por Altino Machado, Blog da Amazônia, 09/08/2011
Regina Miki e Márcio Meira
A secretária nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Regina Miki, disse ao desembarcar na tarde desta terça-feira (9), em Rio Branco, que o Acre vive uma “situação de crise” em decorrência do ataque de grupos paramilitares peruanos contra a Frente de Proteção Etnoambiental do Rio Envira, mantida pela Funai (Fundação Nacional do Índio) no igarapé Xinane, na fronteira Brasil-Peru.
- Nós temos aqui uma situação de crise e nesta situação nós temos que conter a crise para que possamos entrar numa linha natural de trabalho. A Força Nacional está aqui para dar a primeira contenção, que é proteger os índios e nossos servidores. A partir disso, nós vamos ter uma ocupação permanente pelo Ministério da Defesa. É para isto que estamos aqui, para pactuar com o governo do Acre - afirmou.
Regina Miki, que chegou acompanhada do presidente da Funai, Márcio Meira, disse que a “ocupação permanente pelo Ministério da Defesa” vai durar o tempo que for necessário.
- Nós temos operações em que trabalhamos continuamente no Ministério da Defesa. Coordenada pelo Ministério da Justiça, a Operação Sentinela, onde trabalham as Forças Armadas, a Força Nacional e a Polícia Federal. Temos também operações pontuais, a Operação Ágata, coordenada pelo Ministério da Justiça. O que se fizer necessário, o Acre também vai ter, como todos os estados que apresentarem uma contenção de crise - acrescentou.
O presidente da Funai e a secretária nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça estão sobrevoando a área da Frente de Proteção Etnoambiental do Rio Envira.
Veja a entrevista com Márcio Meira:
Vocês vão até a fronteira?
Vamos fazer um sobrevoo, em seguida voltamos para Rio Branco e vamos sentar com o governo do Acre, para que a gente possa combinar a colaboração que o Estado tem com as providências que o Ministério da Justiça já tem tomado juntamente com o Ministério da Defesa na Frente de Proteção Etnoambiental do Rio Envira, através da Polícia Federal, Funai e Secretaria Nacional de Segurança Pública.
O senhor chegou a determinar que a equipe da Funai se retirasse da área?
A equipe que estava lá desceu por conta da presença de supostos traficantes. A partir daí, tomamos as providências necessárias para que a equipe pudesse voltar, inclusive com a equipe da Polícia Federal prendendo uma dos invasores que estava lá. Vamos continuar atuando para ver se a gente pega as outras pessoas e consegue apurar tudo o que eventualmente esteja acontecendo lá.
Os funcionários da Funai que decidiram permanecer por conta e risco na área poderão sofrer alguma punição administrativa?
De jeito nenhum, imagina. Os servidores estão prestando serviço público. São a presença do estado brasileiro naquela região, juntamente com todos os agentes dos governos federal e estadual, que está atuando conosco para que nossos funcionários sejam protegidos e, sobretudo, os índios sejam protegidos.
O trabalho da Funai na fronteira do Acre com o Peru, onde vivem os índios isolados, vai demandar cade vez mais a participação das populações do entorno?
O trabalho da Funai é sempre complexo. Cada situação é uma situação. Em situações como essa, obviamente, é sempre necessário a parceria, como estamos tendo a parceria de todos os membros do Ministério da Justiça. Estamos com a secretária nacional de Segurança Pública, comigo aqui no Acre, a pedido do Ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, que determinou que nós estivéssemos aqui para tomar as demais providências com o governo do Acre, além das providências que já foram tomadas. Precisamos proteger os indígenas e os servidores que estão lá na frente.
E a invasão do território brasileiro?
Por isso que é importante, como eu falei, a presença do Ministério da Defesa, pois é uma faixa de fronteira e se trata da defesa nacional. O Ministério da Defesa é um parceiro fundamental.
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