Um campo de extração ilegal de madeira no fundo da Amazônia peruana. Foto Scott Wallace
por Socott Wallace, para a National Geographic, 12/09/2011**
Em um sinal de crescente ativismo indígena e impaciência com os burocratas ineficazes, comunidades no Peru e Brasil se uniram nos últimos dias para patrulhar uma região fronteiriça volátil repleta de madeireiros ilegais e gangs de traficantes de droga armadas.
No início deste mês, uma patrulha conjunta de nativos Ashéninka do Alto rio Tamaya no Peru e da tribo Ashaninka do outro lado da fronteira no Brasil encontrou vários pontos dentro do Peru, onde madeireiros pareciam estar operando sem concessões legalmente reconhecidas. Os índios também descobriram um campo de exploração madeireira apenas a 200 metros da fronteira, levando à suspeita de que os madeireiros estão posicionados para arrebatar madeira valiosa do Território nacional brasileiro.
"É uma estratégia conhecida": afirma Isaac Piyãko líder Ashaninka à Comissão Pró-Índio do Acre, o estado de fronteira da Amazônia, no extremo oeste do Brasil, que inclui as terras indígenas dos Ashaninka. "Eles montaram um acampamento próximo à fronteira para tirar a madeira do Brasil." Piyãko disse que a patrulha encontrou troncos de mogno e cedro recentemente derrubados - madeiras ameaçadas de extinção e protegidas por lei - e como árvores em pé do lado Brasil marcadas com chamas pelos madeireiros para a colheita iminente.
Equipados com unidades manuais de GPS, os líderes indígenas apresentaram a informação geo-referenciada às autoridades brasileiras em uma reunião na semana passada na cidade fronteiriça de Cruzeiro do Sul. As autoridades prometeram estudar o assunto e indicaram que estavam dispostos a realizar vigilância aérea e reforçar a sua presença na zona fronteiriça.
Os Ashaninka brasileiros evoluíram em uma força bem organizada e influente nos últimos anos, surgindo como um modelo para outras tribos menos afortunadas. Seu território foi legalmente reconhecido, e membros da tribo desfrutam de um nível relativamente elevado dos serviços de saúde e de educação pública. O mesmo não se pode dizer dos seus irmãos, no Peru. Eles requerem o título legal de suas terras nos últimos 10 anos. O governo ainda não respondeu, deixando o Ashéninka peruana expostos à invasões de madeireiros ilegais e à uma cascata de ameaças que mantêm a todos temerosos quando a noite vem para a floresta e os fogos das cozinhas se apagam.
No mês passado, membros da comunidade Ashéninka do Saweto encontrou três motores de popa sabotados, depois que sofreram um confronto com madeireiros no sertão.
Os Ashaninka e Ashéninka são grupos indígenas intimamente relacionados, partilham de uma língua comum e costumes semelhantes.
* Leia original em inglês AQUI. Versão em português por Leila Soraya Menezes
** Scott Wallace escreve sobre meio ambiente e assuntos indígenas para a National Geographic. Seu próximo livro, The Unconquered: In Search of the Amazon’s Last Uncontacted Tribes, será publicada pela Crown em outubro de 2011. Para mais informações, visite http://www.scottwallace.com/
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