25/03/2010

Povos indígenas protegem a floresta com ferramentas de alta tecnologia


por Jutta Schwengsbier e Kate Bowen, Replanting The Rainforests, 02/02/2010

O verde exuberante da floresta tropical oferece ricos recursos naturais onde os índios Ashaninka vivem por séculos. Na escola Saberes da Floresta Yorenka Ãtame, no Brasil, jovens indígenas e não-indígenas foram aprendendo a fazer uso deles de forma sustentável.

Desde 2007, a escola já ensinou mais de 2.000 participantes em cultivo de árvores de frutos, criação de abelhas, e a erguer represas em riachos e lagos para aumentar a desova de peixes.

"Isso é como nós, índios Ashaninka, aqui na região de fronteira entre Brasil e Peru, queremos passar o nosso conhecimento tradicional", disse Moisés Piyãko. Ele foi co-fundador da escola Yorenka Atame, junto com seu irmão de Benki, em 2007.

A exploração madeireira ilegal ameaça a biodiversidade

Problemas políticos entre o Brasil e o seu vizinho Peru tornam a vida complicada para os povos indígenas na região de fronteira.


"Estamos sofrendo o ataque de empresas madeireiras peruanas, e agora o governo peruano também pretende explorar petróleo ao longo da fronteira", disse Moisés Piyãko.

A exploração ilegal de madeira no Peru cada vez mais avança sobre a floresta tropical de ambos os lados da fronteira.

A terra e seus recursos pertencem aos Ashaninka, de acordo com a Convenção sobre Povos Indígenas e Tribais em Países Independentes, adotada pela Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, OIT. Ela reconhece os direitos de propriedade dos povos sobre as terras que tradicionalmente ocupam. Mas o Peru vem tentando burlar o direito internacional por meio de concessões de mineração em áreas que são de propriedade dos povos indígenas.

"As empresas madeireiras peruanas, mesmo ilegalmente, atuam em território brasileiro", disse o porta-voz Benki Ashaninka Piyãko. "A exploração madeireira ilegal coloca toda a nossa região e a sua biodiversidade em risco."

A invasão da floresta Ashaninka por madeireiros ilegais começou em 2001 com a empresa Forestal Venao, que é propriedade da filha do ex-presidente peruano, Alberto Fujimori. Ele foi recentemente levado a julgamento por corrupção e já foi condenado a 25 anos de prisão por graves violações aos direitos humanos e por matar políticos da oposição.

Sua filha, Keiko Fujimori, anunciou sua candidatura à presidência, bem como seu objetivo ao chegar ao poder: conseguir oficialmente o perdão a seu pai. Sua campanha política é parcialmente financiada pelos lucros de sua empresa madeireira.

À procura de uma proibição

Para deter a devastação da floresta causada pela empresa Forestal Venao em Território brasileiro, Benki e Moisés Piyãko demandam uma proibição ao nível mundial sobre as importações de madeira cortada ilegalmente na floresta.


"Há apenas uns poucos espécimes de muitas das espécies de árvores, e nós estamos tentando recultivar estas plantas", disseram, acrescentando que há uma falta de entendimento para a importância da gestão de recursos de forma sustentável.

"Precisamos ter certeza de que nossos recursos naturais não serão destruídos na luta pela sobrevivência".

Em sua luta pela proteção ambiental, os Ashaninka combinam o conhecimento tradicional e a tecnologia moderna. Algumas comunidades remotas já possuem o suporte de sistemas de comunicação por satélite na floresta. Ao verificar as fotografias de satélite em um computador, as comunidades podem monitorar a exploração madeireira ilegal ou a construção de estradas ilegais na região.

"Nós instalamos esse sistema de monitoramento, e nós ensinamos a população local como operar a tecnologia GPS", disse Benki Piyãko.

Alta tecnologia para proteger a floresta

Além disso, Benki Piyãko e a Aldeia Apiwtxa criaram um blog e muitos vídeos sobre a vida na floresta. Lá, eles também postam fotos de satélite que documentam como a exploração madeireira ilegal está devastando grandes áreas. É seu objetivo ensinar as pessoas que a floresta e seus recursos podem ser utilizados sem destruir. E eles também querem a criação de uma rede global de apoio à proteção da sua região.


Modernas ferramentas também são utilizadas quando se trata de proteção ambiental. A organização indígena Apiwtxa vende certificados de CO2, e os Ashaninka também os oferecem a empresas que queiram apoiar a proteção da floresta. Várias bandas de rock internacional, já plantaram novas árvores na floresta para compensar o consumo de energia durante os shows.

Leia aqui a versão original em inglês!

Um comentário:

Antonio B Duarte Jr disse...

Gosto muito das dicas e dos artigos de ótima qualidade do seu Blog. Quando for possível dá uma passadinha para ver meu Curso de Informática