mestre raizeira da Comunidade Quilombola do Cedro, em Goiás, vão passar adiante o conhecimento acumulado durante mais de séculos nas comunidades onde cresceram e vivem até hoje. Benki e Maniwa são xamãs indígenas, líderes espirituais com funções e poderes ritualísticos. Lucely é mestre quilombola.

Além deles serão também professores da nova disciplina Zé Jerome, mestre de Congado e Folia de Reis do Vale do Paraíba, em São Paulo, e Biu Alexandre, mestre do Cavalo Marinho Estrela de Ouro de Condado, um dos tradicionais grupos folclóricos da Zona da Mata pernambucana, que reúne teatro, dança, música e poesia.

A criação da disciplina, que deve ter carga semanal de seis horas e depende ainda de aprovação do Decanato de Ensino de Graduação, faz parte de um projeto de introdução dos saberes tradicionais na universidade. “Queremos promover um diálogo, uma troca de conhecimentos", explica o professor José Jorge de Carvalho, criador e coordenador do projeto e também dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia. "Os mestres que aqui estarão tem um modo de construir saberes que leva em conta não só o pensar, que é característico da cultura das universidades, mas também o fazer e o sentir”, completa o professor.

AVANÇO - O professor José Jorge destaca, no entanto, que a introdução dos saberes tradicionais não é uma negação da forma utilizada pelas universidades de produzir e transmitir conhecimento. “Pelo contrário. É uma soma. Sabemos coisas que os mestres tradicionais não sabem, assim como eles sabem muito do que não conhecemos. A universidade pode ser muito mais rica do que é”, acrescenta. Cada mestre passará duas semanas na UnB e será acompanhado por um professor na sala de aula. “A universidade pode ser mais rica do que é e para isso precisa fazer justiça à riqueza de saberes que existem no Brasil”, completa o professor José Jorge.

O diretor do Departamento de Antropologia, Luís Roberto Cardoso de Oliveira, lembra que a criação de disciplinas de módulo livre, que permitem aos alunos contato com um conhecimento totalmente fora de sua área, foi um avanço. "E colocar os mestres frente a frente com os alunos e ao lado dos professores é uma proposta que vai ainda mais além", comenta.

Para Nina de Paula Laranjeira, diretora de Acompanhamento e Integração Acadêmica do Decanato de Ensino de Graduação, a iniciativa por si só já demostra uma mudança nos modos de pensar. "Precisamos superar o paradigma de que o conhecimento está limitado à comprovação científica", afirma.

TROCA DE SABERES - As bases pedagógicas e antropológicas da nova disciplina serão discutidas nos dias 15 e 16 de julho, como parte do seminário internacional que vai tratar da introdução de novos saberes nas universidades. “O método de transmissão dos mestres tradicionais é completamente diferente do nosso. O ideal para a raizeira Lucily, por exemplo, é ensinar caminhando pelo cerrado”, explica o professor José Jorge.

Organizado pelos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia e Ministério da Cultura, o Encontro de Saberes vai reunir mestres indígenas e de atividades folclóricas, professores brasileiros e latino americanos, além de representantes do Governo Federal. No encontro, serão apresentadas experiências de universidades de cinco países da América Latina que desenvolvem projetos de inclusão de saberes tradicionais em seus cursos, disciplinas e programas de extensão. O seminário, que acontece no Auditório Dois Candangos, também será uma oportunidade para os novos professores conhecerem melhor a UnB.

Entre os palestrantes estão o reitor da Universidade Amawtay Wasi do Equador, Maria Mercedes Díaz, da Universidade de Catamarca na Argentina, Jaime Arocha, professor de Antropologia da Universidade Nacional da Colômbia, Carlos Callisaya, coordenador das Universidades Indígenas da Bolívia no Ministério da Educação boliviano e Maria Luísa Duarte Medina, que atua em projetos de inclusão dos saberes indígenas nas instituições de ensino superior do Paraguai. “A presença de cada um deles mostra que a inclusão dos saberes tradicionais na academia é um movimento cada vez mais forte”, afirma o professor José Jorge.

Benki Pianko defende cautela na interação entre índios e brancos

Foto: Luiz Filipe Barcelos/UnB Agência
Convidado para o Seminário Internacional Encontro dos Saberes, xamã apresentará ciência desenvolvida em aldeia

por João Campos, da Secretaria de Comunicação da UnB, UnB Agência, 12/07/2010

A textura da mão de Benki Pianko revela que a terra é parte de sua trajetória. O xamã do povo Ashaninka – na fronteira entre Brasil e Peru, a aproximadamente 800 quilômetros de Rio Branco (AC) – nasceu, cresceu e deseja passar o resto da vida em contato com a natureza. A fauna e a flora são seu laboratório. Na comunidade de 500 habitantes, 100% auto-suficiente, o homem de 36 anos e pai de oito filhos é uma das lideranças que usa os saberes seculares de seus ancestrais e a espiritualidade para fazer ciência. Convidado para o Seminário Internacional Encontro de Saberes, que ocorre entre os dias 13 e 15 de julho, no auditório Dois Candangos da Universidade de Brasília, o indígena está na capital para trocar experiências. Pianko será professor em uma disciplina do Departamento de Antropologia, que será criada no segundo semestre de 2010 - leia aqui.

“Podemos ajudar a desenvolver um novo olhar sobre o mundo. Um caminho que começa pelo respeito e o conhecimento das diferentes formas de saber”, afirma o líder do Centro de Saberes da Floresta (Yorenka Ãtame). Sobre o que levar do costume dos brancos para a aldeia, o homem de rosto pintado e fala segura mostra-se cauteloso. “Levaria umas boas ferramentas - como o machado - que são difíceis de fazer na floresta”. Em entrevista exclusiva à UnB Agência, o xamã que defende o cuidado na interação entre indígenas e brancos falou sobre a sua participação no seminário e da saudade que sente da aldeia durante os 10 dias de estadia na cidade símbolo da modernidade.

UnB Agência: O que a ciência tradicional dos Ashaninka tem a acrescentar ao conhecimento acadêmico e vice-versa?
Benki Pianko: Há séculos vivemos do que plantamos, colhemos e caçamos na nossa terra. Conhecemos bem como fazer o manejo do solo, da fauna, da piscicultura. Os saberes repassados de geração em geração nos deram conhecimento para o reflorestamento de áreas degradadas e a criação de espécies para o repovoamento de rios e matas e para a alimentação. A floresta também guarda nossa medicina. Temos ervas que curam tuberculose, câncer, apesar de já precisarmos de remédios industrializados por conta de doenças introduzidas pelos brancos (no fim da década de 1970 houve uma alta taxa de mortalidade na região por causa do Sarampo). Apesar de tudo, acredito que nossa principal missão é mostrar a necessidade de respeito às diferentes formas de saber, ainda desconhecidas fora das aldeias. Ainda hoje há discriminação contra índios e caboclos. Em um país tão rico e diverso como o Brasil, a população não pode fechar os olhos para todas as formas de conhecimento e aprender na academia apenas o que vem da Europa e dos Estados Unidos. Daqui, levaria umas boas ferramentas - como o machado - que são difíceis de fazer na floresta.

UnB Agência: É possível a interação entre brancos e índios sem a ameaça dos costumes tradicionais?
Benki Pianko: Acredito que sim. Mas esse encontro deve ser cauteloso. Sabemos que se abrirmos nossa comunidade para as ações de fora seremos destruídos. Por outro lado, temos a consciência de que a melhor forma de promover essa interação é conhecer o que se passa ao redor da aldeia para filtrar o que chega ao nosso povo. Hoje sofremos pressões de todos os lados. De madeireiros, fazendeiros, caçadores e muitas pessoas de má-fé que perseguem e matam nosso povo como se fossemos animais. A vida em grupo, o sentimento de coletividade é o nosso maior bem. Já tivemos experiências de pessoas que saíram da aldeia para estudar na cidade com o compromisso de voltar. Mas a maioria adquiriu valores ligados à individualidade e à competição, como o de conseguir um emprego e acumular riquezas, e não voltaram. Nossa riqueza é outra. Está na educação de nossos filhos, no alimento que tiramos da terra. Por outro lado, hoje temos um sistema de energia solar e um ponto de internet (vindos de programas do governo federal) que facilitam muito nossa comunicação com o mundo de fora. A questão é como fazer.

UnB Agência: Como está sendo sua passagem por Brasília?
Benki Pianko: Já tinha vindo outras vezes representando meu povo. Essa cidade é muito diferente, não temos a liberdade que temos na floresta. A gente fica meio perdido quando sai na rua, sem saber para onde ir, com quem conversar. Passar 10 dias aqui dá uma saudade grande da aldeia. Lá nós temos tudo que precisamos: batata, arroz, frutas, criação de quelônios. Na escola nossas crianças aprendem o aruak (língua local) e só tem contato com o português na 5ª série. No trabalho espiritual, sonhos e visões nos ajudam a direcionar nossas ações. Ali desenvolvemos nossa ciência, que não está na academia. A natureza é a nossa riqueza. Minha vida e a vida de meu povo estão ali e não troco aquele lugar por nenhum outro.

07/07/2010

Vigilância e Fiscalização em Terras Indígenas

I Seminário de Vigilância e Fiscalização em Terras Indígenas no Acre, de 6 a 9/07

por CPI/Acre, 06/07/2010

Trocar experiências numa roda de conversa com os parentes é o principal objetivo do I Seminário de Vigilância e Fiscalização dos Agentes Agroflorestais Indígenas (AAFIs), que começa hoje, dia 06 e vai até sexta feira, dia 09 de julho, no Centro de Formação Povos da Floresta, CPI/AC. Estão reunidos 30 AAFIs e 20 representantes das Terras Indígenas (TIs) dos municípios de Santa Rosa do Purus, Tarauacá, Feijó, Cruzeiro do Sul, Porto Walter, Assis Brasil, Jordão e Marechal Taumaturgo para avaliar as experiências das aldeias e a atuação dos órgãos governamentais responsáveis pela fiscalização ambiental.

Outra discussão da semana é tirar propostas alternativas para a atual situação de perigo dentro de suas Terras. Estão convidados para essa discussão, representantes da FUNAI Nacional, IBAMA, Polícia Federal, Ministério Público Federal, INCRA e outros órgãos de governo federal e estadual.

Para Josias Pereira Kaxinawá/Huni Kui, este encontro de parentes “vai ensinar muito para os parentes, como podemos trabalhar melhor junto com os órgãos do governo para impedir que caçadores, pescadores, madeireiros clandestinos, entrem nas Terras Indígenas atrás dos recursos da natureza”. Para Francisca Arara, secretária da OPIAC, Organização dos Professores Indígenas do Acre, e assessora da AMAAIAC, não é mais tempo de brigas. Agora o tempo é de conversa. “Precisamos conversar com os parentes indígenas e, também, com amigos não índios que moram no entorno das terras indígenas. Eles precisam, assim como nós, a trabalhar a sua subsistência não estragando a floresta”.

Além da responsabilidade de fiscalizar e vigiar as suas áreas, os AAFIs fazem trabalho educativo educativo e participativo com a sua comunidade na implementação e experimentação de técnicas agroecológicas de produção, como os sistemas agroflorestais e criação de pequenos animais domésticos e silvestres, além do monitoramento ambiental e de manejo agroextrativista, como parte do Plano de Gestão Ambiental e Territorial em Terras Indígenas. Buscando garantir a promoção da segurança alimentar para seu povo, os AAFIs atuam junto com os agentes de saúde, os professores, os presidentes das associações e com as pessoas da comunidade no manejo dos recursos naturais, nas orientações de saneamento básico e dos problemas do lixo, na contaminação de rios e igarapés, sempre na perspectiva da conservação do meio ambiente limpo e saudável nas aldeias.

Assim como os professores indígenas e os agentes de saúde indígenas, os AAFIs se organizaram e formaram sua entidade de classe, a Associação dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre - a AMAAIAC. Hoje existem 107 Agentes Agroflorestais Indígenas no Estado e seu trabalho tem sido objeto de publicações e estudos e tem servido de modelo para iniciativas similares em outros estados brasileiros com indicativos de novas políticas públicas para este segmento. Sendo assim, a atual reivindicação dos AAFIs ao Governo do Estado é o reconhecimento dos serviços prestados por estes “servidores da floresta”.

06/07/2010

Feliz aniversário, irmão Dalai Lama!



Durante a 15 Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP15), 35 religiosos do mundo todo estiveram reunidos e participaram da Conferência "Enfrentar Clima e Despertar para a mudança através da Unidade", uma reunião convocada pela Iniciativa Global de Mulheres pela Paz Mulheres (GPIW).

Entre estes líderes, Benki Piyãko e Moisés Pinhanta Ashaninka, Sister Jayanti (de branco), Bharati Swami Veda, da Índia, e Dr. Ha Vinh Tho, do Vietname.


Hoje, 6 de julho, Dalai Lama celebra 75 anos. A sua mensagem de paz e justiça precisa de uma demonstração gigante de incentivo nestes tempos difíceis, deixando claro às pessoas contrárias, que o planeta está unido pela esperança em um mundo pacífico e justo.

Você também pode homenageá-lo, faça isto AQUI!
Sua homenagem será entregue pessoalmente ao Dalai Lama, pela Avaaz.