09/08/2011

Grupo armado peruano invade terra de índios isolados no AC, diz Funai

Polícia foi acionada e enviou homens para proteger área de fronteira. Traficante português foi preso pela Polícia Federal em terra indígena.

por Dennis Barbosa, Do Globo Natureza, em São Paulo, 08/08/2011
Helicóptero da Polícia Federal na base Xinane, no oeste do Acre. (Foto: Divulgação/ Polícia Federal do Acre)

A Fundação Nacional do Índio (Funai) denunciou que um grupo armado vindo do Peru está rondando uma região onde habitam indígenas isolados, no Rio Envira, no oeste do Acre.

Seis funcionários da fundação e seis homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope) do estado estão numa base num ponto remoto da floresta amazônica, na Terra Indígena Isolados do Envira, na tentativa de localizar os invasores e proteger os indígenas de um eventual conflito com o bando, segundo informa o coordenador de índios recém-contatados da Funai, Antenor Vaz, que está em contato constante com eles desde Brasília.

Há mais de três semanas, índios ashaninka do Peru haviam alertado que o grupo armado estava descendo o Rio Envira em direção ao Brasil. A Funai pediu a presença da Polícia Federal, que ficou uma semana na base, conhecida como Xinane. Segundo Vaz, mateiros da Funai viram dois homens armados rondando o local e, mais tarde, localizaram o traficante português Joaquim Antônio Custódio Fadista, que acabou preso pela PF.

Em março, Fadista havia sido detido na mesma região. Na ocasião, quando abordado pela polícia, ele deixou cair uma mochila no Rio Envira, a qual se suspeita que contenha drogas. O português, segundo informações da Funai, foi extraditado para o Peru, onde também era procurado e, lá, saiu da prisão, voltando ao Acre em agosto. De acordo com a Polícia Federal, ele é condenado por tráfico de drogas pela Justiça do Maranhão e do Ceará, no Brasil, e também em Luxemburgo.

Depois da prisão do traficante, a PF deixou a Base Xinane. Os funcionários da Funai, no entanto, decidiram ficar e, quando voltavam à base de helicóptero, viram homens correndo para o mato.

Neste sábado (6), os funcionários da fundação encontraram, na outra margem do Rio Envira, um acampamento aparentemente usado pelo bando peruano, onde encontraram cartuchos tirados da base da Funai e flechas que pertenceriam aos índios isolados, o que é um indício de os homens armados entraram em contato com os índios ou estiveram em algum lugar onde estes habitam.

“Ou esses caras mataram os isolados ou passaram num lugar onde eles estavam. Sabemos que esses índios se defendem atacando”, diz Vaz.

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