19/01/2017

ASSEMBLEIA DA APIWTXA PLANEJA UM 2017 DE INTENSO TRABALHO EM BENEFÍCIO DA FLORESTA E DE SEUS POVOS E COMUNIDADES

De 17 a 22 de dezembro último, a Comunidade Ashaninka do Amônia reuniu-se na aldeia Apiwtxa para a realização das assembleias anuais da Associação Apiwtxa e da Cooperativa Ayõpare.
O evento reuniu os membros da Comunidade para reflexões que abrangeram desde um balanço geral e avaliação das atividades realizadas em 2016, até um planejamento das ações projetadas para o ano que se inicia.

De modo geral, os Ashaninka da Apiwtxa manifestaram-se satisfeitos em relação ao que vem sendo realizado pela Comunidade em benefício de seu fortalecimento político e institucional, em prol da consolidação de sua autonomia, e no campo da gestão territorial.

Dentre os avanços destacados pela retrospectiva das ações em curso, foram destacados resultados obtidos por meio de ações de vigilância, intercâmbios com outros povos indígenas, incrementos relativos ao Plano de Gestão Territorial e Ambiental, atividades de manejo, registro e veiculação da cultura Ashaninka, atividades de formação, estreitamento da aliança com os Ashaninka do Peru, com as comunidades da Reserva Extrativista do Alto Juruá, e com outras comunidades indígenas vizinhas. Muitas dessas atividades foram realizadas com apoio de parceiros, como o BNDES, a Fundação Banco do Brasil, etc.
Em 2017 a Apiwtxa seguirá trabalhando firme para consolidar os resultados já alcançados, bem como para conquistar novos avanços. Alguns dos desafios que estão colocados para a agenda do próximo ano referem-se, por exemplo, à saúde, ao acesso à água, à gestão de resíduos, a incrementos necessários para o desenvolvimento de atividades produtivas (manejo florestal, de fauna e pesca e de sistemas agroflorestais) e à potencialização dos resultados por meio das alianças estratégicas com comunidades vizinhas. Outro ponto de fundamental atenção para a Comunidade será o conjunto de investimentos a serem destinados à melhoria do funcionamento da Cooperativa Ayõpare, que segue em crescente processo de qualificação e aprimoramento de resultados.
O primeiro semestre desse ano que se inicia promete ser bastante intenso para os membros da Apiwtxa. A agenda de 2017 já possui inúmeras atividades programadas, demandando a continuidade da disciplina e organização que os Ashaninka da Apiwtxa adotam como método para desenvolver sua missão, finalidades e objetivos.

A ideia é intensificar os trabalhos, as parcerias e alianças, e fortalecer as redes que atuam no sentido da conservação e recuperação da floresta, com a valorização de seus povos, a proteção dos territórios e a autonomia das comunidades que vivem na região.
Fotos de Carolina Comandulli

12/01/2017

OPERAÇÃO INTERINSTITUCIONAL CONFIRMA A NECESSIDADE DE MAIOR PRESENÇA DO ESTADO BRASILEIRO NA FISCALIZAÇÃO DO AMÔNIA

Equipes do Exército Brasileiro e da Fundação Nacional do Índio – FUNAI realizaram de uma operação de controle e fiscalização na região do Amônia. A operação ocorreu entre os dias 5 e 11 de dezembro, e teve como alvo as Terras Indígenas Apolima Arara e Kampa do Rio Amônia. Sua efetivação respondeu a denúncias feitas pela Apiwtxa, bem como por outras comunidades indígenas, a respeito da entrada de invasores, caçadores e madeireiros, e outros ilícitos praticados na região.

A ação contou com dois servidores do órgão indigenista e 11 militares do Exército. Seu foco foi o combate à caça, pesca, e desmatamento ilegais nesses territórios, vistoriando, ainda, embarcações a fim de averiguar o possível transporte de materiais ilícitos oriundos de territórios peruanos e brasileiros.

Durante a operação, dois homens foram flagrados transportando animais silvestres (jabutis) e um carregamento de cerca de 20 quilos de pescado, espécies de peixes conhecidos localmente como "mocinha". Os indivíduos foram conduzidos até a zona urbana de Marechal Thaumaturgo e apresentados à Delegacia de Polícia Civil, onde foi lavrado Boletim de Ocorrência. Os jabutis foram devolvidos à floresta.

Muito embora não tenha havido apreensões significativas, o balanço da operação permite reafirmar a notável ausência dos órgãos de segurança pública naquela região, sendo imprescindível a intensificação das ações de fiscalização e controle por ali.

Foto de Carolina Comandulli


10/01/2017

APIWTXA E ACONADIYSH ASSINAM TERMO DE COOPERAÇÃO PARA FORTALECIMENTO DAS COMUNIDADES NATIVAS E TERRITÓRIOS INDÍGENAS

Nos dias 10 e 11 de dezembro, representantes da Apiwtxa e a associação peruana, Aconadiysh, reuniram-se na Comunidade Nativa Santa Rosa no Rio Breu, no Distrito de Yurua – Peru, num encontro relevante para consolidar a parceria entre povos indígenas dos dois países.
 
O encontro de dois dias teve como objetivo a pactuação de um acordo de cooperação entre as duas entidades, para fortalecimento de organizações comunitárias e de gestão dos territórios indígenas, bem como discutir e orientar um plano de trabalho para dar início à implementação do acordo.
A cerimônia foi aberta pelas manifestações do Presidente da Aconadiysh, Orlando Pérez e Guerra, e pelo representante da Apiwtxa, Francisco Pyiãko, seguidas da apresentação dos participantes.

Ainda no primeiro dia do evento, a Apiwtxa realizou uma apresentação institucional, por meio da qual seu representante falou sobre os processos de luta e reconhecimento de seu território, fortalecimento comunitário, gestão territorial, e organização de atividades produtivas. Essa atividade foi bastante apreciada pelos presentes, já que muitas comunidades tinham notícias acerca do êxito de experiências da Apiwtxa nesses campos de atuação.

O encontro foi marcado por forte presença da base da Aconadiysh, que contou a participação de 22 das 24 comunidades representadas pela Associação.

Um dos temas de destaque girou em torno do debate de ações para potencializar e fortalecer a comercialização da produção das comunidades no Peru, considerando, sobretudo, as difíceis condições logísticas da região, caracterizada por ser próxima à fronteira com o Brasil, e a necessidade de investimentos para consolidar as relações entre as comunidades, e destas com entidades que contribuam para sua inserção no mercado. O primeiro passo nesse sentido é organizar a gestão territorial dessa grande região.
A assinatura do Termo de Cooperação, que terá vigência de um ano, foi validada por todos os presentes, e efetivou-se ao final da reunião, momento em que ficaram também estabelecidas a agenda como atividades para o ano de 2017.

As comunidades nativas do Peru participantes sentiram-se contempladas com a participação da Apiwtxa, por ter contribuído para a concretização dessa importante oportunidade de intercâmbio de experiências. Todos os presentes afirmaram satisfação pela realização desse encontro, considerado por todos um sucesso.

Por fim, um dos encaminhamentos foi o agendamento de dois próximos encontros, o primeiro ocorrerá em março de 2017, na comunidade Dulce Glória, para tratar de gestão territorial e o outro no mês de novembro de 2017, na aldeia Apiwtxa, para discussão sobre modelo de organização comunitária.

Fotos de Carolina Comandulli

06/01/2017

PROJETO ALTO JURUÁ É O MELHOR AVALIADO DENTRE OS APOIADOS PELO FUNDO AMAZÔNIA

Nos dias 3 e 4 de dezembro a Comunidade Ashaninka do Rio Amônia recebeu a visita de profissionais responsáveis pela avaliação do Alto Juruá, projeto financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, com recursos do Fundo Amazônia.

Christine Verheijden, representando o grupo de doadores da Noruega que investem no Fundo Amazônia, e o Gerente de Gestão do Fundo Amazonia, Guillherme Accioly, passaram dois dias realizando reuniões e atividades de campo no Centro Yorenka e na Aldeia Apiwtxa, a fim de conhecer de perto e em prática, bem como avaliar a implementação, o funcionamento e os resultados já alcançados pelo Projeto Alto Juruá.
Dentre os temas centrais investigados pela equipe de investidores da Noruega em suas avaliações, encontra-se a verificação dos resultados dos projetos financiados pelo Fundo no que se refere ao empoderamento das comunidades beneficiadas. Sobre o tema, a consultora norueguesa declarou ser difícil mensurar uma ênfase desse fator no caso do projeto em tela, uma vez que os Ashaninka da Apiwtxa já constituíam uma organização muito fortalecida e empoderada, antes mesmo da chegada dos recursos do projeto.

Guilherme Accioly, por sua vez, ressaltou que, dentre os 86 projetos financiados pelo Fundo Amazônia atualmente, o Projeto Alto Juruá, é o que vem merecendo a melhor avaliação do BNDES. O ranking das organizações beneficiárias leva em consideração, dentre outros aspectos, o alinhamento dos projetos com as políticas públicas aplicáveis e as diretrizes e critérios do Fundo Amazônia, sua contribuição direta ou indireta para a redução do desmatamento e da degradação florestal, a coerência das ações previstas nos projetos com o objetivo proposto, o orçamento e o cronograma de sua implantação, além de fatores como capacidade gerencial para a sua execução. 

O Projeto Alto Juruá, de autoria dos Ashaninka da Apiwtxa, é o primeiro e único do Fundo Amazônia aprovado diretamente em favor de uma associação indígena no Brasil, iniciado em abril de 2015 pelo BNDES. Com duração de três anos, atua no assessoramento, capacitação e implantação de sistemas agroflorestais; apoio à gestão territorial e ambiental às comunidades indígenas e tradicionais do Alto Juruá; e desenvolvimento institucional das organizações comunitárias.

04/01/2017

SEMANA DE INTENSA MOVIMENTAÇÃO NA APIWTXA

Dentre os dias 01 e 07 de dezembro, a Comunidade Ashaninka da Apiwtxa recebeu um conjunto de importantes visitas para a realização de distintas atividades relacionadas ao registro de sua cultura.   

Manual do Século 21 e Nokum Txai – Nossos Txai:

Durante um final de semana os Ashaninka da Apiwtxa estiveram acompanhados pela equipe de produção do seriado Manual de Sobrevivência para o Século 21, em razão da gravação de um episódio da série que irá retratar aspectos de seu modo de vida. A equipe contou com a presença do ator e apresentador Marcos Palmeira.
O programa busca apresentar alternativas para fomentar a formação e fortalecimento de comunidades resilientes e (auto)sustentáveis, por meio da demonstração de técnicas básicas para sobrevivência, do funcionamento de sistemas de troca, do desenvolvimento e uso de tecnologias de código aberto, de métodos de construções com materiais locais, e outras técnicas de bem viver baseadas em novas visões de mundo.

A visita à Apiwtxa ofereceu à equipe uma oportunidade de participar de algumas atividades de rotina da comunidade, e experienciar rituais do Povo Ashaninka. Foi uma concreta troca de experiências sobre alternativas para recuperação de áreas degradadas e implementação de modelos sustentáveis de organização comunitária. As lideranças da Apiwtxa avaliam de maneira positiva os propósitos e resultados da série, que é um veículo para trocar conhecimentos e dar visibilidade aos modos de vida de povos diversos. 
O episódio irá ao ar em 2017 no canal Cine Brasil na Sky, e teve apoio cultural do governo do Estado do Acre.

Ainda no campo da produção audiovisual, outra visita importante marcou a semana. Produzida no Acre, a série "Nokun Txai - Nossos Txais", trata da colonização e descolonização da cultura indígena da região do Alto Juruá, também realizou filmagens na Apiwtxa. 
O episódio "A Morada de Hãkwo" foi dirigido pelo cineasta Ashaninka Wewito Piyãko e pelo antropólogo e indigenista idealizador do Projeto Vídeo nas Aldeias, Vincent Carelli. A série, com direção geral do cineasta acreano Sérgio de Carvalho, contará com 13 episódios de 26 minutos cada.
O lançamento da série está previsto para 2017. Não perca!
Fotos de Carolina Comandulli e Talita Oliveira