Carta denúncia das lideranças Ashaninka do Rio Amônia
Caros amigos,
Continuamos nossa luta para impedir o avanço das madeireiras que já adentram mais de um quilômetro em nosso território (a Terra Indígena Kampa do Rio Amônia) com estradas e maquinário pesado e agora também na área da Reserva Extrativista do Alto Juruá, conforme fotos anexadas. Pedimos que divulguem este documento oficial, elaborado hoje (04/07) pelas lideranças Ashaninka.
Associação Ashaninka do Rio Amônia - Apiwtxa
Carta Denúncia da Associação Ashaninka do Rio Amônia - Apiwtxa
Para FUNAI, IBAMA, Exército, Polícia Federal, Itamaraty, Ministério Público Federal, Ministério da Justiça, Ministério do Meio Ambiente e Governo do Estado do Acre
Marechal Thaumaturgo, 04 de julho de 2007.
Prezado(as) Senhor(as),
Apesar de todo o trabalho feito para impedir a invasão das madeireiras peruanas em território brasileiro, não foi resolvido o problema de invasão da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia. Como é de conhecimento de Vossa(s) Senhoria(s), esse trabalho foi realizado de 2001 a 2006, e envolveu reuniões, expedições e perícias técnicas entre os órgãos oficiais peruanos e brasileiros (FUNAI, IBAMA, Exército, Polícia Federal, Itamaraty, Ministério Público Federal, Ministério da Justiça, Ministério do Meio Ambiente e Governo do Estado do Acre). Constatamos, na segunda feira, dia 2 de julho de 2007, em um sobrevôo do IBAMA na área de fronteira, acompanhado da liderança Ashaninka Isaac Piyãko, que o problema continua e o impacto ambiental se agrava cada vez mais.
Lembramos que em dezembro de 2006, houve um sobrevôo do Ibama, acompanhado de lideranças Ashaninka, visando constatar essa entrada das madeireiras peruanas em Território Ashaninka pegando parte da Reserva Extrativista do Alto Juruá. Na época, as empresas madeireiras peruanas tinham identificado as árvores com plaquetas para sinalizar aquelas que depois seriam derrubadas. Atualmente, essas árvores identificadas estão sendo derrubadas e carregadas para o Perú, não tendo nenhuma ação oficial sido realizada para impedir. Somente foi realizado um levantamento por meio de GPS, constatando então uma entrada de 500 metros em linha reta para dentro do território brasileiro, como pode ser constatado em relatórios elaborado pelo IBAMA de Cruzeiro do Sul.
As invasões, derrubadas e transporte de madeira para o outro país que ocorria antes no Parque Nacional da Serra do Divisor e na Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, agora está ocorrendo também na região do Igarapé Arara, dentro da nossa terra e na Reserva Extrativista do Alto Juruá, entre os marcos 39 e 40. A ação das madeireiras também está seguindo em direção à Terra Indígena Ashaninka/Kaxinawá do rio Breu, conforme denúncia de junho deste ano, encaminhada a diversos órgãos governamentais por meio de documento assinado pelos Kaxinawá do Breu, pela Apiwtxa e Movimento Indígena do Juruá.
Portanto, nós Ashaninka exigimos providências urgentes dos órgãos responsáveis, acima citados, para impedir a invasão do nosso território. Exigimos também, imediatamente, um laudo técnico produzido pelos órgãos responsáveis com a nossa participação para medir os impactos causados por essas invasões.
Diante de tudo o que a comunidade disse acima, agradecemos a atenção e como sempre nós Ashaninka estamos dispostos a lutar para defender o nosso território. Mais uma vez nos colocamos juntos para impedir essas invasões o mais rápido possível.
Moisés da Silva Pinhanta
Presidente da Apiwtxa - Associação Ashaninka do Rio Amônia
Um comentário:
Na segunda-feira, dia 03 de julho de 2007, num túnel aqui no Rio de Janeiro, vi um holofote, câmeras por toda parte e uma multidão de pessoas, transeuntes, curiosos, homens, mulheres, crianças, camelôs, vendedores de flores, vendedores de água, vendedores de bebidas, vendedores de comidas.....enfim.........às 18hs daquele dia quase não consegui passar em frente à uma casa de show que se chama Canecão. Parecia um formigueiro de gente ou seria um furacão?
Nosso presidente da republica estava presente, falando sobre o que??? Sobre o PANamericano e as pessoas do lado de fora enforcadas com suas gravatas e enlaçadas no "nosso" Presidente falando sobre o que??? Milhões e mais milhões.
Enquanto na dificuldade de passar entre as pessoas eu caminhava, passavam carros blindados, seguranças e barreiras.
Qual bloqueio, barreira ou seja lá o que for o "nosso"Presidente providenciou para bloquear a passagem de madeireiros peruanos que estão invadindo a Floresta Amazônica Brasileira?
O fato já foi denunciado pela Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá, Associação Ashaninka do Rio Amônia (Apiwtxa) e a Associação Kaxinawá do Rio Breu, desde 2006, conforme http://altino.blogspot.com, e que até hoje nada, absolutamente NADA, foi feito ainda.
Até quando vamos esperar..... até o Panamericano terminar.... e os problemas do cotidiano Re-começar...
Enquanto isso, milhares de seres humanos são agredidos no mundo todo, voltamos no tempo. No tempo das correrias........de 1500!!! pela Descoberta!!!
Voltemos a realidade.
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