23/10/2008

Mapas da sobreposição da exploração de petróleo em terras indígenas e territórios de proteção de índios isolados

Amigos,

gostaríamos de dividir com todos os dois mapas a seguir (basta clicar no mapa para ver a imagem ampliada):

1) O mapa da localização dos lotes de petróleo e gás no Departamento do Ucayali (Fonte: CIPTA-AIDESEP), no qual aparece o nome da Petrobras e o Lote 110 (sobreposto a Reserva Territorial Murunahua, destinada a índios isolados, e a territórios de comunidades nativas Ashaninka, Jaminawa e Amahuaca).




2) E o mapa com as linhas sísmicas previstas para serem exploradas (explodidas) pela Petrobras no Lote 110, em áreas sobrepostas à RT Murunahua, destinada à proteção de índios isolados, e a territórios de comunidades nativas (Fonte: Petrobras-DaimiPeru SAC).























Para saber mais, leia aqui:
- Os Ashaninka tornam pública sua posição quanto à prospecção
- Repercussão internacional à posição da Apiwtxa sobre prospecção petrolífera


22/10/2008

Documento Final para a Proteção Transfronteiriça da Serra do Divisor e Alto Juruá



Caros amigos,

Entre os dias 16 e 18 de outubro foi realizada no município de Mâncio Lima, Estado do Acre, na Terra Indígena Poyanawa, a reunião ampliada do Grupo de Trabalho Transfronteiriço para a Proteção Transfronteiriça da Serra do Divisor e Alto Juruá (Brasil/Peru) – GTT, com o objetivo de dar continuidade à articulação do movimento social do Acre e discutir os problemas que ocorrem na faixa de fronteira Acre–Brasil/ Ucayali-Peru. O encontro foi organizado pela Comissão Pró Índio do Acre - CPI/AC, Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá e SOS Amazônia.

Leiam aqui o documento final do encontro com todas as demandas e recomendações.

21/10/2008

PELA HONRA DESTA MULHER NOS ENCONTRAMOS EM APIWTXA

por Txai Macedo *,**

Tradução do termo APIWTXA: Todos juntos.

A Democracia não deve ser esquecida, a sinceridade a favor de quem conhecemos não pode ser omitida e conhecimento é sempre uma necessidade. Quem ta com Deus nunca ta só e só anda no escuro quem quer. Por amor, verdade e justiça apresento, a você txai, e aos seus leitores, meu ponto de vista a favor da honra de quem conheço e mora no coração do povo de Páwa Henokê.

Tradução do termo Páwa Henokê: Deus nas alturas.


Prezado Txai Altino Machado, bom dia Txai.

Neste momento escrevo para te informar sobre o 5˚ (quinto) Encontro de culturas indígenas do Estado do Acre e aproveito para te fazer alguns pedidos também muito sinceros e especiais. Porém, antes de qualquer coisa, levo até você informes importantes:

JOGOS E ENCONTRO

O 1˚ Jogos da Celebração e 5˚ Encontro de Culturas Indígenas do Acre realizado de 10 a 14 de outubro de 2008 na Aldeia Ipiranga da Terra Indígena Puianawa do Barão o qual recebeu dos próprios índios Puianawa o nome de fantasia Dinamã Êwê Yữbabu o que significa Floresta casa de todos nós, foi lindo, muito proveitoso e fundamentalmente importante no que se refere a necessária, devida e responsável revitalização e valorização das culturas indígenas tradicionais da diversidade indígena deste nosso Estado acreano.

Os povos indígenas, residentes seculares do Estado do Acre e da Amazônia legal, alem de representarem a diversidade e a riqueza cultural tradicional, as nossas raízes, são compostos por etnias pertencentes aos troncos lingüísticos Aruak (Ashaninka e Manchineri), Arawa (Kulina) e a grande maioria (Puianawa, Nukini, Nawa, Arara, Jaminawa, Katukina, Shãnenawa, Yawanawa, Cuntanawa, Jaminawa-Arara e Kaxinawa), sub-grupos das famílias panos falantes das línguas Hãtxakuז, Hãná, ãná e ãnda, juntos, realizaram sobretudo, uma grande e fantástica celebração etnoexportiva, competições saudáveis que aconteceram entre as diversas etnias indígenas que se reuniram na Arena da Aldeia Global organizada pelo povo indígena Puianawa com vistas a abrigar todas as delegações étnicas indígenas do Acre, especialmente aqueles que procurassem, como na verdade e com o espírito lógico esportivo e etno-cultural procuraram aquele recinto sagrado preparado para receber e manifestar tais culturas e tais valores.

Até o Txai Marcos Frota marcou sua valiosa e honrosa presença naquele local e com profissionalismo, simplicidade, jeito harmônico e sabedoria deu um belo show para os parentes presentes. Só não se fez presente quem não quis ou não pôde chegar naquele terreiro sagrado e reservado pelos anfitriões Puianawa para receberem nossa merecida diversidade indígena e não indígena neste nosso Estado de origens indígenas. Txais e Shãnus, aqueles que não procuraram se fazerem presentes naquele lugar e naquele momento, certamente não ouviram antes Alberto Loro e Alberam Morais cantarem juntos com o povo indígena Nukê-Kuז a estrofe da musica BR – 364, especialmente a frase cantada que diz: Esta estrada vai te levar, a uma aldeia indígena. Esta linda musica foi composta por Alberto Loro em homenagem ao povo Nukê aqueles que os não índios lhes atribuíram à denominação Katukina.

Txai despreza a ira e viva com amor. Tu sabes txai, que o amor é divino e conforta. Eu não consigo acreditar que tu não te lembres com freqüência o que o Mestre ensina com coerência. Digo isto sem querer te ofender, mas, pelo que entendi ao ler um texto que eu considero deslocado e intitulado ײComentários de um anônimoײ não conheço ser do teu feitio não assumir o que escreve.

Quem é Nilton Amorim txai?

O que eu não aceito?:
I que este governo é mais autoritário do que os governos do passado. Que isso txai?.
II que para que alguém vomite sua ira contra seus adversários utilize-se enquanto salvo conduto o uso indevido dos nomes dos povos indígenas e dos seringueiros.
III e pior que tudo é tomar conhecimento através de seu http:⁄⁄ altino.blogspot.com⁄, dos comentários de Nilton Amorim que eu em particular não o conheço e que se aproveita de sua guarida para falar mal de pessoas que conhecemos e que sempre mereceram nossas considerações e respeito.

TXAI,

O recado que eu mando agora através deste artigo que te escrevo, sem arrogância, sem prepotência e sem obrigações alguma de saber de como realmente funcione o espírito jornalístico é o que se segue:

I. Quer falar com Francisco Piyãko?, fala. Quer chamar o Francisco para o campo da honra como é o verdadeiro vocabulário praticado pelos povos da floresta o chame que eu tenho certeza que ele irá e saberá honrar sua pessoa e seu povo.
II. Quer falar de dona Francisca (PITI) como ela nos foi apresentada pelo povo Asheninka fale primeiro com Antonio Piyãko esposo de PITI, pai de Francisco, Moises, IWẽki, Tôto, Dora, Alexandrina (Shaãtsy), Wêwito Valdecir,Tsirotsi, Irantxo, Sankori, Andréia e Kẽtxori. Antônio é sogro de Pôtxo e é o grande Líder Asheninka herdeiro do trono deixado por Samuel Piyãko.
III. Aquela não é uma mulher para ser julgada por qualquer endivido txai. Se você não é qualquer um como eu lhe considero que não seja. Diga a todos que não conhece a dona Francisca, a PITI que eu conheço e respeito, que ao se dirigir a ela da forma como aconteceu foi infeliz. Ao tocar no nome dela faça isso com sabedoria e respeito como eu faço. Isto não é pedestal não. É respeito e dignidade merecida por aquela pessoa que na banalidade registrada por vós em nome do desconhecido tanto desrespeita.
IV. Para maior clareza de todos aproveito o ensejo para apresentar dona Francisca (PITI) Antonio Piyãko e seus filhos: Não me sinto no direito de falar daquele povo sem falar antes de Samuel Piyãko.
V. Samuel Piyãko: Um grande líder e renomado Pajé tradicional. O maior espelho de organização política e espiritual da comunidade Asheninka que vive no Brasil. Que alias, não são apenas 430 Asheninka. Os Asheninka que vivem no território brasileiro somam mais de mil (1000) boas almas txai. No Peru existem mais 60.000 (sessenta mil Asheninka). Samuel Piyãko foi o primeiro Asheninka a vir morar no Rio Amônia e veio por opção própria. Não estava fugindo das guerras entre espanhóis e Atauapa, nem das missões religiosas e muito menos veio para explorar madeiras de lei. Antônio Piyãko não é um índio oriundo do Peru como vocês estão dizendo. Antônio Piyãko esposo de PITI é um Asheninka brasileiro e, sobretudo, acreano. Asheninka significa povo companheiro. Apiwtxa denominação do local onde vivem hoje os Asheninka significa todos juntos. Dona Francisca (PITI) não é cearense como vocês falam embora isto não lhe desabone. Ela é acreana nascida e criada nas margens do Rio Amônia, no município de Marechal Thaumaturgo em meio a cultura Asheninka. Eu conheço seus pais e seus irmãos que por sinal vocês deviam conhecê-los antes de falar abobrinhas contra eles, uma vez que eles sempre procuraram ser amigos de todos que procuraram ser amigo deles.
VI. Dona Francisca ou PITI como vocês queiram chamá-la foi uma menina nascida às margens do Rio Amônia. Ali se tornou moça. Seguindo as tradições Asheninka, ela, aquela moça, a PITI, quando certa de que estava apaixonada pelo homem com quem ela queria casar-se o qual era Antonio Piyãko. De acordo como procedem todas as moças Asheninka, ela foi a Samuel Piyãko e pediu a mão de Antonio Piyãko a casamento. O que Samuel Piyãko, depois de se certificar de que aquela moça não índia tinha mesmo certeza de que queria casar-se com seu filho prontamente consagrou o desejo demonstrado pela moça de acordo com o que a natureza falou para ele ver e sentir. Como a recíproca é verdadeira, a partir daquele momento em total respeito à cultura dos não índios Samuel Piyãko reuniu com outras lideranças Asheninka foi a casa dos pais de Piti pedi-lá em casamento para seu filho Antonio, e ao mesmo tempo pedir a extensa família a integração real ao seu povo. PITI deve ter tocado PIOBIRENTSI muitas madrugadas para expressar sua verdadeira paixão por Antonio Piyãko. Piti a partir do nascimento de seu primeiro filho: Francisco Piyãko ordenou aos filhos seguir as tradições de seu avô e seu pai. E, assim foi feito e hoje pode ser comprovado por qualquer um que se disponha a conhecê-los de verdade. O que não se pode e nem se deve é falar de alguém sem conhecê-los como pude ver nos textos que andei lendo e que não pude concordar com o que li.

Quando a ética não se faz presente deixa todos descontentes:

Num outro texto que li, o qual está intitulado: Protesto de Mulheres Indígenas que eu tenho quase certeza de que as mulheres indígenas não fizeram isto. Ao que parece é mais uma obra peçonhenta. Foi ali declarada uma verdadeira ameaça à vida de Francisco Piyãko. Que irresponsabilidade é essa txai?. Como é que você permite que na sua coluna, no seu http:⁄⁄ altino.blogspot.com⁄ se faca ameaça a lideranças indígenas que conhecemos tanto aqui em nossa região. Sem arrogância e sem prepotência. Porém, na qualidade de Sertanista da Fundação Nacional do Índio – FUNAI cumpre aqui mais uma obrigação profissional da política pública obrigatória exigindo respeito à Legislação Indigenista Brasileira e Normas Correlatas quando peço a todos que deixem os índios se organizarem livremente. Querem ajudar aos povos indígenas ajudem, empoderar suas divisões naturais e corriqueiras jamais txai.

Pois bem querido txai estou escrevendo para sugerir que se retrate e peça aos seus aliados para se retratarem também. Ao contrário é bom que se entenda, não estou ameaçando ninguém. Porem, dona Francisca (PITI) terá todo apoio necessário para se defender e garantir seus direitos de mulher e cidadã acreana e matriarca que ela é na comunidade Asheninka que ela vive, os ama e respeita.

Finalmente, na natureza é assim, quem quer colher só o bem só plante o bem no caminho. Cada um com sua beleza, com seu dom, seu estilo próprio seu espírito forte e muita certeza. O livre arbítrio é um direito para todos os brasileiros. Cada um tem um cabedal de acordo ao que Deus lhe dá, faça por merecer que Deus fará por todos sem se esquecer de nada.

* Txai Macedo, Sertanista da Fundação Nacional do Índio – FUNAI, em resposta a um comentário postado por Altino Machado no blog http://altino.blogspot.com, (aqui).

** Nota da equipe de colaboradores do blog da Apiwtxa:
A equipe de colaboradores do blog da Apiwxa solicitou à Comunidade Apiwtxa publicar aqui também este artigo do amigo Txai Macedo, por considerar que o artigo não só faz justiça ao papel fundamental desempenhado por Dona Piti na história de luta do povo Ashaninka do rio Amônia, que ele, Txai Macedo, incansavelmente também ajudou a construir. Mas este artigo é também uma lição de ética, sempre tão cara e cada vez mais necessária. Dona Piti representa para a nossa equipe o que diz o título do artigo do Txai Macedo. E à ela, sempre que nos é dado o prazer e o privilégio de encontrá-la, pedimos sua abençoada benção. E dela, sempre recebemos as mais generosas sábias palavras. Ela é aquela pessoa Laranjeira: carregada de laranja boa!
Leila Soraya Menezes, pela equipe de colaboradores do Blog da Apiwtxa.

17/10/2008

Repercussão internacional à posição da Apiwtxa sobre prospecção petrolífera


Prezados Amigos,

Acreditamos em nossa capacidade de lutar por nós e pelo outro. Nós estamos fortemente na luta contra a forma das empresas chegarem até a nós e ao nosso entorno para explorar os recursos sem pedir sequer licença. Muitas das comunidades Asheninka do lado peruano vêm sendo usadas para fazerem frente, proteger as exploradoras no sistema de escravidão. No entanto, tudo que se pode divulgar e por onde quer que seja, temos de fazê-lo com os devidos cuidados. Também os Asheninka de Tamaya estão mobilizando outras comunidades para retirar os invasores.

Ganhou divulgação internacional e importantes repercussões o Ofício da Apiwtxa à respeito da perspectiva de início da prospecção de petróleo e gás no Lote 110, concedido à Petrobras Energia Perú S.A. no alto rio Juruá, no Peru. Publicamos AQUI no Blog da Apiwtxa, com o título "Os Ashaninka tornam pública sua posição quanto à prospecção", no dia 14/08/2008.

Destacamos a seguir alguns desses locais:

1) No Boletim de Notícias, de 23 a 20 de agosto, distribuido pelo CIPIACI (Comité Indígena Internacional para la Protección de los Pueblos en Aislamiento Voluntario y Contacto Inicial de la Amazonía, el Gran Chaco y la región oriental del Paraguay). Neste Boletim, o Ofício da Apiwtxa encontra-se em sua versão original, em português, e foi traduzido para o castelhano, para facilitar sua leitura por um público mais amplo, nos nove países da América do Sul onde têm base as nove organizações indígenas, de caráter nacional e regional, que compõem o CIPIACI. (Para mais informações sobre o CIPIACI, consultar AQUI.)

2) O Boletim do CIPIACI foi divulgado a 29/8 no site Servindi (Servicio de Información Indígena), sediado em Lima, um dos principais meios de divulgação eletrônica de documentos, notícias e artigos relacionados a questões indígenas e de meio ambiente. O link dessa divulgação está AQUI.

3) A íntegra do Ofício da Apiwtxa foi enviada por OilWatch Sudamerica para os membros da lista OILWATCH Petroleo America Latina (petroleo_al@oilwatch.org), no dia 1 de setembro.

4) O Ofício da Apiwtxa foi divulgado também no site da OilWatch MesoAmerica, a 3/9/2008, AQUI.

5) O Ofício da Apiwtxa foi divulgado ainda, no dia 1/9/2008 no site do MAIPPA (Articulación por un Movimiento de Afectados por la Industria Petrolera en Países Amazónicos), importante site que acompanha casos de povos indígenas e outras populações afetados pelas atividades do petróleo na América Latina. Vejam AQUI.

Por fim, destacamos também que outras mobilizações estão ocorrendo no Peru, por meio das quais organizações e comunidades indígenas têm procurado impedir o início da prospecção e exploração de petróleo em seus territórios, em concessões feitas pelo Governo peruano em qualquer consulta prévia, informada e de boa fé, conforme recomenda a Convenção 169 da OIT, ratificada pelo Peru em 1993. É o caso em particular da Central Asháninka del Río Ene (CARE) que reuniu as 18 comunidades do rio Ene, no Peru, e que resolveu entre os dias 11 e 14 de julho oporem-se às atividades de exploração de petróleo no Lote 108. Para quem tiver interesse, indicamos a leitura da matéria publicada no site de notícias IPS, em espanhol: AQUI.

Atenciosamente,

Isaac Piyãko Ashaninka

16/10/2008

União dos povos marca o encerramento do Encontro de Cultura Indígena

Valorização das tradições, intercâmbio de informações e emoção do reencontro fizeram do evento um momento único

por Viviane Teixeira*

Foto Gleilson Miranda/Secom
Encontro representa a oportunidade de manter e resgatar a cultura das comunidades indígenas

Manifestações culturais, vestimentas tradicionais e a emoção de encontrar ou reencontrar os parentes marcaram a solenidade de encerramento do quinto Encontro de Culturas Indígenas do Acre e do primeiro Jogos da Celebração. Os representantes das quinze etnias que participaram do evento iniciaram os preparativos para a festa logo no início da tarde de terça-feira, 14. Eles vestiram seus trajes tradicionais e se pintaram entoados por seus cantos.

Depois de tudo preparado, as delegações se reuniram na Arena do Barão, espaço que foi destinado à realização de práticas esportivas e de encontro das comunidades indígenas. Os participantes receberam das mãos dos anfitriões do evento, o povo Puyanawa, as medalhas de participação e premiação dos primeiros Jogos da Celebração.

Francisco Pianko, assessor especial do Governo do Acre para Assuntos Indígenas, falou da oportunidade de os povos estarem reunidos durante os cinco dias para apresentar suas culturas, trocar experiências e principalmente como forma de manter vivas as práticas e os conhecimentos tradicionais. “A organização apenas ajudou os indígenas a se encontrarem e fazerem suas conversas, suas danças. Nossa avaliação não poderia ser melhor: a felicidade da população indígena do Acre prova que acertamos em realizar o encontro nesta terra.”

A solenidade de encerramento foi outro momento de apresentação das mais diversas manifestações culturais, no qual cada etnia mostrou o que faz dos povos indígenas a tradução da diversidade e da riqueza cultural do Acre.

Para Moisés Piyãko, índio Ashaninka, o encontro proporcionou o fortalecimento das culturas indígenas do Estado, além de incentivar algumas etnias a voltar a praticar algumas tradições que já foram perdidas. “Aqui conhecemos as tradições de vários povos. O fortalecimento da tradição promove o renascimento das comunidades indígenas.”

A realização do quinto Encontro de Culturas Indígenas do Acre e os Jogos da Celebração contou com o envolvimento de noventa pessoas de órgãos estaduais e federais em sua organização. No período de 10 a 14 de outubro, todas as atenções foram voltadas para que o momento de celebração pudesse acontecer.

Foram mais de 400 indígenas representando as 15 etnias do Acre e do sul do Amazonas. Durante a reunião de avaliação do evento, a maior parte dos indígenas destacou o fato de o encontro ter sido realizado em uma terra indígena.

Para a liderança do povo Kontanawa, Haru Xiña, o encontro representa a oportunidade de manter e resgatar a cultura das comunidades indígenas. “Compartilhar informações desperta o interesse pela própria cultura e incentiva a valorização da diversidade. A união de nossos povos representa a força de nossos espíritos”, conclui Haru Xiña.

Uma das formas encontradas para manter as tradições e resgatar as práticas culturais foi a inclusão do ensino diferenciado dentro das aldeias. Através dele as comunidades indígenas têm trabalhado em dos objetivos do Encontro de Culturas Indígenas realizado de 10 a 14 de outubro na terra indígena Puyanawa, que é manter vivas as tradições indígenas. E nesse sentido falar na língua de origem é primordial. “Nossos filhos aprendem as duas línguas, e isso é muito importante”, destacou Joel Poyanawa. Através do ensino diferenciado os professores também ficam responsáveis por repassar os conhecimentos tradicionais aos mais novos. “A formação continuada tem a potencialidade de transmitir para os alunos a identidade indígena. Os jovens assumem a missão se dedicando à cultura, tradição e crença.”

No encerramento, uma grande roda foi formada por todos os participantes simbolizando a união, encontro e reencontro de parentes. A cantoria dos povos Ashaninka marcou o momento em que as etnias se misturaram formando pares e rodas para celebrar o encontro.

Uma semente de cedro foi plantada como forma de lembrar da importância da floresta para a humanidade. “Devolver à terra o que tiramos dela. Só a natureza é capaz de repor nossas energias. Vamos lembrar desses momentos por toda nossas vidas”, finalizou o cacique do povo anfitrião José Luiz, na língua indígena Puwê.

* Viviane Teixeira, Agência de Notícias do Acre, 16/10/2008

Lideranças trocam experiências e debatem a preservação das práticas tradicionais

Atividade fez parte da programação do primeiro Encontro Indígena do Acre realizado em terra indígena

por Viviane Teixeira*

Foto Gleilson Miranda/Secom
Lideranças indígenas realizaram debate no espaço Aldeia Global





Compartilhar experiências e modos de vida, tendo como foco a manutenção dos conhecimentos e das práticas tradicionais. Este foi o propósito de uma das atividades desenvolvidas durante a realização do quinto Encontro de Culturas Indígenas do Acre, o Papo de Índio. Lideranças e comunidades indígenas das etnias acreanas unidas para o debate realizado na Aldeia Global. No primeiro dia da atividade a realidade de cada povo foi apresentada por seus líderes, enfatizando os principais problemas, as esperanças e alternativas para o futuro. “Este é um trabalho de lembrar o passado e de recuperação da cultura das comunidades”, destacou Antônio Alves. Ele falou ainda que esta preocupação faz parte do cotidiano dos indígenas. “Sabemos que muitas comunidades já estão guardando suas tradições, sementes e desenhos. Estas coisas precisam estar reunidas e bem cuidadas para que não se percam com o tempo”.

Durantes os três encontros com esta proposta as comunidades indígenas compartilharam o conhecimento tradicional, falaram das dificuldades, dos resultados positivos e dos desafios de cada etnia. Assuntos como a participação e a parceria do poder público, saúde, educação, resgate de raízes, tradição e desafios para o futuro fizeram parte da pauta do Papo de Índio. “Este é um exercício de projetar o futuro baseados no que já se sabe”, disse Antônio Alves.

Para o assessor para Assuntos Indígenas, Francisco Pianko, a proposição de políticas públicas é mais fácil e eficiente quando o processo de troca de informações acontece. Segundo ele o encontro possibilita a discussão sobre o que já foi feito, e a apresentação do que ainda é preciso para melhorar a qualidade de vida das comunidades tradicionais. “Neste processo é importante a participação de todos, expondo seus problemas, dando idéias. Ficamos muito satisfeitos com os resultados. As orientações das comunidades vão ao encontro do que está sendo pensado e executado pelo Governo do Estado”, enfatizou Francisco Pianko.

Para o líder do povo Jaminawa Arara do Bajé, Rosildo da Silva, um das grandes necessidades de seu povo é a qualificação educacional. “Precisamos trabalhar em conjunto para garantir a educação dos nosso parentes”, disse ele. A terra indígena do povo Jaminawa está localizada em Marechal Thaumaturgo, são 190 indígenas divididos em quatro grupos, tendo como forma de subsistência o artesanato, a cultura de banana, macaxeira e cana. Recentemente o Governo do Estado em parceria com a comunidade implantou duas casas de farinha na aldeia como forma de oferecer mais uma alternativa de renda.

Outra experiência apresentada durante o Papo de Índio foi a organização do povo Ashaninka, que moram na fronteira do Brasil com o Peru na área do rio Amônia. A comunidade composta por 430 indígenas tem como principal fonte de renda o artesanato tradicional, que utilizam matérias-primas como as sementes e o reaproveitamento de árvores, além da tecelagem. “Ainda que nossa dependência do mercado externo seja pouca. Produzimos quase tudo que necessitamos”, ressaltou Isaac Pianko. Os Ashaninka desenvolvem um trabalho importante da área de reflostamento e de repoamento de quelônios. “Nossa comunidade planeja as ações e as formas adequadas de interagir com o meio ambiente, garantindo os recursos que precisamos e devolvendo para natureza o que deve ser devolvido”.

A atividade Papo de Índio foi um dos momentos mais marcantes e de grande participação dos representantes das etnias que estiverem presentes no quinto Encontro de Culturas Indígenas do Acre. O debate foi mediado por Suely Melo, chefe do Departamento de Patrimônio Histórico e Cultural, Edgar de Deus, chefe do Departamento Estadual da Diversidade Sócio-Ambiental, Toinho Alves, Assessor Especial do Governo do Estado e Dedê Maia, responsável pelo setor de cultura indígena do Patrimônio Histórico.

“Um evento como esse marca o reconhecimento pelas lutas dos povos indígenas”, concluiu Biraci Brasil, liderança do povo Yawanawa.

* Viviane Teixeira, Agência de Notícias do Acre, 16/10/2008

Encontro da Rede Povos da Floresta no Teatro Tom Jobim

por Gal Rocha*

Foto Rede Povos da Floresta




















A Rede Povos da Floresta promoveu um encontro no dia 9 de outubro no teatro do Espaço Tom Jobim, Jardim Botânico – Rio de Janeiro. O objetivo da reunião foi fortalecer o elo com pessoas interessadas no movimento, apresentá-lo para possíveis parceiros e mobilizar novos amigos. Esse encontro deu início a uma série de atividades que serão realizadas pela Rede Povos da Floresta.

Estavam presentes no local, Ailton Krenak, Benki e Moisés Ashaninka, Luis Paulo Montenegro, João Fortes, Rodrigo Baggio, Victor Fasano, Cynthia Howlett, entre outros convidados.

Depois de uma breve apresentação das pessoas presentes ao encontro, foram expostos os objetivos e resultados obtidos pela Rede até hoje. Aiton Krenak falou sobre a luta empreendida há quase trinta anos, quando surgiu a Aliança dos Povos da Floresta e quando Chico Mendes levantou a bandeira das reservas extrativistas. Lembrou que nesse tempo a briga começava no gabinete do ministro e que o conflito era brutal.

Benki Ashaninka recordou quando, em maio de 2003, divulgou-se pela internet uma carta dirigida ao Ministério Público expondo problemas na fronteira e de outros benefícios que a instalação trouxe até aqui e que ainda trará. Benki contou ainda sobre a fundação e trajetória do Centro Yorenka Ãtame, outro importante ponto da Rede.

Foto Rede Povos da Floresta















Num momento de descontração, Cynthia Howlett contou sua experiência na aldeia dos Ashaninka - quando estava grávida e ainda não sabia. Ela considerou esse episódio muito especial. Ali, durante a reunião, Cynthia pôde apresentar sua filha a Benki e a Moisés.

No final da reunião, Moisés entoou uma oração em Aruak – tronco lingüístico do povo Ashaninka – que emocionou a todos os presentes.

Em novembro está previsto um novo evento da Rede Povos. Será o show de Gilberto Gil em homenagem a Chico Mendes.

* Gal Rocha, Rede Povos da Floresta, 15/10/2008

14/10/2008

Reunião Transfronteiriça para a Proteção da Serra do Divisor e Alto Juruá (Brasil-Peru)


REUNIÃO AMPLIADA DO GRUPO DE TRABALHO TRANSFRONTEIRIÇO PARA A PROTEÇÃO DA SERRA DO DIVISOR E ALTO JURUÁ (BRASIL - PERU) – GTT

De 16 a 18 de outubro, no município de Mâncio Lima no Estado do Acre, será realizada na Terra Indígena Poyanawa a reunião ampliada do Grupo de Trabalho Transfronteiriço (GTT), com o objetivo de dar continuidade à articulação do movimento social do Acre, para discutir os problemas que ocorrem na faixa de fronteira Acre–Brasil/ Ucayali-Peru. Este encontro está sendo organizado pela Comissão Pró Índio do Acre - CPI-AC, Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá - OPIRJ e SOS Amazônia, que junto com diversas organizações, associações e representantes governamentais pretendem estabelecer estratégias e acordos entre povos indígenas e populações tradicionais visando à proteção, conservação, o uso sustentável da biodiversidade e a garantia de seus territórios.

A reunião, além de atualizar o mapeamento da agenda positiva de projetos das organizações locais, objetiva ressaltar as linhas de desenvolvimento e de fortalecimento institucional almejadas pelos povos indígenas e populações tradicionais, além de discutir os grandes projetos e os processos transfronteiriços, em curso e planejados, no Vale do Juruá. Pretende construir mecanismos que assegurem o respeito à legislação e às políticas ambientais, os mecanismos de consulta prévia e informada e garantir a efetiva participação desses povos na definição, implementação e avaliação das políticas públicas voltadas para o desenvolvimento regional.

Nos últimos anos, por intermédio de suas organizações, de parcerias com entidades não governamentais, órgãos de governo, projetos da cooperação internacional, índios, seringueiros, agricultores e ribeirinhos têm mobilizado seus próprios projetos para o reconhecimento oficial, a gestão de seus territórios e o fortalecimento institucional de suas organizações de representação. O GTT tem o intuito de trazer à tona alguns assuntos específicos que representam sérias ameaças aos direitos, aos territórios e ao modo de vida dos povos indígenas e tradicionais que vivem no Alto Juruá Brasil - Peru.

A fronteira do Brasil com o Peru apresenta uma série de conflitos socioambientais, no caso específico da região do vale do Juruá no Acre com o departamento de Ucayali (Peru), os conflitos repercutem em agressões à soberania nacional, através da invasão de madeireiros peruanos, causando sérios problemas para os índios isolados que vivem entre a faixa de fronteira, para a Terra Indígena Kampa do Rio Amônia e o Parque Nacional da Serra do Divisor.

Com os mais recentes projetos do Governo federal (como a conclusão da pavimentação da BR-364) e do Governo peruano (com a concessão de florestas na região de fronteira para empresas madeireiras, de petróleo, gás e de mineração) e planos dos dois governos (a construção da estrada Cruzeiro-Pucallpa, linhas energéticas e mais recentemente de uma ferrovia), a situação pode ficar ainda pior e os conflitos podem se tornar cada vez mais constantes.

Vale ressaltar que a prospecção de petróleo e gás já teve início no Vale do Juruá, sem que qualquer informação ou consulta prévia tenha sido feita às organizações indígenas e ao movimento social, ações que podem trazer graves impactos ambientais, sociais e culturais se iniciada a etapa de exploração, ainda que fora das terras indígenas e unidades de conservação.

O Grupo de Trabalho Transfronteiriço para Proteção (GTT) da Serra do Divisor e Alto Juruá (Brasil – Peru), foi instalado em abril de 2005, como resultado de uma ampla articulação promovida pela Comissão Pró-Índio do Acre e a SOS Amazônia, envolvendo diversas organizações da sociedade civil organizada, associações indígenas, de seringueiros e agricultores e instituições governamentais, órgãos federal, estadual e municípios do Vale do Juruá acreano. Vários encontros foram organizados durante esses três anos, em Cruzeiro do Sul, em Pucallpa (Peru) e em terras indígenas (Brasil / Peru).

Alguns resultados positivos foram obtidos, destacando a elaboração de agendas para proteção das Terras Indígenas da região e do Parque Nacional da Serra do Divisor, e outros que estão parados como o Fórum Binacional de Integração e Cooperação para o Desenvolvimento Sustentável da Região Acre-Ucayali, que tem participação dos dois governos, organizações do movimento social, universidades e empresários, e que deve ser rapidamente reativado, por ser o mais legítimo e qualificado espaço para as discussões e tomadas de decisões sobre desenvolvimento regional.

Reunião Ampliada do Grupo de Trabalho Transfronteiriço no Brasil
Data: 16, 17 e 18 de outubro de 2008.
Local: TI Poyanawa

Programação

15/10 (tarde)
16/10 (bem cedo)
- Chegada dos convidados.

16/10
(manhã)
- Abertura, distribuição de materiais, apresentação dos participantes, leitura da pauta, acordos durante a programação do evento.
- Apresentação de power point: Objetivos do Grupo de Trabalho Transfronteiriço e Histórico dos temas tratados nas reuniões e Fórum Binacional Transfronteiriço. (50 min)
- Apresentação de power point: Contexto regional e situação da fronteira: projetos de exploração madeireira, petróleo e gás. (1h:30min)
- Discussão, perguntas e dúvidas, em plenário.
(tarde)
- Começo da discussão em grupos com a apresentação de temas e pautas da reunião

Proposta de Temas e Pauta da reunião
- Conjuntura e contexto regional, gestão do território, projetos, dinâmica de fronteira, estradas, ferrovia, madeira, petróleo, invasão no PNSD, TI Kampa do Rio Amônia e levantamento de temas prioritários e encaminhamentos.
- Perspectivas fronteiriças, estratégias de articulação, como definir uma agenda comum entre os representantes da sociedade civil.
- Possibilidade de reunião das câmaras técnicas do Fórum com os atores do lado brasileiro, para atualização de conhecimentos e informações dos projetos locais e definir estratégias comuns para o desenvolvimento da região. A reativação desta agenda possibilita o maior envolvimento do governo (recursos financeiro e humano) garantindo a sustentabilidade de realizar as reuniões do Grupo de Trabalho Transfronteiriço.
- Área de abrangência para participação das comunidades do Juruá envolvendo toda a região.

17/10
(manhã e tarde)
- Continuação das discussões (a partir de um apanhado do que foi produzido durante a parte da tarde do dia anterior). Discussões que devem convergir para o fechamento do documento na parte da tarde.

18/10
(manhã e tarde)
- Fechamento do documento, de forma coletiva, em plenária, para todo mundo, ao final, aprovar e assinar.

Metodologia
- ‘Agenda positiva‘, projetos regionais que estão sendo trabalhados na região (representantes comunitários, governo, organizações regionais) (16 e 17/10).
- Discussão em grupos sobre as perspectivas e desafios na região, consensos e agendas comuns entre organizações e temas relacionados às demandas e preocupações regionais (manhã).
- Elaboração de documento final e encaminhamentos (tarde).

Realização
Comissão Pró Índio do Acre/CPI-AC

Organização
Organização dos Povos Indígenas do Juruá /OPIRJ
SOS Amazônia
Comissão Pró Índio do Acre/CPI-AC.

Parcerias
Associação Agro-Extrativista Poyanawa do Barão e Ipiranga
Associação Ashaninka do Rio Amônia - Apiwtxa
Movimento dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre
Organização dos Professores Indígenas do Acre

Apoio
Rainforest Fondation da Noruega - RFN
The Nature Conservancy

13/10/2008

Jogos da Celebração reúnem práticas esportivas tradicionais dos povos indígenas

Arco e flecha e corrida de 100 metros estiveram entre as competições realizadas no primeiro dia

por Viviane Teixeira, de Mâncio Lima*

Foto: Gleilson Miranda/Secom














Jogos celebram a união entre os povos indígenas de todo o Acre [Moisés Piyãko em arremesso de lana.]

Como parte da programação do quinto Encontro de Culturas Indígenas do Acre, várias competições esportivas estão sendo desenvolvidas na aldeia Poyanawa. No primeiro dia de provas, foram realizadas duas modalidades. Logo no começo da manhã de sábado, os representantes dos povos que participariam da prova de Arco e Flecha já testavam seus equipamentos. A torcida e a alegria das etnias marcaram a disputa. As regras foram repassadas pela comissão técnica composta por integrantes da Secretaria de Esporte, Turismo e Lazer (Setul). A localização da flecha indica a pontuação (1 a 40 pontos) de cada lançamento. O desenho de um peixe foi colocado como alvo.

Cada povo indígena foi representado por dois índios, os acertos foram somados. O olho do peixe era o local mais cobiçado pelos participantes. A etnia Ashaninka foi a única a ganhar 40 pontos com apenas o lançamento de uma flecha acertando o alvo. Assim, depois de flechar também a cabeça do peixe por duas vezes, os competidores desse povo ficaram com o primeiro lugar. A segunda e a terceira colocações foram conquistadas pelos Contanawas e Nukinis, respectivamente.

De acordo com o secretário de Esporte, Turismo e Lazer, Cassiano Marques, a escolha das competições teve como base a cultura e os costumes indígenas. “A prática de esporte garante a integração e o intercâmbio dos povos. Também desenvolve o corpo e a mente, mantendo a tradição das comunidades”. O secretário destacou ainda que, a partir da realização dos primeiros Jogos da Celebração, as comunidades praticarão as atividades em suas terras. “Os Jogos celebram a união entre os indígenas.”

Para encerrar as atividades esportivas do sábado, as delegações disputaram a corrida rasa de 100 metros. A cada bateria os participantes eram recebidos na chegada pelos parentes com muita alegria. Os vencedores de cada bateria no masculino e feminino disputaram a grande final. Para o primeiro colocado, Jorgeano Carvalho, da etnia Kashinawa, os jogos representam a força e a união entre as comunidades. “Esse momento é muito importante para encontrar nossos parentes de outras terras”, disse.

* Viviane Teixeira, de Mâncio Lima, Agência de Notícias do Acre, 13/10/2008

Madeireiras peruanas avançam sobre Amazônia brasileira e ameaçam índios

por Kaxiana, Agência de Notícias da Amazônia, 13/10/2008*

Insatisfeitas em devastarem o seu quinhão na floresta amazônica sul-americana, as madeireiras do Peru avançam agora sem piedade por sobre as matas da Amazônia brasileira, principalmente no vizinho Estado do Acre, na fronteira com aquele país.

Lutando há quase cinco anos contra as madeireiras peruanas que fazem incursões temporárias em seu território, os índios Ashaninka, habitantes do município de Marechal Thaumaturgo, no extremo oeste da selva acreana, denunciaram novamente a grande ameaça que vem do outro lado da fronteira brasileira.

Após denúncias anteriores dos índios sobre o mesmo problema, o governo peruano praticamente nada fez para impedir as ações das madeireiras de seu país e o governo brasileiro fez apenas alguns sobrevôos e incursões do Ibama e de policiais federais nas regiões da fronteira acreana onde costumam ocorrer os desmates ilegais patrocinados por empresas peruanas.

Foto Romerito Aquino











Benke e Moisés estiveram em agosto no Rio de Janeiro junto com os pais e outros parentes

Em entrevista ao portal da Globo Amazônia durante encontro da Rede Povos da Floresta, ocorrido no Rio de Janeiro, os líderes indígenas e irmãos Benki Pianco e Moisés Pianco, disseram que a ação de madeireiras peruanas em local próximo à fronteira do Brasil tem colocado em risco comunidades de índios brasileiros.

Segundo informou Benki Pianco, que vive na aldeia ashaninka Apiwtxa, o avanço da indústria madeireira no Peru tem feito com que comunidades isoladas, que viviam pacificamente na região, invadam terras indígenas de outras etnias, provocando conflitos. “Eles estão numa situação de vida ou morte. Ou brigam com outros povos, ou entram em confronto com as madeireiras”, informa.

Bebida e prostituição

O líder ashaninka também denunciou que grande parte da madeira explorada naquela região do Peru provém de terras indígenas. “Eles oferecem dinheiro pela madeira e as comunidades ficam dependentes disso. É causado um impacto social que destrói a cultura, tira o equilíbrio das comunidades. Aí entra a bebida, a prostituição”, destacou Pianco.

Os dois líderes ashaninka disse que, para defender suas terras da destruição, a comunidade Apiwtxa tem lançado mão da arma tecnológica que é a comunicação via internet. Um computador movido a energia solar e uma antena para conexão permitem que a aldeia ashaninka, que fica em uma região de difícil acesso, possa denunciar os problemas da região.

“Queremos que as pessoas possam fiscalizar o seu próprio território”, disse Moisés Pianco, irmão de Benki, ao explicar que a internet já permitiu que fosse criado um grupo de trabalho transfronteiriço para discutir os problemas daquela região de fronteira.

Segundo o portal Globo Amazônia, a idéia de utilizar a Internet para conectar e defender comunidades isoladas é o que move a Rede de Povos da Floresta, formada por índios, afro-descendentes, populações ribeirinhas e seringueiros. Com o apoio do ONG Comitê para Democratização da Informática (CDI), o grupo já instalou cinco postos de comunicação como o dos Ashaninka.

Nesta quinta-feira (9), no Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Os idealizadores da rede se reuniram com estudiosos e ambientalistas na semana passada no Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, para encontrarem formas de aumentar o alcance de suas ações.

O líder indígena Ailton Krenak disse ao portal que estava muito feliz pelo fato de hoje os índios poderem fazer na Amazônia um “empate” virtual, utilizando a tecnologia da Internet para proteger seus territórios. Os “empates” foram protestos realizados nas décadas de 1970 e 1980 por seringueiros liderados por Chico Mendes, em que grupos de pessoas impediam pacificamente a ação de madeireiras nos seringais.

* Kaxiana, Agência de Notícias da Amazônia, 13/10/2008

Associação indígena é premiada com Ordem do Mérito Cultural

por Portal Amazônia, 13/10/2008*

RIO BRANCO - A Associação do Povo Ashaninka do Rio Amônia (Apiwtxa) foi agraciada pelo Ministério da Cultura com a Ordem do Mérito Cultural 2008, na última terça-feira (7). A associação é formada por índios da etnia Ashaninka, que vivem na Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, no Acre.

A associação foi homenageada, de acordo com o Ministério da Cultura, pelo trabalho que desenvolve na Bacia Amazônica há 16 anos, que foca na conscientização da preservação dos recursos naturais e no manejo das artes, ofícios e artesanato.

- As idéias, experiências e saberes da etnia Ashaninka são repassadas para outros povos indígenas e famílias não indígenas, com o objetivo de sensibilizar a população vizinha a diminuir o impacto socioambiental e promover o desenvolvimento sustentável da região - disse.

Ordem do Mérito Cultural

A Ordem do Mérito Cultural é um reconhecimento do governo de personalidades, artistas e iniciativas que contribuem com a cultura brasileira. Neste ano, a solenidade de condecoração foi realizada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com o tema o centenário de morte de Machado de Assis.

A homenagem foi criada em 2005 e na sua 14ª edição premiou diversas personalidades, como as cantoras Elsa Soares e Mercedes Sosa, o dramaturgo Benedito Ruy Barbosa, os compositores Carlos Lyra, Edu Lobo, Sérgio Ricardo e Johnny Alf, o cineasta Ruy Guerra. Entre as associações, destacam-se, além da Apiwtxa, a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais - ABGLT, a Associação Brasileira de Imprensa - ABI, o Coletivo Nacional de Cultura do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), entre outros.

* Portal Amazônia - A.L, (Com informações da Amazônia.Org), 13/10/2008

10/10/2008

Pressionados por madeireiras, índios peruanos fogem para o Brasil

'Eles estão numa situação de vida ou morte', diz líder indígena. Tribos brasileiras temem que invasão de suas terras cause conflitos.

por Iberê Thenório*

Foto: Iberê Thenório
Líderes Ashaninka temem que invasão de terras indígenas brasileiras cause conflitos entre etnias.

A ação de madeireiras peruanas em local próximo à fronteira do Brasil tem colocado em risco comunidades de índios brasileiros. O alerta foi dado pelo líder indígena Bekni Ashaninka, em entrevista ao Globo Amazônia, durante encontro da Rede Povos da Floresta, no Rio de Janeiro.

De acordo com Benki, que vive na tribo Apiwtxa, no Acre, o avanço da indústria madeireira no Peru tem feito com que comunidades isoladas, que viviam pacificamente na região, invadam terras indígenas de outras etnias, provocando conflitos. “Eles estão numa situação de vida ou morte. Ou brigam com outros povos, ou entram em confronto com as madeireiras”, informa.

Benki conta que grande parte da madeira explorada naquela região do Peru provém de terras indígenas. “Eles oferecem dinheiro pela madeira, e as comunidades ficam dependentes disso. É causado um impacto social que destrói a cultura, tira o equilíbrio das comunidades. Aí entra a bebida, a prostituição”, revela.

Denúncias na internet

Para defender suas terras da destruição, a comunidade Apiwtxa tem lançado mão de uma arma tecnológica: a comunicação via internet. Um computador movido a energia solar e uma antena para conexão permitem que a tribo, que fica em uma região de difícil acesso, possa denunciar os problemas da região.

“Queremos que as pessoas possam fiscalizar o seu próprio território”, afirma Moisés Ashaninka, irmão de Benki. “A internet já permitiu que criássemos um grupo de trabalho transfronteiriço para discutir os problemas daqui”.

A idéia de utilizar a Internet para conectar e defender comunidades isoladas é o que move a Rede de Povos da Floresta, formada por índios, afro-descendentes, populações ribeirinhas e seringueiros. Com o apoio do ONG Comitê para Democratização da Informática (CDI), o grupo já instalou cinco postos de comunicação como o dos Ashaninka.

Nesta quinta-feira (9), no Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, os idealizadores da rede se reuniram com estudiosos e ambientalistas para encontrar formas de aumentar o alcance de suas ações.

“Fico muito feliz de hoje podermos fazer um ‘empate’ virtual, utilizando a tecnologia”, comemora o líder indígena Ailton Krenak. Os ‘empates’ foram protestos realizados nas décadas de 1970 e 1980 por seringueiros liderados por Chico Mendes, em que grupos de pessoas impediam pacificamente a ação de madeireiras nos seringais.

* Iberê Thenório, do Globo Amazônia, no Rio de Janeiro, 10/10/2008

07/10/2008

MINC realiza solenidade de entrega da Ordem do Mérito Cultural

por Rose Farias*

Associação Ashaninka do Rio Amônia Apiwtxa (AC) é uma das iniciativas agraciadas por seu trabalho de conscientização e preservação dos recursos naturais

Criada em 1995, pelo Ministério da Cultura, a Ordem do Mérito Cultural (OMC) é o reconhecimento do Governo Federal a personalidades, grupos artísticos, iniciativas e instituições que se destacaram por suas contribuições à Cultura brasileira.

A solenidade de condecoração da Ordem do Mérito Cultural 2008 será realizada nesta terça-feira, 7, às 17h30, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, e terá como tema central de celebração homenagem ao escritor Machado de Assis, assinalando o centenário da morte do maior expoente da literatura nacional. Na lista dos 38 agraciados está a Associação Ashaninka do Rio Amônia Apiwtxa (AC), que será representada por Benki e Moises Ashaninka.

Durante a cerimônia, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o ministro da Cultura, Juca Ferreira, entregam as insígnias a 38 personalidades, sendo nove in memoriam, e 11 grupos artísticos, iniciativas e instituições que se destacaram por suas contribuições à cultura.

* Rose Farias, Agência de Notícias do Acre, 07/10/2008

Ordem do mérito cultural cultiva a diversidade

por Iuri Rubim*

A Ordem do Mérito Cultural, condecoração dada pela Presidência da República a personalidades e grupos com ação destacada na cultura, mantém a vocação dos últimos anos de premiar a diversidade.

A 14ª edição da Ordem do Mérito Cultural, que acontece na próxima terça (7/10), homenageia desde a pifeira pernambucana Zabé da Loca e o repentista baiano Bule Bule até Nelson Triunfo, um dos expoentes do hip-hop nacional, passando pela Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) e pelos indígenas da Associação Ashaninka do Rio Amônia (Apiwtxa).

A solenidade de condecoração será realizada às 17h30, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, e, este ano, tem como tema a celebração do centenário de morte de Machado de Assis.

* Iuri Rubim, Terra Magazine, 06/10/2008

06/10/2008

Apiwtxa será condecorada com a Ordem do Mérito Cultural






OMC 2008
Patrimônio, Artes Plásticas e Visuais são destaques na 14ª edição da grande festa da cultura brasileira


por Clelia Araujo/Comunicação Social do Ministério da Cultura*

A cerimônia da Ordem do Mérito Cultural deste ano será realizada na cidade maravilhosa. Na noite de 7 de outubro, no majestoso Theatro Municipal do Rio de Janeiro, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o ministro da Cultura, Juca Ferreira, entregarão as insígnias para personalidades e instituições que se destacaram por suas contribuições para o desenvolvimento e a valorização da Cultura brasileira.

O Ministério da Cultura tem conferido à OMC uma ampla abrangência temática, de forma a contemplar áreas do saber e do fazer que tornam marcantes nossa cultura, dentro e fora do país, e que sejam representativas da imensa riqueza da diversidade cultural brasileira.

Neste ano, nomes ligados às Artes Plásticas e Visuais e ao Patrimônio Material e Imaterial do Brasil também receberão a homenagem.

Associação Ashaninka do Rio Amônia (Apíwtxa)

Há 16 anos desenvolve, na Bacia Amazônica, um trabalho de sustentabilidade com foco na conscientização da preservação dos recursos naturais de forma não-agressiva no manejo das artes, ofícios e artesanato. As idéias, experiências e saberes da etnia Ashaninka são repassadas para outros povos indígenas e famílias não-indígenas, com o objetivo de sensibilizar a população vizinha a diminuir o impacto socioambiental e promover o desenvolvimento sustentável da região.

* Clelia Araujo/Comunicação Social, Notícias do MinC, O dia-a-dia da Cultura, 01/10/2008

03/10/2008

Floresta, Casa de Todos Nós

1º Jogos de Celebração e
5º Encontro de Culturas Indígenas do Acre
Dimanã Êwê Yubabu:
Floresta, Casa de Todos Nós
















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02/10/2008

Apoio ao Projeto Escola Ashaninka Yorenka Ãtame

por Brasilien Magazin e.V.

A organização sem fins lucrativos Brasilien Magazin colabora com vários projetos beneficentes e culturais.

Foto Brasilien Magazin e.V.
Debate sobre os problemas de desmatamento na Amazônia com o líder Ashaninka Moisés Piyãko e uma funcionária do Greenpeace

Através da visita do líder Ashaninka Moisés Piyako à Alemanha, a convite do Brasilien Magazin e.V., surgiu o desejo de apoiar o projeto escola do povo Ashaninka chamado Yorenka Ãtame, um centro de formação, educação e difusão de práticas de manejo sustentável dos recursos naturais da região do Alto Juruá voltado para indígenas e não-indígenas.

Foto Brasilien Magazin e.V.
Equipe do Brasilien Magazin com o líder Ashaninka Moisés Piyãko

Desde 2006 o Brasilien Magazin e.V. busca parceiros na Alemanha para ajudar os Ashaninka a continuar o seu trabalho, preservando seus conhecimentos tradicionais, fortalecendo e ampliando sua luta para a proteção do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável da região do Alto-Juruá, uma das regiões mais ricas em biodiversidade do planeta.

Saiba mais AQUI.