Como resultado de uma
parceria entre a Associação Ashaninka do Rio Amônia – Apiwtxa, a University
College London – UCL e a Comissão Pró-Índio do Acre – CPI/AC, os Ashaninka da aldeia
Apiwtxa, Terra Indígena Kampa do Rio Amônia (município de Marechal Thaumaturgo
- AC), estão protegendo sua terra com o auxílio de tecnologia digital.
Interface iconográfica do aplicativo no smartphone |
O projeto de monitoramento territorial da Terra
Indígena Kampa do Rio Amônia com o uso de tecnologia digital teve início em
janeiro de 2015. Desde então, a comunidade Ashaninka está recebendo treinamento
pelo grupo Ciência Cidadã Extrema (ExCiteS) da University College London para
que aprimorem suas estratégias de proteção do seu território por meio do uso de
um aplicativo de proteção territorial instalado em smartphones. Na primeira semana de setembro de 2015 as organizações
participantes realizaram uma reunião conjunta na qual firmaram um protocolo
para dar início oficial ao processo de coleta de informações sobre invasões no
território Ashaninka.
O grupo ExCiteS trabalha com a aplicação de uma
metodologia participativa inovadora e com o desenvolvimento de um sofware adaptado à realidade dos povos
da floresta. Assim, desde janeiro, os Ashaninka tiveram a possibilidade de
construir seu próprio aplicativo de monitoramento, com categorias e ícones
desenhados por eles para identificar invasões em seu território. Também, estão
recebendo treinamento no uso do smartphone
e na transferência de informações dos aparelhos para o computador e para a
Internet.
Dinâmica para a construção do aplicativo |
A tecnologia desenvolvida pelo ExCiteS permite o
registro instantâneo das observações em campo, bem como a captura automática da
coordenada geográfica (localização), de imagem e de depoimento oral. Essas
informações podem ser facilmente repassadas às autoridades por meio da Internet
ou de SMS. Segundo uma das lideranças da Terra Indígena: “Havia uma época em que tínhamos que viajar longas distâncias para
fazer uma denúncia às autoridades e muitas vezes não acreditavam no que
estávamos dizendo. Hoje, com o uso dessas novas tecnologias, podemos ter provas
do que está acontecendo muito mais facilmente e temos como informar o Estado
rapidamente”.
A Comissão Pró-Índio do Acre – parceira histórica dos
povos indígenas – está participando do processo desde o início, apoiando o
projeto em sua concepção e também com a elaboração de mapas estratégicos e
doação dos equipamentos necessários ao funcionamento do projeto aos Ashaninka.
Ícone desenhado pelos Ashaninka para monitorar as invasões de caça com cachorro |
Além desta iniciativa, há outros parceiros apoiando a
comunidade com tecnologia de ponta para que mantenham a integridade dos
recursos naturais de sua terra e para que garantam o usufruto exclusivo por
seus habitantes, como previsto em lei. É o caso da House of Indians,
organização não-governamental situada na Bélgica, que doou recentemente GPS
rastreadores e câmeras de vigilância para a comunidade. Os GPS rastreadores
permitem que se localizem recursos ou objetos furtados em qualquer lugar do
globo, e as câmeras de vigilância – já instaladas em locais estratégicos do
território - operam 24 horas por dia e registram qualquer movimento que seja
realizado em suas proximidades. Além disso, as atividades de monitoramento
territorial serão fortalecidas com os recursos advindos do projeto Alto Juruá, do Fundo Amazônia,
recentemente aprovado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
– BNDES. Desse modo, os Ashaninka da Apiwtxa - reconhecidos internacionalmente
pela excelência no manejo e gestão de seu território - ganham mais um conjunto
de ferramentas e estratégias para assegurarem a proteção de sua terra.
(Fotos e texto de Carolina Schneider Comandulli)
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