A Apiwtxa acaba de dar início à etapa de campo
para a construção do plano de manejo de coleta de sementes florestais nativas
na Terra Indígena Kampa do Rio Amônia. A ideia é que a comunidade, no futuro
próximo, esteja habilitada a vender as sementes da Terra Indígena para ações de
reflorestamento no Estado do Acre e fora dele. O plano está sendo desenvolvido
com apoio de uma consultoria especializada contratada no âmbito do Projeto Alto
Juruá, com recursos do BNDES/Fundo Amazônia. O Projeto também financiou a
construção de um banco de sementes para garantir um armazenamento adequado, o
qual está sendo finalizado no Centro Yorenka Ãtame, no município de Marechal
Thaumaturgo.
Dentre as atividades introdutórias ao Plano, foi
realizada uma reunião com a comunidade Apiwtxa para aprofundar as informações
sobre a iniciativa e selecionar os membros que irão contribuir diretamente com
sua construção. Os líderes da Apiwtxa fizeram um resgate histórico sobre o
envolvimento da comunidade com ações de coleta de sementes. Recordaram que na
década de 1990, logo após a demarcação, foi realizada uma pesquisa sobre a
diversidade de espécies localizadas na terra indígena e foi iniciada a coleta
de sementes com vistas à comercialização. No entanto, poucos anos depois,
tiveram de paralisar as atividades devido à necessidade de regularizar a venda.
Agora, o povo Ashaninka do Rio Amônia está desenvolvendo
um plano a fim de poder comercializar as sementes dentro dos parâmetros legais,
em conformidade com o Registro Nacional de Sementes e Mudas. Essa iniciativa
vem ao encontro, tanto do trabalho que a Apiwtxa vem desenvolvendo há décadas com
reflorestamento na região do Alto Juruá, quanto de um momento importante no
cenário nacional que é a finalização da regularização ambiental de propriedades
rurais, que deve gerar uma grande demanda por sementes e mudas para reflorestar
as áreas das propriedades indevidamente desmatadas.
De modo a capacitar e
equipar a comunidade para coleta, armazenamento e comercialização de sementes,
a Apiwtxa acaba de aprovar um projeto com o governo do Estado do Acre, que terá
início no mês de abril, com duração de dois anos. Essa é mais uma ação do povo
Ashaninka do Rio Amônia que visa à promoção da sustentabilidade ambiental.
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