19/03/2010

Turismo vivencial nas aldeias

Com incentivo do Governo, indígenas trabalham no resgate e valorização da cultura e o turismo sustentável como fonte alternativa de renda

por Tatiana Campos, com foto de Sérgio Vale/Secom, Agência de Notícias do Acre, 18/03/2010

Natureza, energia, cultura. A paz e o mistério dos sons da floresta. A troca entre os povos. A renovação de um banho de rio. O flagra de animais selvagens. É difícil dizer o que se pode esperar de uma visita a uma aldeia indígena. A garantia que o turista tem é de que ele terá uma experiência única. E para quem quiser se lançar numa aventura como esta, bem-vindo ao etnoturismo acreano.

Apesar de recente, o turismo indígena tem atraído adeptos do Acre, do Brasil e do mundo. E para 2010 o setor aposta numa intensa movimentação em torno das duas principais aldeias abertas para a atividade: a Nova Esperança, na Terra Indígena do Rio Gregório, dos Yawanawá, e a Apiwtxa, no rio Amônia, no município de Marechal Thaumaturgo, dos Ashaninkas. Os índios Kaxinawá do rio Jordão também estão de olho no segmento e abrem as portas para receber visitantes este ano, com uma programação cultural que promete atrair os turistas encantados pelos rituais xamânicos.

Se você se interessou é bastante provável que viva experiências inesquecíveis, pois a emoção dita os passos dos turistas. Mas não espere encontrar nas aldeias índios semi-arredios de flechas em punho ou com uma cultura original intacta. O contato com o branco, explica o secretário de Turismo, Esporte e Lazer, Cassiano Marques, aconteceu há várias décadas e hoje os índios não vivem isolados em suas aldeias: vêm à cidade, utilizam internet e vivem a consequência deste contato. Mas, no Acre, você pode experimentar "o caminho" de volta às origens. "Aqui os indígenas estão há algum tempo fazendo um resgate de suas histórias, culturas, costumes, e trabalham, com o apoio do Governo, para fortalecer estas raízes. Um exemplo é o Festival Yawa que acontece em outubro, nos Yawanawás, um momento em que eles vivem sua cultura de forma bastante intensa e param as atividades da aldeia para celebrar isso, resgatar os hábitos de antigamente".

Experiências únicas

Quem tem as portas abertas para os visitantes há mais de 15 anos são os Ashaninkas, embora só agora estejam estruturando o turismo na aldeia. O público é formado por pesquisadores, ambientalistas e outras pessoas que tenham ligação com a preservação da natureza e a cultura indígena. "Mas o povo Ashaninka não faz do turismo uma fonte de renda como principal motor econômico da aldeia. Também estamos abertos ao turismo tradicional, mas a princípio é necessário passar por uma avaliação de interesses antes de ser autorizado a entrar na Terra", explica Francisco Pianko, do povo Ashaninka, que também é Assessor de Povos Indígenas do Governo do Estado.

Pianko explica que só agora o enfoque sobre o tema tem caminhado para o setor do turismo. "Há uma preocupação na aldeia, e o Governo do Estado através da Setul, tem nos apoiado nisso, para a estruturação desta atividade nos padrões turísticos. Mais de 80% das pessoas que vão a Marechal Thaumaturgo são atraídas pelos Ashaninkas", disse Pianko.

E a experiência de visitar a Apiwtxa, garante o indígena, é de uma riqueza cultural imensa.

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