27/10/2016

COM APOIO DO BNDES, APIWTXA REALIZA MAIS UM MÓDULO DO CURSO DE AGROECOLOGIA PARA COMUNIDADES DO ALTO JURUÁ

Mais de 50 moradores da Reserva Extrativista do Alto Juruá, Ashaninka da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia e da Terra Indígena Kaxinawá-Ashaninka do Rio Breu participaram do II Módulo do Curso de Agroecologia do Projeto Alto Juruá, promovido pela Associação Ashaninka do Rio Amônia - Apiwtxa com apoio do BNDES/Fundo Amazônia, entre 11 e 20 de outubro.

A abertura do evento contou com a presença de Francisco Piyãko, Isaac Piyãko, Wewito Piyãko, e Benki Piyãko, lideranças da Associação Ashaninka do Rio Amônia – Apiwtxa, e de representantes da direção da Associação de Seringueiros e Agricultores da Reserva Extrativista do Alto Juruá – ASAREAJ e moradores da ResEx.
Buscando contemplar a demanda das comunidades do Alto Juruá por apoio técnico, e fortalecer intercâmbios entre conhecimentos tradicionais sobre a floresta, a atividade teve início no Centro Yorenka Ãtame, e foi conduzida pelos engenheiros florestais João Jailson Minuzzo e Pedro Cordeiro. Os instrutores reafirmaram que “não é preciso derrubar as espécies nativas para produzir comida, já que a floresta em pé é capaz de fazer isso de maneira muito mais eficiente”, conforme afirmou Cordeiro na abertura do evento.
A programação do curso tratou de temas como planejamento e implantação de sistemas agroflorestais, formação e fertilidade de solos, e permitiu o desenvolvimento de práticas como coleta de mudas e sementes, realização de canteiros, sementeiras e viveiros, e atividades de poda. Tudo foi realizado por meio de dinâmicas teóricas e práticas de aprendizagem.

Desde a última segunda-feira (17), o Curso contou com oficinas de práticas agroecológicas realizadas na ResEx do Alto Juruá e na Terra Indígena Kampa do Rio Amônia. O local onde, em breve, será inaugurada a nova sede da Associação de Seringueiros e Agricultores da Reserva Extrativista do Alto Juruá - ASAREAJ, foi visitado pelos participantes, que em seguida, se deslocaram para as quatro localidades onde ocorreram as oficinas. As práticas aconteceram de 18 a 20 nas comunidades Novo Horizonte, Iraçu, Matrinchã e Aldeia Apiwtxa, e foram abertas à participação dos moradores.


O instrutor João Jailson, que orientou a oficina na comunidade do Iraçú, afirmou sentir que os participantes do curso estão bem orientados a respeito desse tipo de prática agroecológica, “o pessoal daqui tem uma boa base de conhecimento sobre sistemas agroflorestais; por isso, procuramos trazer algo novo para eles, como a coleta e multiplicação de microrganismos, um conhecimento que acredito ter atraído bastante atenção e interesse.”  

Francisco Márcio da Silva, jovem da comunidade de Iracema registra: “os ensinamentos dos trouxeram coisas que eu não sabia muito bem, e agora com esse apoio, creio que vou poder falar para minha comunidade que a nossa esperança ficou mais forte para fazer as coisas acontecerem por lá”. Ele constata que para a juventude de sua comunidade o estudo é importante, mas é igualmente fundamental aprender e contribuir com os trabalhos que os mais velhos fazem para conservar a Reserva e produzir para a sustentação das famílias, para poder passar adiante para as futuras gerações.
Maria Vanuzia Conceição do Nascimento também diz ter aprendido muitas coisas que não sabia, para levar para os seus e levantar a Reserva. Ela acredita que o maior exemplo que aprendeu foi sobre a Apiwtxa, “que andou com suas próprias pernas, não esperou ninguém, levantou a cabeça, seguiu em frente e conseguiu muitas coisas”. Como mulher que assume seu papel na comunidade, Vanuzia diz estar firme para ajudar no trabalho, na força de vontade, no que for preciso para seguir esse exemplo da Apiwtxa, e ressalta que o Curso contribuiu muito nesse sentido.
Os moradores da Resex demonstraram-se satisfeitos por sua participação, o que tem levado a Apiwtxa a acreditar na importância da continuidade desse ciclo de oficinas agroecológicas, para que outras comunidades possam ter acesso a esse apoio. As lideranças da Apiwtxa acreditam que essa parceria estimula as comunidades da Reserva do Alto Juruá a trabalhar em busca de mais autonomia para sua população, por meio de sua própria produção, mas sempre manejando os recursos de seu território de modo sustentável, com respeito e conservação da floresta.

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