Respondendo a uma demanda dos
Ashaninka do Rio Amônia, o Exército Brasileiro e a Fundação Nacional do Índio –
FUNAI deslocaram-se à aldeia Apiwtxa para realizar reunião sobre a situação da
proteção territorial da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, nos dias 30 e 31 de
agosto.
Os
Ashaninka da Apiwtxa realizam, rotineiramente, ações de vigilância e proteção
territorial em sua Terra, de modo a garantir a integridade dos recursos
naturais e evitar invasões. Desde janeiro, a Apiwtxa vem informando a Funai
acerca de invasões que estão ocorrendo em seu território, sobretudo por
caçadores e pescadores ilegais nos cursos dos rios Arara e Amônia. Esses
invasores ingressam na Terra Indígena em busca de animais e peixes para
comercializar ilegalmente no Município de Marechal Thaumaturgo. Com frequência,
os invasores procuram esses recursos em território peruano, utilizando os rios
da Terra Indígena como passagem para acessar outros territórios. No entanto, a
preocupação dos Ashaninka da Apiwtxa é com o impacto que essas atividades
ilegais têm no manejo dos recursos naturais de sua Terra pois, ainda que sejam
retirados de territórios vizinhos, acabam por reduzir o estoque de animais em
seu território. Além disso, estas invasões trazem outros problemas sociais
associados, como exploração e abusos a comunidades vizinhas, que trocam os
animais por mercadorias de valor muito inferior ao preço do produto ilegal na
cidade, além de, muitas vezes, serem enganadas e abusadas por meio da oferta de
bebidas alcoólicas.
Durante a reunião, foram expostos
ao Exército e à Funai a situação e os desafios de proteção territorial da Terra
Indígena, bem como foram discutidas possíveis estratégias de cooperação e apoio
entre os órgãos para que trabalhem em uma articulação regional a fim de
combater as atividades ilegais. Também, a Apiwtxa apresentou às instituições as
iniciativas atuais em que a comunidade está envolvida, como o Projeto Alto
Juruá (BNDES/Fundo Amazônia), que está instalando e equipando três postos de
vigilância na Terra Indígena, bem como a parceria com a University College
London/ExCiteS e a Comissão Pró-Índio do Acre – CPI/AC, que tem apoiado o
monitoramento territorial com tecnologia digital.
No segundo dia de reunião, houve uma discussão
interna da Apiwtxa, na qual foi feito o planejamento das ações de vigilância
até o final o ano, bem como foram debatidos o uso e a gestão dos equipamentos
utilizados para vigilância que pertencem à Associação, como GPS, celulares,
baterias, binóculos, câmeras fotográficas, etc. A Apiwtxa espera, por meio da
articulação com as instituições competentes e pelo fortalecimento das ações
internas de monitoramento, garantir a proteção da Terra Indígena e assegurar os
recursos necessários à segurança alimentar da comunidade.
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