No dia 30 de dezembro de 2015, lideranças da
Apiwtxa se reuniram na aldeia com a finalidade de planejar as ações de
vigilância da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia para o ano de 2016. A ideia é
intensificar as atividades de proteção da terra, tendo em vista os apoios
financeiro e técnico que estão sendo recebidos, respectivamente, por meio do
Projeto Alto Juruá (financiado pelo BNDES/Fundo Amazônia) e da University
College London, por meio do Projeto Ciência Cidadã Extrema.
O Projeto Alto Juruá prevê a instalação de três
bases de vigilância em pontos estratégicos da Terra Indígena, equipadas com kit
radiofonia e bote. Há também a previsão de apoio para expedições de vigilância.
Já o projeto de monitoramento apoiado pela University College London treinou,
em 2015, 13 monitores Ashaninka para realizarem o registro de informações sobre
invasões na Terra Indígena com o uso de tecnologia digital, permitindo o
levantamento de dados precisos sobre as ocorrências (fotografia, gravação de
áudio e coordenada geográfica).
Durante
a reunião foram discutidas as vulnerabilidades da Terra Indígena ao longo do
ano, conforme as estações, e foram planejadas as ações em cima dessa dinâmica.
Também foram levantadas as necessidades de equipamentos para as expedições e a
necessidade de se realizar reuniões de esclarecimento sobre as atividades de
vigilância nos demais aldeamentos da Terra Indígena. Desse modo, nos dias 4 e 5
de janeiro foram realizadas reuniões de esclarecimento nos aldeamentos situados
no Igarapé Amoninha e na fronteira com o Peru, subindo o Rio Amônia. Também
realizou-se uma visita na base de vigilância que já se encontrava em construção
nas proximidades do Igarapé Amoninha.
Em seguida, entre os dias 9 e 16
de janeiro, uma equipe de 5 monitores Ashaninka deslocaram-se da aldeia Apiwtxa
em direção ao Rio Arara, que é uma das fronteiras da Terra Indígena, para a
primeira ação de vigilância do ano. Nesta época do ano, é comum a entrada de
caçadores ilegais na Terra Indígena, que adentram o Rio Arara em busca de
animais silvestres para consumo e comercialização. Há dois aldeamentos
Ashaninka no Rio Arara. A equipe de monitores, juntamente com a coordenação executiva
do projeto Alto Juruá, se deslocaram até essas localidades para realizar a
reunião de esclarecimento. No dia seguinte, os monitores e mais 6 Ashaninka dos
aldeamentos do Rio Arara partiram em três botes para a ação de vigilância.
Durante a atividade foram localizados dois caçadores, na altura do Igarapé Duas
Bocas. Os Ashaninka realizaram uma ação educativa, informando os caçadores da
proibição da caça em Terra Indígena, e apreenderam a caça de sua embarcação.
Também informaram as comunidades não-indígenas que residem no trajeto do Rio
Arara sobre as atividades de vigilância que irão se intensificar no ano de
2016.
As bases de vigilância estarão todas prontas e equipadas até
o final do primeiro semestre de 2016, o que permitirá um sistema integrado de
monitoramento e comunicação no interior da Terra Indígena e com os órgãos e
instituições competentes.
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