25/02/2016

APIWTXA REALIZA REVISÃO DE SEU PLANO DE GESTÃO TERRITORIAL E AMBIENTAL E PRESTA CONTAS SOBRE O PROJETO ALTO JURUÁ PARA A COMISSÃO CONSULTIVA

Entre os dias 8 e 10 de fevereiro, as famílias da Apiwtxa reuniram-se na aldeia para revisar o Plano de Gestão da Terra Indígena. Os Ashaninka do Amônia já trabalham com um planejamento sobre suas ações ambientais e territoriais desde 1992, quando começaram a pensar o uso do território a partir da demarcação. Em sua última assembléia, ocorrida em dezembro de 2015, estabeleceram a necessidade de atualizar o plano de gestão à luz das mudanças ocorridas nos últimos anos.
Uma das principais preocupações da comunidade é o rápido crescimento demográfico. Como disse uma das lideranças da Terra Indígena, Francisco Piyãko: “A nossa população está crescendo, mas a terra não vai crescer”. Daí a necessidade de se planejar o uso dos recursos naturais e de se buscar alternativas às limitações atuais causadas não só pelo aumento da população, mas também pelas mudanças climáticas. Assim, na revisão do plano de gestão, foram incluídos elementos que se referem à geração de renda, a qual está sendo pensada especialmente a partir do estabelecimento da agroindústria em Marechal Thaumaturgo para comercialização de polpa de frutas. Outros aspectos que foram incluídos são regras e recomendações sobre os temas saúde e educação, que não constavam na última versão do Plano.
No dia 11 de fevereiro foi o momento de a Apiwtxa prestar contas aos beneficiários do Projeto Alto Juruá sobre a execução das atividades do primeiro semestre e informar sobre as que serão realizadas no segundo semestre.  Estiveram presentes na reunião membros da Comissão Consultiva do Projeto (composta por representantes da Apiwtxa, ResEx Alto Juruá, Associação de Jovens Guerreiros pela Proteção da Floresta e TI Kaxinawá e Ashaninka do Rio Breu), bem como representantes da Funai, que acompanharam também a revisão do Plano de Gestão. A reunião foi marcada por diálogos sobre os desafios atuais da ResEx do Alto Juruá na gestão sustentável de seu território e no resgate da união entre indígenas e extrativistas por meio da Aliança dos Povos da Floresta. Foi destacado que o grande desafio hoje é o de cuidar dos territórios conquistados de forma sustentável, de modo a assegurar a qualidade de vida das presentes e futuras gerações. 


23/02/2016

EVENTOS E ACONTECIMENTOS NA ALDEIA APIWTXA E NO CENTRO YORENKA ÃTAME

O final do mês de janeiro e o início do mês de fevereiro foram marcados por intensas atividades na Aldeia Apiwtxa e no Centro Yorenka Ãtame.

No dia 25 de janeiro, desembarcou em Marechal Thaumaturgo um grupo de 17 indígenas da Terra Indígena Balaio (município de São Gabriel da Cachoeira, na região do Rio Negro - Amazonas) , de diversas etnias – dentre elas Tukano e Desano - , para participar de um intercâmbio de 10 dias de duração com os Ashaninka  da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia. Os primeiros dias foram dedicados a conhecer o Centro Yorenka Ãtame. Em seguida, partiram para a aldeia Apiwtxa, na Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, onde tiveram a oportunidade de presenciar rituais Ashaninka, conhecer as famílias da aldeia e promover debates sobre organização social, saúde, questões de gênero, entre outros. Os indígenas da TI Balaio, por sua vez, também mostraram seus rituais, cantos, artesanato e culinária tradicional para os Ashaninka do Amônia.

Esta iniciativa de trocas entre os Ashaninka e os indígenas da TI Balaio teve seu início em 2013 e atualmente está contando com o apoio do PNUD. A grande motivação do Projeto é tratar do tema saúde de forma holística. Devido ao contato com a cultura não indígena surgiram vários problemas, como a desvalorização da cultura, a substituição de vários hábitos alimentares e rituais. A ideia do intercâmbio é a de resgatar e motivar, por meio do exemplo da comunidade Apiwtxa, a valorização das tradições dos povos da TI Balaio, por serem compreendidas como a base para uma vida saudável. Este projeto tem o potencial de gerar outras atividades que venham a reforçar o papel da valorização das medicinas tradicionais para a saúde dos povos indígenas.
No dia 25 de janeiro a Apiwtxa também recebeu, no Centro Yorenka Ãtame, representantes da Forest Trends e do Governo do Estado do Acre para discutir a finalização de uma publicação sobre os Ashaninka do Amônia na qual eles estabelecem seu protocolo para diálogo sobre serviços ambientais. A ideia é estabelecer critérios mínimos para aqueles interessados em tratar com os Ashaninka da Apiwtxa sobre propostas e iniciativas relacionadas aos serviços ambientais prestados pelos habitantes da terra indígena.
Finalmente, paralelamente a todos esses eventos, uma equipe de vistoria do BNDES/Fundo Amazônia veio fazer uma visita aos beneficiários do Projeto Alto Juruá. Na visita, os representantes do Fundo Amazônia reuniram-se com lideranças e comunitários da Apiwtxa, bem como com representantes da Reserva Extrativista Alto Juruá, e também visitaram o Centro Yorenka Ãtame a e a aldeia Apiwtxa. Em sua estadia, manifestaram satisfação com os resultados do Projeto até momento, e parabenizaram a equipe pelo bom andamento dos trabalhos.

16/02/2016

APIWTXA REALIZA 1º CURSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA EM GESTÃO DE PROJETOS E NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS E PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

O curso, que aconteceu entre os dias 18 e 27 de janeiro de 2016 no Centro Yorenkã Ãtame, contou com a participação de trinta representantes da comunidade Apiwtxa, incluindo os dirigentes da Associação Ashaninka do Rio Amônia – Apiwtxa; da Cooperativa Agroextrativista Asheninka do Rio Amônia – Ayõpare; e da Associação de Jovens – Guerreiros Defensores da Floresta. O curso teve apoio da Fundação Banco do Brasil/ Fundo Amazônia e foi realizado pala empresa de consultoria Instituto Rever.

O planejamento estratégico foi de suma importância para o povo Ashaninka. Ele promove uma visão mais ampla e estratégica na gestão dos projetos desenvolvidos pela instituição, além de fortalecer a comunidade Apiwtxa, possibilitando um planejamento de suas ações, baseado em seus valores intrínsecos, tradicionais e ambientais. Durante o curso foram elaboradas a visão e a missão da Associação Ashaninka, gerando uma base para o desenvolvimento de seus projetos futuros.

"Agora a nossa visão é de poder trabalhar tudo aquilo que colocamos no papel e poder desenvolver, organizar mais e fortalecer os pontos fracos. (...) Os nossos representantes que trabalham fora não podem ficar diretamente atuando dentro e fora da comunidade porque fora é uma demanda muito maior, uma questão que envolve parceiros, ONGs, instituições e órgãos federais, que a gente vai poder trabalhar de uma maneira mais coordenada. Nossa missão é organizar isso e vamos trabalhar pra que tudo dê certo.” Wewito Piyãko.

O curso gerou a semente para que os valores Ashaninka sejam trabalhados de forma organizada, justa e sustentável, para que sejam repassados ao mundo como uma mensagem de incentivo e proteção de nossas riquezas e meios de sobrevivências naturais, por meio de objetivos estratégicos claros e projetos desenvolvidos de maneira sustentável para gerar uma economia local, e fortalecer a comunidade e futuras lideranças.

02/02/2016

APIWTXA PLANEJA AÇÕES DE VIGILÂNCIA PARA 2016 E INICIA O ANO COM UMA EXPEDIÇÃO

No dia 30 de dezembro de 2015, lideranças da Apiwtxa se reuniram na aldeia com a finalidade de planejar as ações de vigilância da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia para o ano de 2016. A ideia é intensificar as atividades de proteção da terra, tendo em vista os apoios financeiro e técnico que estão sendo recebidos, respectivamente, por meio do Projeto Alto Juruá (financiado pelo BNDES/Fundo Amazônia) e da University College London, por meio do Projeto Ciência Cidadã Extrema.

O Projeto Alto Juruá prevê a instalação de três bases de vigilância em pontos estratégicos da Terra Indígena, equipadas com kit radiofonia e bote. Há também a previsão de apoio para expedições de vigilância. Já o projeto de monitoramento apoiado pela University College London treinou, em 2015, 13 monitores Ashaninka para realizarem o registro de informações sobre invasões na Terra Indígena com o uso de tecnologia digital, permitindo o levantamento de dados precisos sobre as ocorrências (fotografia, gravação de áudio e coordenada geográfica).
Durante a reunião foram discutidas as vulnerabilidades da Terra Indígena ao longo do ano, conforme as estações, e foram planejadas as ações em cima dessa dinâmica. Também foram levantadas as necessidades de equipamentos para as expedições e a necessidade de se realizar reuniões de esclarecimento sobre as atividades de vigilância nos demais aldeamentos da Terra Indígena. Desse modo, nos dias 4 e 5 de janeiro foram realizadas reuniões de esclarecimento nos aldeamentos situados no Igarapé Amoninha e na fronteira com o Peru, subindo o Rio Amônia. Também realizou-se uma visita na base de vigilância que já se encontrava em construção nas proximidades do Igarapé Amoninha.
Em seguida, entre os dias 9 e 16 de janeiro, uma equipe de 5 monitores Ashaninka deslocaram-se da aldeia Apiwtxa em direção ao Rio Arara, que é uma das fronteiras da Terra Indígena, para a primeira ação de vigilância do ano. Nesta época do ano, é comum a entrada de caçadores ilegais na Terra Indígena, que adentram o Rio Arara em busca de animais silvestres para consumo e comercialização. Há dois aldeamentos Ashaninka no Rio Arara. A equipe de monitores, juntamente com a coordenação executiva do projeto Alto Juruá, se deslocaram até essas localidades para realizar a reunião de esclarecimento. No dia seguinte, os monitores e mais 6 Ashaninka dos aldeamentos do Rio Arara partiram em três botes para a ação de vigilância. Durante a atividade foram localizados dois caçadores, na altura do Igarapé Duas Bocas. Os Ashaninka realizaram uma ação educativa, informando os caçadores da proibição da caça em Terra Indígena, e apreenderam a caça de sua embarcação. Também informaram as comunidades não-indígenas que residem no trajeto do Rio Arara sobre as atividades de vigilância que irão se intensificar no ano de 2016.
As bases de vigilância estarão todas prontas e equipadas até o final do primeiro semestre de 2016, o que permitirá um sistema integrado de monitoramento e comunicação no interior da Terra Indígena e com os órgãos e instituições competentes.