23/09/2007

Exigimos ser ouvidos pela SmartWood/Rainforest Alliance


Aldeia Apiwtxa, 22 de setembro de 2007.

Amigos,

Saí da nossa aldeia dia 17 de setembro com outros líderes Ashaninka, Wewito, Moisés, David, Valdecir e Sooro, para ver as invasões que estão acontecendo no Igarapé Revoltoso, entre os marcos 42 e 43.

Ficamos nesse local até o dia 19 e retornamos dia 20 para a aldeia. Vimos vários caminhos usados para procurar madeira, ouvimos barulho de motoserra e muitos vestígios de caçada.

Nós não demos continuidade à nossa caminhada para evitar encontrar e evitar um conflito com os madeireiros.

Nós tivemos informações que são pequenos grupos de pessoas que são mandados por grandes empresas para tirar madeira roubada de nossa terra.

O tamanho da área que avançaram com seus caminhos deu para perceber que futuramente a destruição vai ser bem maior.

Estamos planejando uma outra ida, com mais pessoas, para destruir todos os locais e expulsar quem estiver invadindo nossa terra.

Nessa viagem ao Revoltoso, mais uma vez, deu para ver o tamanho da invasão e que já chegaram na antiga destruição feita pelos Cameli, em 1985 e 1987, já entrando em uma área que fica entre o rio Revoltoso e o rio Amoninha.

Até hoje estamos aguardando uma reunião com a SmartWood/Rainforest Alliance, que certificou com o padrão FSC a empresa Forestal Venao, principal responsável pelos desmatamentos ilegais na nossa área.

Queremos falar das invasões da empresa Forestal Venao, que vem invadindo nossa fronteira e nossa terra com máquinas pesadas, derrubando a floresta, retirando a madeira, poluindo nossos rios e igarapés.

Mas nada nos informam sobre a auditoria que a SmartWood faria no lado peruano para investigar as invasões da Forestal Venao. Nem sabemos se a vistoria já foi realizada, de que forma foi feita, qual o cronograma dos deslocamentos, os locais efetivamente visitados e os resultados.

Queremos uma resposta o mais rápido possível a respeito da vinda da equipe da SmartWood responsável pela investigação.

Exigimos ser ouvidos. Queremos uma reunião com a SmartWood, aqui na região, sobre as invasões. Queremos que vejam com os próprios olhos as áreas no Brasil da região de fronteira, dentro da terra Ashaninka, e até mesmo dentro da Reserva Extrativista do Rio Juruá, invadidas pela madeireira peruana Forestal Venao.

E, se vierem, nós mesmos podemos ir junto mostrar onde ficam e como crescem todos os dias as áreas invadidas e a nossa floresta derrubada. Podemos também chamar os amigos da Foz do Breu e da Reserva Extrativista, para que eles mesmos mostrem o estrago que a Forestal Venao vem fazendo nas áreas deles.

Queremos que a SmartWood constate por si mesma as derrubadas de madeira em Território brasileiro pela madeireira peruana Forestal Venao.

Nós sabemos que uma só visita será suficiente para que a SmartWood/Rainforest Alliance cancele imediatamente a certificação florestal que deu à empresa Forestal Venao.

Isaac Piyãko
Líderança do Povo Ashaninka do Rio Amônia


Um comentário:

Rachel Dourado disse...

Que horror, até as reservas estão sendo devastadas.
Hoje existe mais certificação que árvore na floresta, ainda se cria mil desculpas para justifica e ficar bonitinho na história vendendo “madeira certificada”. Temos que cobrar de quem oferta essa certificação, cadê o controle? Tudo é tão bonitinho em documentos. Eu quero a floresta viva.