Durante o mês de outubro, o coordenador
do Projeto Alto Juruá, Francisco Piyãko, juntamente com sua equipe técnica, realizaram
reuniões em 12 comunidades da Reserva Extrativista do Alto Juruá (ResEx) e
dialogaram com mais de 200 habitantes, representantes de 48 comunidades. Também
foi realizada uma reunião no Centro Yorenka Ãtame, em Marechal Thaumaturgo, com
duas comunidades da Reserva e uma comunidade do seu entorno.
Os encontros tiveram o objetivo
de esclarecer sobre as atividades do Projeto Alto Juruá e informar a respeito
da realização do primeiro módulo do Curso de Agroecologia para capacitar os
membros escolhidos pelas comunidades da ResEx e das Terras Indígenas
Kaxinawá-Ashaninka do Rio Breu e Kampa do Rio Amônia em práticas de
agroecologia. Serão 90 representantes capacitados que irão multiplicar os
conhecimentos adquiridos sobre o trabalho de reflorestamento e recuperação de
áreas degradadas em suas respectivas comunidades. O curso terá a duração de dez
dias, iniciando no dia 26 de outubro, no Centro Yorenka Ãtame, e terá
continuidade com a realização de mais dois módulos nos próximos dois anos.
A proposta é aumentar o cultivo
de frutas para a subsistência das famílias das comunidades, reflorestar áreas
degradadas e também incrementar a produção de frutas para o abastecimento da agroindústria
que está sendo construída no Centro Yorenka Ãtame com recursos do Governo do
Estado do Acre, o que deve gerar uma nova fonte de renda para as comunidades.
Os produtos beneficiados irão abastecer o comércio e as escolas de Marechal
Thaumaturgo, beneficiando toda a população.
Francisco Piyãko |
As reuniões se deram em um clima
familiar, considerando a luta história travada na década de 1980 na região por
indígenas e extrativistas pelo reconhecimento de seus direitos territoriais e
em defesa da floresta. O coordenador Francisco Piyãko fez parte desse movimento
e manifestou sua satisfação em estar levando essa iniciativa para a Reserva em
nome da Apiwtxa, por sentir ser essa a continuidade de um processo de trabalho
conjunto.
Francisco Nascimento (Nino) |
Muitos moradores da Reserva
também se manifestaram nesse sentido e reforçaram a importância das práticas
agroflorestais para o bem-estar das comunidades da região. O morador da comunidade
Vila Restauração Alto Tejo, Francisco das Chagas Bezerra do Nascimento (Nino),
declarou: “Quando a Reserva foi criada, eu era pequeno e acompanhava meu pai nas
reuniões. Lembro da luta que tivemos para ser independentes. Em 2009, quando assumi
a subprefeitura da Vila Restauração, fiz um convite ao Benki Piyãko para vir
nos ajudar. Ele veio, nos ajudou, conseguimos fazer um pequeno reflorestamento
e separar os animais, que antes ficavam todos misturados. Hoje, já temos muitas
frutas e uma comunidade diferente. Creio que, no final deste Projeto, iremos
melhorar de vida, teremos segurança de morar na Resex e uma alimentação mais
saudável. O Projeto vai trabalhar muito isso da gente ter direito de morar na Reserva.
Teremos orgulho de morar nela”.
O Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Associação dos Seringueiros e Agricultores da Reserva
Extrativista Alto Juruá (ASAREAJ) estiveram presentes em algumas das reuniões e
destacaram a importância da iniciativa para o fortalecimento da sustentabilidade
e da proteção da Reserva.
(Fotos de Carolina Schneider Comandulli)
(Fotos de Carolina Schneider Comandulli)
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