Mais
de 50 moradores da Reserva Extrativista do Alto Juruá, Ashaninka da Terra
Indígena Kampa do Rio Amônia e da Terra Indígena Kaxinawá-Ashaninka do Rio Breu
participaram do II Módulo do Curso de Agroecologia do Projeto Alto Juruá,
promovido pela Associação Ashaninka do Rio Amônia - Apiwtxa com apoio do
BNDES/Fundo Amazônia, entre 11 e 20 de outubro.
A abertura do evento
contou com a presença de Francisco Piyãko, Isaac Piyãko, Wewito Piyãko, e Benki
Piyãko, lideranças da Associação Ashaninka do Rio Amônia – Apiwtxa, e de representantes
da direção da Associação de Seringueiros e Agricultores da Reserva
Extrativista do Alto Juruá – ASAREAJ e moradores da ResEx.
Buscando
contemplar a demanda das comunidades do Alto Juruá por apoio técnico, e fortalecer
intercâmbios entre conhecimentos
tradicionais sobre a floresta, a atividade teve início no Centro Yorenka Ãtame,
e foi conduzida pelos engenheiros florestais João Jailson Minuzzo e Pedro
Cordeiro. Os instrutores reafirmaram que “não
é preciso derrubar as espécies nativas para produzir comida, já que a floresta
em pé é capaz de fazer isso de maneira muito mais eficiente”, conforme
afirmou Cordeiro na abertura do evento.
A programação do curso tratou de temas como planejamento e implantação
de sistemas agroflorestais, formação e fertilidade de solos, e permitiu o
desenvolvimento de práticas como coleta de mudas e sementes, realização de
canteiros, sementeiras e viveiros, e atividades de poda. Tudo foi realizado por
meio de dinâmicas teóricas e práticas de aprendizagem.
Desde a última segunda-feira (17), o Curso contou com oficinas de práticas
agroecológicas realizadas na ResEx do Alto Juruá e na Terra Indígena Kampa do
Rio Amônia. O local onde, em breve, será inaugurada a nova sede da Associação de Seringueiros e
Agricultores da Reserva Extrativista do Alto Juruá - ASAREAJ, foi visitado
pelos participantes, que em seguida, se deslocaram para as quatro localidades
onde ocorreram as oficinas. As práticas aconteceram de 18 a 20 nas comunidades Novo Horizonte, Iraçu, Matrinchã e
Aldeia Apiwtxa, e foram abertas à participação dos moradores.
O instrutor João Jailson, que orientou a
oficina na comunidade do Iraçú, afirmou sentir que os participantes do curso
estão bem orientados a respeito desse tipo de prática agroecológica, “o pessoal daqui tem uma boa base de
conhecimento sobre sistemas agroflorestais; por isso, procuramos trazer algo
novo para eles, como a coleta e multiplicação de microrganismos, um
conhecimento que acredito ter atraído bastante atenção e interesse.”
Francisco Márcio da Silva, jovem da
comunidade de Iracema registra: “os
ensinamentos dos trouxeram coisas que eu não sabia muito bem, e agora com esse
apoio, creio que vou poder falar para minha comunidade que a nossa esperança
ficou mais forte para fazer as coisas acontecerem por lá”. Ele constata que
para a juventude de sua comunidade o estudo é importante, mas é igualmente
fundamental aprender e contribuir com os trabalhos que os mais velhos fazem
para conservar a Reserva e produzir para a sustentação das famílias, para poder
passar adiante para as futuras gerações.
Maria Vanuzia Conceição do Nascimento também
diz ter aprendido muitas coisas que não sabia, para levar para os seus e levantar a Reserva. Ela acredita que o
maior exemplo que aprendeu foi sobre a Apiwtxa, “que andou com suas próprias pernas, não esperou ninguém, levantou a
cabeça, seguiu em frente e conseguiu muitas coisas”. Como mulher que assume
seu papel na comunidade, Vanuzia diz estar firme para ajudar no trabalho, na
força de vontade, no que for preciso para seguir esse exemplo da Apiwtxa, e
ressalta que o Curso contribuiu muito nesse sentido.
Os moradores da Resex
demonstraram-se satisfeitos por sua participação, o que tem levado a Apiwtxa a
acreditar na importância da continuidade desse ciclo de oficinas
agroecológicas, para que outras comunidades possam ter acesso a esse apoio. As
lideranças da Apiwtxa acreditam que essa parceria estimula as comunidades da
Reserva do Alto Juruá a trabalhar em busca de mais autonomia para sua população,
por meio de sua própria produção, mas sempre manejando os recursos de seu
território de modo sustentável, com respeito e conservação da floresta.
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