04/12/2009

O desmatamento no Peru já chegou à Fronteira brasileira

Movimentos sociais e ONGs do Brasil, Peru e Bolívia discutem fronteira

por Comissão Pró-Índio do Acre, 01/12/2009

A fronteira Acre/Peru/Bolívia foi tema de encontro entre ONGs e representantes do movimento social nos dias 25, 26 e 27 de novembro, no Centro de Formação dos Povos da Floresta (CFPF). A reunião “Dinâmicas Transfronteiriças na região Acre/Brasil – Peru: o papel das ONGs e futuras parcerias binacionais” foi realizada pela Comissão Pró-Índio do Acre (CPI/AC) e SOS Amazônia.

Os objetivos do evento foram apresentar as atualizações sobre as atividades legais e ilegais em curso na fronteira; debater seus impactos nas comunidades da região; trocar informações sobre o trabalho das organizações sociais e não-governamentais na fronteira; e criar uma agenda de tarefas para 2010 com base nas demandas apresentadas.

Participaram da reunião lideranças das unidades de conservação e terras indígenas do Acre e Peru e ONGs que atuam nos três lados da fronteira - como o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, Centro de Trabalho Indigenista, Herencia, Instituto del Bien Comum, ProNaturaleza e Woods Hole Research Center.

No encontro, foram apresentadas informações atualizadas sobre projetos para a região, como as explosões para a análise do potencial petrolífero do Acre (prospecção de petróleo), obras de infra-estrutura, avanço da exploração madeireira e petrolífera no Peru e a situação dos índios isolados que migraram do Peru para o Acre.

As atividades da CPI/AC na fronteira foram apresentadas pela coordenadora executiva da instituição, Malu Ochoa. Promovidas pelo Programa de Políticas Públicas e Articulação Regional, essas ações visam contribuir para “fortalecer e capacitar os índios para a atuação no espaço público; buscar espaços para influenciar políticas públicas; e fortalecer as políticas de proteção aos povos isolados”, afirmou Malu.

Durante a reunião, lideranças das terras indígenas e unidades de conservação deram depoimentos sobre os problemas que suas terras enfrentam em relação às dinâmicas de integração e atividades ilegais. Ninawá Huki Kui, da TI Kaxinawá do Rio Humaitá, afirmou que os índios isolados andam próximos da sua aldeia desde agosto. “Isso é uma preocupação de longa data, mas hoje está pior. Não sabemos o que eles querem e temos medo de haver conflito”.

Sebastião Aragão, conselheiro e morador do Parque Nacional da Serra do Divisor, conta que não há fiscalização e existe caminhos abertos no parque para o transporte ilegal de drogas. “A polícia federal entrou em contato, mas até hoje não chegaram. Nós não temos condições de fiscalizar. E o desmatamento já chegou à fronteira. Há uma grande derrubada de palmeira no lado peruano”, denuncia.

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