por Altino Machado*
Foto Altino Machado/Blog da Amazônia Benki Ashaninka, da aldeia Apiwtxa
Qual a sua expectativa em relação aos programas de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação?
A avaliação das queimadas e desmatamentos é algo que deve ser avaliado por todos, especialmente por nós que moramos em comunidades que sobrevivem da floresta e que temos todo um equilíbrio de sustentabilidade em relação a tudo o que a natureza nos oferece. Nós, das comunidades indígenas, estamos conscientes de que os grandes problemas, sobretudo os impactos de emissão de gases, não vem da gente. Mas sabemos que esse é um problema que nos afeta direta e indiretamente.
O que sua comunidade, na fronteira com o Peru, está fazendo para se contrapor à degradação ambiental do planeta?
Nós temos 99% de floresta protegida em nossa reserva indígena, mas estamos fazendo reflorestamento lá. Não estamos apenas dizendo que reduzir é plantar, mas orientando outras pessoas do entorno sobre como tirar da própria floresta a nossa sustentação. Vejo que a sustentabilidade está muito ligada ao equlíbrio e ao entendimento. Nós sabemos que, se estamos reduzindo a emissão de uma grande empresa que está emitindo o tempo todo a sua poluição, vamos dar para ela um suporte? Acho que temos que trabalhar a consciência dessas indústrias que estão por aí poluindo o tempo. Os dois lados são importantes - um visualiza a economia e o outro a proteção ambiental.
Já existe algum retorno financeiro resultante desse esforço em sua comunidade?
Não, não. O ganho que estamos tendo hoje é o do entendimento e de poder trazer outras pessoas para compreender o processo. Estávamos sofrendo uma agressão grande do desmatamento e da exploração madeireira. Começamos com 80 jovens, mas esse contingente foi reduzido para 25 jovens, o que representa mais de 4 mil pessoas compreendendo a dinâmica que estamos propondo para a região. Eu acredito que mais gente vai se aliar a esse esforço porque estamos olhando os rios, as nascentes, os problemas que estão agredindo diretamente a nossa segurança de sobrevivência. O grande reflorestamento, com espécies madeireiras, frutíferas, consorciando manejo e criação de animais silvestres, também vai se contrapor ao desmatamento para criação de bovino. Vamos sobreviver e manejar equilibradamente os recursos naturais voltado ao manejo de lagos, rios, criação de viveiros para produção de algumas espécies que hoje estão correndo risco de extinção. Nós podemos viver do que a natureza tem.
Qual a sua expectativa em relação ao fato de o governo estadual incentivar serviços ambientais para redução de emissões de carbono?
É importante que (o governo) tenha tornado público para que possamos ver o que está sendo debatido no âmbito do governo. Venho acompanhando essa discussão desde o Banco Mundial e Nações Unidas e isso tem servido para nortear alguns programas que tenho desenvolvido em nossa comunidade.
* Altino Machado, Blog da Amazônia, 13/08/2009. Leia mais AQUI
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